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Estado de Minas EMPODERAMENTO

Duda Salabert: os desafios de uma mulher trans no Congresso

Bancada feminina na C�mara dos Deputados � integrada por 91 deputadas e, pela primeira vez, o Congresso tem representantes transexuais


05/03/2023 16:51 - atualizado 05/03/2023 17:19

Duda Salabert
Em 2020, Duda foi eleita a vereadora mais bem votada da hist�ria de Belo Horizonte, com 37 mil votos (foto: Douglas Magno/AFP)
O protagonismo de mulheres trans na pol�tica ganhou destaque na elei��o de 2022, com conquistas in�ditas no cen�rio nacional. Mas elas ainda t�m muito ch�o pela frente, um longo percurso para convencer seus iguais nas casas legislativas a emplacar projetos em prol de toda a comunidade LGBTIA.
 

A bancada feminina na C�mara dos Deputados � composta por 91 mulheres a partir deste ano, 14 a mais do que em 2018, quando foram eleitas 77 mulheres. A representa��o delas, que era de 15%, subiu para 17,7%.
 
E, pela primeira vez, o Congresso brasileiro ganhou representantes transexuais, com a vit�ria nas urnas das deputadas federais Erika Hilton (PSol-SP) e a professora, ativista e ambientalista Duda Salabert (PDT-MG), que figuraram entre os 50 parlamentares mais votados do Brasil. N�o obstante, tanto Erika Hilton quanto Duda Salabert foram as primeiras vereadoras transexuais eleitas em seus munic�pios.
 
Al�m delas, as assembleias legislativas de Sergipe e do Rio de Janeiro elegeram pela primeira vez mulheres as trans Linda Brasil (PSol-SE) e Dani Balbi (PCdoB-RJ).

Primeira trans a se candidatar ao Senado em Minas em 2018, sendo a quarta mulher mais bem votada da hist�ria do estado e, em 2020,a vereadora mais votada da hist�ria de Belo Horizonte, com 37.500 votos, Duda Salabert, 41 anos, decidiu entrar na pol�tica, segundo ela, ap�s o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff (PT) em 2016, o que, para ela, foi "um show de horrores".
 
Mesmo bem-sucedida na esfera governamental e cotada para ir al�m, repete sempre: "Posso estar na pol�tica, mas sou professora", frisando que � em sala de aula que se cria novas consci�ncias o que, ao contr�rio das novas leis, � o que muda o mundo.

Miss�o no Congresso

Casada h� 12 anos com a educadora Ra�ssa Novaes, com a qual tem uma filha biol�gica, Sol, de 3 anos, Salabert � uma das fundadoras da ONG Transvest, e lecionou por mais de duas d�cadas, sendo 13 anos no Col�gio Bernoulli, um dos mais conceituados e tradicionais de Belo Horizonte, com a maior nota m�dia no Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem), de onde foi demitida no in�cio de 2021, segundo ela, "por causar desconforto na mente preconceituosa dos pais". N�o obstante, chegou a receber amea�a de morte por sua presen�a entre os alunos. "Dizia que me matariam dentro da escola", lembra.

Duda atribui seu sucesso na vida p�blica �s constru��es que ela e sua equipe v�m fazendo nos �ltimos anos em BH e em Minas nas �reas educacional e ambiental, contra a minera��o predat�ria e tamb�m � condu��o da pauta de direitos humanos, sobretudo em espa�os prisionais. E reconhece que sua miss�o no congresso ser� �rdua. "� uma casa conservadora por natureza, se assemelha um pouco � C�mara de BH onde, ainda assim, consegui aprovar projetos importantes", diz, frisando que o machismo que impera no Congresso � bem maior. "L�, nunca houve aprova��o de leis para a comunidade LGBT", resume.

A sa�da, aponta, ser� desenvolver pautas junto ao Executivo, onde encontrar� maior alinhamento pol�tico e ideol�gico. "H� que se entender que travestis e trans ainda lutam por quest�es b�sicas de humanidade. 90% delas ainda vivem da prostitui��o, devido ao modelo do mercado de trabalho. Ainda temos que lutar por respeito e identidade. Para se ter uma ideia, corre h� dez anos no STF a lei que define o uso de banheiros p�blicos de acordo com o g�nero com que a pessoa se identifica", diz.

"Para evitar que a popula��o trans siga sendo exclu�da do mercado formal de trabalho � necess�rio que haja uma pol�tica econ�mica que n�o mais se alimente a partir das desigualdades. � imposs�vel pensar em igualdade de g�nero com a atual pol�tica econ�mica e o sistema capitalista vigente. A l�gica desse sistema impossibilita a diferencia��o de g�nero e de ra�a. Enfim, caminhamos a conta-gotas, mas vamos lutar para avan�ar na constru��o de pol�ticas p�blicas para reduzir as desigualdades."

Entre as principais pautas a serem defendidas na C�mara, Salabert destaca a igualdade salarial e tamb�m pol�tica entre homens, mulheres e trans, e a moderniza��o da licen�a maternidade. "O combate � desigualdade passa pela reformula��o dos partidos, que ainda reproduzem toda a l�gica de exclus�o", sentencia. (JR)


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