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Estado de Minas EMPREENDEDORISMO LGBTQIA%2b

Casal de mulheres cria projeto para empreendedorismo de minorias

Hub Diversidade Colorida promoveu feira neste domingo no Rio


19/06/2023 13:03
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Nanny Mathias e Isabelly Rossi
Nanny Mathias e Isabelly Rossi, organizadoras e idealizadoras da Feira Diversidade Colorida (foto: T�nia R�go/Ag�ncia Brasil)
As exclus�es sofridas no mercado de trabalho por Nanny Mathias e sua esposa, Isabelly Rossi, obrigaram o casal de mulheres negras a apostar no empreendedorismo para sobreviver e construir uma vida melhor. E o entendimento sobre essas dores vivenciadas foi o ponto de partida para desenhar um projeto voltado ao fortalecimento de empreendedores mulheres, negros, LGBTQIA+ e pessoas com defici�ncia, o Hub Diversidade Colorida, que realizou neste domingo (18) a Feira Diversidade Colorida, no Parque Madureira, na zona norte do Rio de Janeiro.

Em entrevista � Ag�ncia Brasil, no M�s do Orgulho LGBTQIA , a CEO do Hub, Nanny Mathias, disse que a proposta da feira � reunir empreendedores desses grupos para criar mais conex�es, possibilitando parcerias, investimentos e tamb�m mais neg�cios.

"A gente gera esse espa�o seguro e inclusivo para que as pessoas possam expor o seu trabalho, sua arte, seus neg�cios, porque s�o pessoas que historicamente s�o marginalizadas e violentadas pela sociedade, que sofrem exclus�o social, educacional e profissional", disse Nanny, que conta com a parceria da mulher na realiza��o da empreitada.
Essa viol�ncia � algo que a pr�pria organizadora do evento relata em sua trajet�ria. Ao se matricular com a mulher para concluir o ensino m�dio, j� que a necessidade de trabalhar havia empurrado ambas para a evas�o escolar, ela narra um epis�dio de lesbofobia que exemplifica o por qu� da necessidade de uma educa��o que seja segura para minorias.
 
 "Quando a gente voltou ao �mbito escolar, h� alguns anos, eu e minha esposa, no primeiro dia de aula, sofremos um ataque lesbof�bico pelo nosso professor de hist�ria, que queria saber quem era o homem da rela��o. E, n�o contente com a gente dizer que n�o tinha homem na rela��o, ele insistiu e criou hist�rias, perguntou quem pagaria pens�o se a gente se separasse, quem ficaria com os filhos. Ele constrangeu a gente de forma muito violenta, e quando fomos falar com a dire��o, a dire��o simplesmente ocultou o fato", disse. O epis�dio, segundo Nanny, foi antes de a LGBTfobia ser criminalizada pelo Supremo Tribunal Federal. "Na delegacia, falaram para gente que poder�amos denunciar se tivesse uma lei que protegesse a gente, mas n�o tinha".

No mercado de trabalho, ela tamb�m relata experi�ncias dolorosas, que impediam que se mantivesse muito tempo no mesmo emprego. "Al�m de ser uma mulher l�sbica, sou preta e sapat�o. Tenho uma forma de vestir e viver que � diferente. Exigem um padr�o das mulheres, e eu chego quebrando isso. Eu trabalhei em uma empresa em que as pessoas queriam saber quem era o meu marido, porque eu n�o dizia que era casada com uma mulher. Me pressionaram tanto que mostrei a foto, e come�aram a dizer 'eu j� sabia'. Minha gerente na �poca disse que minha vida pessoal n�o tinha nada a ver e que n�o tinha preconceito. Mas, no dia seguinte, ela me demitiu".

Essas experi�ncias fizeram a empreendedora pensar o projeto tamb�m como uma rede de apoio, j� que o fato de ter partido para gerir seu pr�prio neg�cio n�o a poupou de novos epis�dios de discrimina��o. "As viol�ncias s�o di�rias e em todos os �mbitos. Hoje, eu sofro as do mundo dos neg�cios", afirma.

"O meu corpo representa muito, sou mulher e enfrento machismo. Sou preta e enfrento racismo. Sou l�sbica e enfrento LGBTfobia. Sou do ax� e acabo sofrendo intoler�ncia religiosa".
 
ntre os micro e pequenos empreendedores que participaram da feira deste domingo h� neg�cios de diferentes setores, como artesanato, gastronomia e moda. Os participantes foram inscritos tamb�m em um laborat�rio de empreendedorismo, focado em capacitar essas pessoas.
"S�o pessoas que est�o no empreendedorismo por necessidade em muitas das vezes, pessoas que n�o puderam estudar para depois empreender e est�o fazendo isso ao mesmo tempo. Entendendo essa necessidade, de tantos neg�cios quebrando por n�o saber gerir, a gente criou esse laborat�rio, para gerar um espa�o de inclus�o e capacita��o. A gente tem uma rede de mais de 100 empreendedores", disse Nanny, que v� o empreendedorismo desses grupos vulnerabilizados como uma a��o transformadora no mercado de trabalho.

"Infelizmente, o mercado ainda tem uma exclus�o muito grande de pessoas pretas e LGBTQIA , e quando voc� � preta e LGBTQIA , tudo dentro do mesmo corpo, essa exclus�o � muito maior. Essas pessoas, muitas vezes, dentro dos seus pr�prios neg�cios, j� levam mensagens sobre aquilo que elas vivem, viveram e sobre a exclus�o que elas sofrem. Ent�o, elas v�o transformando, assim como eu, as dores delas em um neg�cio criativo. Isso � muito interessante". 
 


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