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Estado de Minas VIOL�NCIA CONTRA MULHER

'Tem que ter coragem', diz mulher que pediu pizza ao denunciar agressor

Em entrevista ao Estado de Minas, moradora de Salinas diz que quer inspirar outras v�timas a fazer o mesmo para se livrarem da viol�ncia dom�stica


17/03/2023 21:11 - atualizado 20/03/2023 15:58

foto mostra agressao em corpo de mulher
Marcas de agress�o no ombro, sofrida por moradora de Salinas (foto: R.M/Arquivo pessoal)
“Sinceramente, quero inspirar outras mulheres a fazer o mesmo quando estiverem sendo agredidas pelos seus companheiros. Mas, para isso, � preciso ter coragem e atitude”, afirma a moradora de Salinas, R.M, de 42 anos, que, na noite da �ltima quarta-feira (15/3) simulou um pedido de pizza ao telefonar para a Policia Militar para denunciar o companheiro violento, que acabou sendo levado para a delegacia. O caso ganhou ampla repercuss�o na imprensa.

 

Nesta sexta-feira (17/3), o Estado de Minas conseguiu localizar a moradora de Salinas, que aceitou falar com a reportagem, com exclusividade, desde que fosse mantida no anonimato. “Eu n�o esperava essa repercuss�o toda. Eu n�o quero exposi��o, principalmente, por causa de minhas filhas. Gosto de tranquilidade”, relata a v�tima de viol�ncia dom�stica.


Ajudante de cozinha, mas que est� desempregada h� quase tr�s anos, desde o in�cio da pandemia da COVID-19, ela � m�e de cinco filhas, sendo quatro de outro relacionamento. Natural da Bahia, passou grande parte da vida em Itabuna, outra cidade do estado vizinho. H� cerca de 23 anos, mudou-se para Salinas.

 

A mulher relatou que, na noite de quarta-feira, logo ap�s chegar em casa, o companheiro dela, P. H, de 31 anos, trabalhador bra�al, come�ou a gritar, questionando sobre onde ela teria ido. Ela disse que voltava de uma reuni�o de pais da escola onde estuda a filha do casal, de 3 anos.

 

Mesmo assim, o companheiro continuou violento, e foi iniciada uma discuss�o entre o casal. A moradora afirmou ele que a empurrou e os dois entraram em luta corporal, com ela machucando o ombro esquerdo.

 

“Eu ca�. Quando eu estava no ch�o, ele colocou os joelhos no meu peito e apertou minha garganta”, detalhou a ajudante de cozinha desempregada. “Ai, chegou minha filha de tr�s anos e pediu para ele parar de bater”, completa. Ainda segundo a v�tima, na sequ�ncia, o companheiro agressor saiu correndo e foi para o quintal da casa.

 

“Eu falei para ele que iria ligar para a pol�cia. Que “isso n�o poderia ficar assim”. Ai, ele falou que (caso fizesse a liga��o), iria me dar um soco para me derrubar”, relata a v�tima. Revela tamb�m que, no meio da discuss�o, anunciou a inten��o de separar. Mas ouviu a amea�a: "Me larga para voc� ver se eu n�o acabo com voc�?”.

 

Mu�arela

 

A mulher disse que foi nesse momento que teve a ideia de acionar a policia pelo telefone, simulando a liga��o para pedir pizza enquanto o companheiro violento estava no quintal da resid�ncia. “Lembrei que aqui em casa a gente sempre pedia pizza pelo telefone”, conta.

 

“Eu estava tremendo. Liguei para a Pol�cia (Militar) e falei: 'Eu gostaria de pedir uma pizza'. A� o policial repetiu tr�s vezes: “Aqui n�o � da pizzaria. � da polic�a”. Eu disse: “Mo�o, eu sei disso, mas mesmo assim eu gostaria de pedir uma pizza”, descreveu a ajudante de cozinha, ressaltando que o policial que atendeu ao chamado entendeu a linguagem em c�digo.


“A�, o policial disse: 'Me fala o nome da pizza'. Eu respondi: 'Mu�arela'". Ela informou tamb�m que o policial militar perguntou quem mais estava na casa. "Eu disse: 'Com minhas filhas'”, afirma R.M.

 

Ainda segundo ela, o policial anunciou que a “pizza” chegaria dentro de dez minutos.

“Ele (o companheiro agressor) pulou a janela do meu quarto e perguntou: 'Voc� est� pedindo pizza? Voc� n�o tem medo de apanhar mais n�o?'”, recorda a mulher.

 

Segundo ela, poucos minutos depois, uma equipe da PM chegou ao endere�o, em um bairro humilde de Salinas, cidade conhecida como a “Capital da Cacha�a”, efetuando a pris�o do agressor. Ele foi levado para a delegacia de policial de Taiobeiras, mas, no dia seguinte, foi solto mediante pagamento de fian�a, devendo cumprir medida protetiva, sendo proibido de se aproximar da ex-companheira.

 

“Gra�as a Deus, ele n�o me perturbou mais”, disse a mulher, submetida a exame de corpo delito em hospital de Salinas, sendo constatado que ela sofreu ferimentos no ombro, no bra�o esquerdo e nas pernas. Ela continua em recupera��o, tomando antibi�ticos.

 

Pol�cia


Ao ligar para o 190, a v�tima de viol�ncia dom�stica foi atendida pelo soldado Santana, na sala de Opera��es da Segunda Companhia da Policia Militar de Taiobeiras. Imediatamente, ele acionou uma equipe da PM de Salinas (distantes 50 km de Salinas), que foi at� o endere�o da v�tima.

 

 

Em entrevista ao Estado de Minas, a ajudante de cozinha desempregada R. M. disse que vivia o �ltimo companheiro havia seis anos. “No in�cio, era tudo muito bom. Ele me tratava com muito carinho”, lembra a mulher.


Ela disse que em 2020, ap�s um desentendimento, chamou a pol�cia diante de uma situa��o de viol�ncia dom�stica. Os dois se separaram e se reconciliaram seis meses depois. 

 

A mulher conta que ela e o companheiro ficaram noivos e marcaram casamento “com papel passado” para o m�s que vem, por�m, foi desmarcado por causa das agress�es que sofreu. “Acho que isso (o rompimento, com o fim da situa��o de viol�ncia) � o amor de Deus por mim”, considera.

 

A moradora de Salinas confessou ainda que antes do epis�dio da �ltima quarta-feira, sofreu agress�o em casa pelo menos tr�s vezes e tentou ligar para a pol�cia, mas foi impedida pelo companheiro, mediante amea�as. Agora, conseguiu o livramento da viol�ncia e a pris�o do agressor depois de simular que estava ligando para pedir pizza enquanto estava acionando a PM.

 

A ajudante de cozinha afirma que pretende inspirar outras mulheres que sofrem viol�ncia dom�stica a fazer o mesmo e usar c�digos para escapar do sofrimento dentro do pr�prio lar. No entanto, ressalta que as v�timas precisam ter “coragem e atitude” para denunciar os companheiros, namorados ou maridos violentos.

 

“Espero que eu esteja ajudando muitas mulheres para ter coragem e atitude. Muitas vezes, as mulheres, mesmo sendo agredidas, n�o conseguem reagir porque dependem do companheiro ou marido. Ent�o, elas precisam de apoio”, orienta a moradora de Salinas. “O atendimento que recebi da Pol�cia Militar do excelente”, conclui.



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