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Estado de Minas MINIST�RIO DA SA�DE

Negras t�m maior risco de sofrer viol�ncia f�sica e sexual no Brasil

Estudo analisou mais de 1 milh�o de dados do Minist�rio da Sa�de referente a mulheres que deram entrada no SUS


20/06/2023 10:13 - atualizado 20/06/2023 11:37
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Cartazes com mensagens contra a violência contra a mulher expostos em protesto em praça em São João do Meriti, no Rio de Janeiro, em julho de 2022
Pesquisa revelou que mulheres negras morrem mais que mulheres brancas, tanto por causas externas quanto por outras causas (foto: Eduardo Anizelli/Folhapress)

Uma pesquisa in�dita revela que mulheres s�o 75% das v�timas de viol�ncia f�sica e sexual no Brasil, mas pretas e pardas s�o ainda mais afetadas. Dependendo da regi�o, elas tamb�m t�m mais que o dobro do risco de sofrer algum tipo de viol�ncia em rela��o �s brancas.

 

� o que revela um estudo com a an�lise de mais de 1 milh�o de dados do Sinan (Sistema de Informa��o de Agravos de Notifica��o), do Minist�rio da Sa�de, entre 2015 e 2022. Esses dados s�o referentes a mulheres que deram entrada no SUS (Sistema �nico de Sa�de).

 

A pesquisa foi desenvolvida pela Vital Strategies, organiza��o internacional composta de especialistas e pesquisadores que fazem recomenda��es de pol�ticas p�blicas a governos.

 

Os dados mostram que, no Nordeste, mulheres negras (que, no estudo, engloba pretas e pardas) t�m mais que o dobro da probabilidade de sofrer viol�ncia f�sica em rela��o �s mulheres brancas e, no Norte, o dobro de risco para a viol�ncia sexual.

 

Fatima Marinho, assessora t�cnica da Vital, afirma que as diferen�as observadas nos dados podem ter rela��es socioecon�micas, culturais e regionais.

 

"Nas regi�es mais ricas, a viol�ncia contra a mulher � menos vis�vel, como viol�ncia psicol�gica, dif�cil de identificar pelo profissional de sa�de e muitas vezes pela pr�pria v�tima. Nas �reas pobres a viol�ncia de g�nero assume uma forma mais vis�vel, f�sica e sexual."

 

A pesquisa fez uma an�lise mais aprofundada em Goi�nia, em Goi�s, e no estado do Rio Grande do Norte, comparando dados dos Sinan e do SIM (Sistema de Informa��es sobre Mortalidade, do SUS), que foram acessados de forma integral.

Ao analisar os casos de mulheres que notificaram qualquer tipo de viol�ncia entre 2014 e 2020, excluindo automutila��o, h� tamb�m uma diferen�a proporcional de mortes. Mulheres negras morrem mais que mulheres brancas, tanto por causas externas quanto por outras causas.

 

As mulheres negras t�m um risco de morte por causas externas 2,7 vezes maior do que as mulheres brancas, por exemplo.

 

Segundo Sofia Reinach, gerente s�nior de Preven��o de Viol�ncias da Vital Strategies, a inten��o da pesquisa � demonstrar quanto a viol�ncia acomete mulheres de forma desigual por ra�a e regi�o.

 

"� dif�cil afirmar exatamente o que aconteceu com essas mulheres. O que a gente est� tentando fazer � reconstruir essas trajet�rias para entender algumas quest�es. Essas mulheres t�m mais ou menos encaminhamentos para servi�os de sa�de? S�o muitos os fatores que fazem com que a viol�ncia se agrave ou n�o."

 

Samira Bueno, diretora-executiva do F�rum Brasileiro de Seguran�a P�blica, diz que chama aten��o o percentual de 60% da viol�ncia sexual ser contra mulheres negras. No Anu�rio Brasileiro de Seguran�a P�blica, que coleta os dados por boletins de ocorr�ncia, esse percentual � menor, chegando a 52% em 2021.

 

De acordo com ela, h� anos o Norte concentra maiores taxas de viol�ncia sexual e feminic�dio porque l� tem um problema considerado, na sua vis�o, grave e localizado. � uma regi�o que viu explodir diferentes formas de viol�ncia na �ltima d�cada, o que se agravou com a chegada do crime organizado. A dificuldade de acesso a equipamentos p�blicos e �s autoridades fora das capitais e regi�es metropolitanas torna as mulheres ainda mais vulner�veis.

Aline Yamamoto, diretora de Prote��o de Direitos, na Secretaria Nacional de Enfrentamento � Viol�ncia contra Mulheres, do Minist�rio das Mulheres, afirma que todas as a��es propostas pela pasta ter�o um recorte interseccional, que considera marcadores sociais, como a ra�a, para formular pol�ticas p�blicas.

 

"Esse recorte por ra�a � prioridade para nossa gest�o, tanto de mulheres negras, quanto ind�genas e com defici�ncia. Por isso, estamos revisando todas as notas t�cnicas e fazendo adapta��es para que o trabalho com essa popula��o funcione melhor."

 

Entre as propostas est�o a parceria com o Minist�rio da Justi�a e Seguran�a P�blica para a implementa��o de 40 Casas da Mulher Brasileira e a cria��o do Plano Nacional de Enfrentamento ao Feminic�dio, que vai servir de base para o trabalho de preven��o � viol�ncia de g�nero.

 

O Minist�rio da Justi�a diz, por meio de nota, que o combate � viol�ncia contra a mulher est� sendo tratado como prioridade pelo governo federal. Em mar�o de 2023, houve o lan�amento do Pronasci 2 (Programa Nacional de Seguran�a P�blica com Cidadania), que "tem como a��o priorit�ria a doa��o de viaturas para Patrulhas Maria da Penha e [unidades da] Delegacia Especial de Atendimento � Mulher".

 

O objetivo � assegurar a defesa dos direitos das mulheres no combate a todas as formas de viol�ncia contra o g�nero. A pasta tamb�m cita a publica��o de editais para apoiar a��es que tenham rela��o com o tema.

 

O Minist�rio da Sa�de afirma, em nota, que tamb�m estabeleceu como uma de suas prioridades contribuir com a redu��o da desigualdade racial e das vulnerabilidades sociais enfrentadas pela popula��o negra na rede p�blica de sa�de.

 

Por isso, a nova gest�o da pasta tem atuado para fortalecer a Pol�tica Nacional de Sa�de Integral da Popula��o Negra, criada em 2009 e que promove um olhar mais cuidadoso sobre a sa�de da popula��o negra.

 

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