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Estado de Minas RACISMO

'Faxineira?': bailarina brasileira relata ter sofrido racismo nos EUA

Trabalhando como bailarina cl�ssica h� 14 anos em NY, Ingrid Silva diz ter sido a primeira vez em que uma pessoa sup�e sua profiss�o pela cor de sua pele


18/01/2023 17:57 - atualizado 18/01/2023 19:54

Montagem com duas imagens de Ingrid, uma mulher preta que usa seus cabelos presos em um coque. Na primeira imagem, um frame de um vídeo gravado pelo celular, ela olha séria para a câmera enquanto usa uma regata na cor vinho e um batom vermelho vibrante. Na segunda foto, ela posa em um movimento de dança, com seus braços alinhados em 90° e uma das pernas no ar. Ela usa um vestido rosa com tule florido.
Ingrid Silva relata ter sido v�tima de racismo em Filad�lfia, cidade dos EUA (foto: Redes Sociais/Divulga��o/Reprodu��o)
A bailarina brasileira Ingrid Silva, integrante do grupo Dance Theatre Harlem, de Nova York, relatou ter sido v�tima de racismo na Filad�lfia, cidade do estado da Pensilv�nia, nos Estados Unidos. Em suas redes sociais, ela conta que estava passeando em um parque com o marido e a filha quando foi abordada por um estadunidense que ouviu a fam�lia conversando em portugu�s e ficou curioso quanto � sua nacionalidade.

Ingrid afirma que, durante a conversa, o homem disse ter estado no Rio de Janeiro h� duas semanas e perguntou se ela morava na Filad�lfia, ao que respondeu que vivia em Nova York, mas estava na cidade a trabalho. “Cleaning? [Limpeza?]”, perguntou o estadunidense, querendo saber se ela era faxineira.

Quando respondeu negativamente e afirmou ser bailarina cl�ssica, o homem demonstrou surpresa. “Por que eu n�o poderia ser bailarina cl�ssica?”, escreveu Ingrid em seu perfil no Twitter. “Quando ele falou isso, me pegou de um jeito, tipo assim, choque. Em 14 anos morando em Nova York, eu nunca conversei com algu�m que simplesmente assumisse, por eu ser uma mulher preta, que eu estaria limpando. Ou verbalizasse isso. Nada contra as pessoas que limpam, de jeito nenhum. Minha m�e foi empregada dom�stica, mas eu nunca imaginei que algu�m iniciaria uma conversa dessa forma”, disse em seus stories no Instagram.




A bailarina relacionou o epis�dio ao racismo estrutural e pediu para que as pessoas brancas estudassem sobre o tema para que n�o emitam coment�rios como o do estadunidense. “� tudo estruturado para que as pessoas pretas n�o tenham oportunidade de crescer. Ou quando elas crescem, n�o s�o vistas dessa forma. [...] Pessoas brancas, estudem, se eduquem, parem de falar essas m*rdas, a gente est� cansado de ouvir. Sempre revejam a forma que voc�s educam seus filhos, como voc�s t�m esses tipos de di�logo, como voc�s ensinam a respeitar o pr�ximo, independentemente da sua cor, sexualidade, do que a pessoa �”, disse em suas redes sociais.

Ingrid e suas sapatilhas

Criada em Benfica, no Rio de Janeiro, Ingrid tamb�m � autora do livro infantil “A bailarina que pintava suas sapatilhas”, que ser� lan�ado em fevereiro de 2023, e do livro autobiogr�fico “A sapatilha que mudou meu mundo” (2021), no qual conta sobre como tingia suas sapatilhas de bal� para que a cor se aproximasse do tom de sua pele. O caso viralizou nas redes sociais no mesmo ano de publica��o de seu primeiro livro por trazer � tona discuss�es sobre o que � a “cor de pele”, entendida pelo senso comum como um tom rosado e claro at� aquele momento.

A bailarina come�ou a estudar dan�a em um projeto social no Rio de Janeiro e, hoje, ocupa o cargo de Primeira Bailarina no Dance Theatre of Harlem, al�m de ser a primeira brasileira a ter entrado na companhia, que � mundialmente conhecida por priorizar dan�arinos afrodescendentes em seu casting.

Fundadora do EmpowHer NY, entidade sem fins lucrativos que atua como um catalisador social para estimular o di�logo de autonomia feminina entre mulheres, tamb�m ajudou a co-fundar, em 2020 – quando cresciam as discuss�es sobre o movimento Black Lives Matter –, o Blacks In Ballet, uma rede digital que funciona como uma biblioteca para destacar bailarinos negros no mundo da dan�a e compartilhar suas hist�rias. No mesmo ano, suas sapatilhas tingidas que foram usadas ao longo de sua carreira passaram a integrar o acervo do Museu Nacional de Hist�ria e Cultura Afro-Americana Smithsonian, nos Estados Unidos.

Em 2021, Ingrid entrou para a lista das 20 Mulheres de Sucesso da Revista Forbes Brasil e, pouco antes, foi eleita uma das 100 negras abaixo de 40 anos mais influentes do mundo pela Mipad (Most Influential People of African Descent) 2020, quando tamb�m foi capa digital da Vogue Brasil de novembro.

A bailarina foi a primeira brasileira a palestrar na Harvard Lead Conference, confer�ncia de empoderamento e desenvolvimento de mulheres latino-americanas, e j� recebeu pr�mios no Festival Cannes Lions com as produ��es “The Call” e “SkinDeep”, que tratam do direito de mulheres negras e a injusti�a racial nos EUA.
 
Em 1 de janeiro de 2023, Ingrid Silva tamb�m se apresentou no Festival do Futuro, que ocorreu no dia da posse do presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT). 
 
 

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