
Na volta da terceira temporada do podcast Mano a Mano, o rapper Mano Brown recebeu Anielle Franco. No epis�dio que foi ao ar nesta quinta (19/01), Anielle fala sobre suas origens, trajet�ria, da irm� Marielle Franco, pol�tica e luta pela igualdade racial e social.
Dona de um curr�culo de peso, Anielle � bacharel em jornalismo e ingl�s pela Universidade Central de Carolina do Norte, bacharel-licenciada em Ingl�s/Literaturas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, mestre em rela��es �tnico-raciais pelo CEFET/RJ. Al�m disso, atua como diretora executiva do Instituto Marielle Franco.
Ao longo de toda a entrevista, Anielle destacou a necessidade de as mulheres, em especial as negras, de se provarem competentes, mostrando a desigualdade de g�nero e de ra�a existente no Brasil.
“Irm� da Marielle eu sou com muito orgulho, tamb�m. Mas eu sou professora, jornalista, escritora, estou em um doutorado, tenho tr�s mestrado, quatro faculdades, voc� quer mais o que? Porque a gente tem que sempre se provar, a gente tem sempre que mostrar a nossa for�a”, conta sobre quando foi questionada por estar na equipe de transi��o do governo Lula.
O epis�dio foi gravado em meados de dezembro, quando Anielle fazia parte da equipe de transi��o, mas ainda n�o tinha sido nomeada como ministra da Igualdade Racial.
Origens
Anielle, assim como sua irm� Marielle, foi criada no Rio de Janeiro e se autodenomina “Cria da favela da Mar�”. Contou como as duas saiam escondido para ir ao baile funk, e como foi crescer discernindo o certo do errado, vendo colegas de inf�ncia seguindo o caminho errado. Falou tamb�m do trabalho como professora para empoderar e oferecer uma perspectiva de vida para as alunas.
“O que eu mais trabalhava era a aceita��o delas serem mulheres negras. Desde o cabelo, a maneira de falar, a maneira de vestir, e agente trazia para elas para os estudos”, conta a professora. “Apresentei para elas Concei��o Evaristo, Sueli Carneiro”, completa.
A vida muda de rumo
Como n�o poderia ser diferente, Anielle contou tamb�m sobre a morte de Marielle, e como o assassinato se tornou um marco em sua vida e na vida de muitas outras pessoas. Ela conta que foi a �nica pessoa da fam�lia a ver o corpo desfigurado da ex-vereadora e reconhec�-la no Instituto M�dico Legal (IML).
Depois do epis�dio traum�tico, a rotina dela mudou. Antes era professora, dava aulas em escolas particulares, estava rec�m-separada e com uma filha de um ano. Saindo de um relacionamento abusivo. Agora atua como ativista e � diretora Executiva do Instituto Marielle Franco.
“Ela estava com medo, e a gente n�o protegeu. Agora, os homens brancos, deputados, andam com seguran�a privada e carro blindado. A minha irm� teve que morrer para que, hoje, as mulheres tamb�m andem, e olhe l�”, afirmou a Brown.
A direita ganha for�a
Com o fortalecimento da extrema direita no Brasil nos �ltimos anos, Anielle conta como sofreu ataques por ser irm� de Marielle, e Brown perguntou se ela conseguiu aprender a lidar com essa mudan�a de mentalidade da popula��o.
“Aprendi da pior maneira, sendo xingada e cuspida na rua por ser irm� de Marielle. Ent�o quem votava no cara me agredia. Eu estava com minha filha de dois anos no colo sendo c�pida na cara, porque o cara falou ‘ainda bem que mataram aquela feminista de merda’”, respondeu.
Sobre sua participa��o na equipe de transi��o do governo, Anielle conta que fizeram um diagn�stico do antigo governo, passando por or�amento, programas, decretos, e apresentaram solu��es, o que manter e o que mudar. A ativista chamou a aten��o para o desmonte das pol�ticas p�blicas para as mulheres e afirmou que o relat�rio final prop�s o desmembramento do Minist�rio da Mulher, da Fam�lia e dos Direitos Humanos.
Al�m disso, em v�rios pontos da entrevista, Anielle apontou a necessidade de di�logo com diferentes grupos e posicionamentos, mesmo sem ainda saber como, para que seja poss�vel a constru��o de um Brasil mais igualit�rio.
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