J�ssica Telles vence a Batalha Drag de Lip Sync, no Pal�cio das Artes

Na noite da �ltima quinta-feira (10), a segunda edi��o da Batalha Drag de Lip Sync, realizada de forma in�dita no Grande Teatro Cemig, no Pal�cio das Artes, reuniu os amantes dessa arte em uma grande celebra��o da cultura drag belo-horizontina. A queen J�ssica Telles consagrou-se como a vencedora do evento.

A a��o integra a programa��o do Festival J� Raiou a Liberdade – Os Sons do Brasil, realizado pela Bento Produ��o Cultural junto � Funda��o Cl�vis Salgado. O evento foi apresentado por Walkiria La Roche, drag queen e coordenadora do Centro de Refer�ncia Homossexual de Minas Gerais. 

A atriz e apresentadora Kayete e Nadja Kai Kai, vencedora da primeira Batalha Drag de Lip Sync, realizada em 2017, fizeram parte do j�ri especializado.

Todo o evento, com exce��o das m�sicas estrangeiras, foi traduzido para a L�ngua brasileira de sinais pela int�rprete Norma Vieira.

O termo lip sync – que em portugu�s significa ‘sincronia labial’ ou ‘dublagem’ – � usado no universo drag para caracterizar uma batalha de dublagem, proposto entre duas ou mais artistas que, enquanto dublam uma can��o, procuram superar os gestos c�nicos da oponente.

 A pr�tica ganhou maior popularidade a partir do reality show norte-americano, RuPaul’s Drag Race, que termina cada epis�dio com uma batalha de lip sync entre as concorrentes com pior desempenho da semana. A perdedora do duelo � eliminada do programa.

No total, oito drag queens se apresentaram individualmente, em dois blocos. A primeira delas foi Polaris, que dublou ‘Love By Grace’, de Lara Fabian. Durante sua apresenta��o, a artista tirou sua peruca, o que emocionou os f�s de RuPaul’s Drag Race presentes na plateia, por ser uma refer�ncia � Sasha Velour, ganhadora da nona temporada do reality.

A segunda foi J�ssica Telles, que acabou sendo a ganhadora do evento. A drag se apresentou ao som de uma divertida montagem de ‘Barbie Girl’, da banda Aqua e ‘It’s Oh So Quiet’, de Bj�rk. 

Com direito a troca de figurinos durante a performance, Mary Me foi a terceira a se apresentar, quando dublou ‘Malandragem’ e ‘Vermelho’, dois cl�ssicos de Gl�ria Groove. Dublando ‘Nobody’s Supposed To Be Here’, de Deborah Cox, Aria Dreamz foi quem fechou o primeiro bloco.

Ap�s o final do primeiro bloco, a cantora e rapper Karol Conk� iniciou a primeira de tr�s apresenta��es que realizou durante o evento. Em entrevista ao Estado de Minas, Karol compartilhou o seu amor pela arte drag:

“Quando comecei no rap, tinha uns meninos que me chamavam de drag, porque eu sou muito perform�tica e eu tenho esse jeito desde crian�a. Eu sou assim, expressiva para caramba. O Brasil viu, n�? E quando eu descobri a arte drag, isso me deixou mais leve e confiante para levar a minha arte do meu jeito, sabendo que teriam pessoas que iam se identificar”, contou a cantora.

A convidada especial, Aysla Pirv entrou no palco ap�s a sa�da de Conk� para realizar a sua performance, quando dublou hits de Beyonc�, como ‘Alien Superstar’.

Para dar in�cio segundo bloco, Paola Venturyni homenageou Rita Lee, dublando ‘Sucesso, Aqui Vou Eu’, do �lbum Build Up, de 1970. Ap�s Paola, a drag P�rola Negra emocionou o p�blico ao dublar ‘Endless Love’, de Diana Ross.

 

Monalisa Le Blanc recriou a ic�nica performance de ‘I’m Slave 4 U’ que Britney Spears fez durante o Video Music Awards de 2001. Ainda homenageando as ‘divas pop’, Angel Sun apresentou-se ao som de ‘On The Floor’, de Jennifer Lopez. 

A batalha final foi uma apresenta��o bem-humorada de J�ssica Telles e Angel Sun, que performaram simultaneamente um lip sync de ‘Banho de Espuma’, de Rita Lee.

“Eu gosto de fazer as pessoas rirem, a vida � muito dif�cil, todo mundo tem um problema, um trabalho, alguma situa��o que causa ang�stia. Minha maior felicidade � poder levar alegria � essas pessoas. Fa�o por drag por amor, � a minha alma”, contou J�ssica, a vencedora.

Em sua primeira edi��o, em 2017, a batalha foi realizada nos Jardins do Pal�cio das Artes. Nesta edi��o, o evento foi transferido para o Grande Teatro Cemig, representando um grande e importante passo para a comunidade drag, que por muitos anos foi invisibilizada.

“Talvez as pessoas n�o consigam mensurar a import�ncia da inclus�o de atrizes, atores, cantores, bailarinos, que todas essas pessoas sobreviveram, como eu, da arte drag. Devemos trazer-l� e coloc�-la em mesmo n�vel a todas as outras artes que o ser humano conhece. Espa�os como esse tem que ser para todas, todos e todes”, disse Walkiria.

“Chegou a hora de empretecer e empobrecer esses ambientes, torn�-los perif�ricos, de trazer a galera para c�. Essa hora chegou tarde e chegou muito bem, porque foi um evento muito lindo e eu me senti muito bem estando aqui nesse retorno”, relatou Nadja Kai Kai.

 

* Estagi�ria sob supervis�o da editora Ellen Cristie.