Em meio ao temporal e ao fechamento das comportas, o reservat�rio transbordou, o que provocou o alagamento do territ�rio ind�gena. Por meio das redes sociais, Jorginho Mello comunicou, no dia 7, sobre a a��o, para "evitar uma trag�dia ainda maior", segundo ele, visando a preven��o de enchentes para os munic�pios que s�o cortados pelo Rio Itaja�-A�u, como a cidade de Blumenau.
Pouco ap�s o an�ncio do governador, a Justi�a Federal, a partir da decis�o do juiz de plant�o Vitor Hugo Anderle, autorizou o fechamento da barragem, contanto que o Estado adotasse medidas que garantissem a prote��o e a provid�ncia para eliminar riscos para todos os envolvidos, como a disposi��o de equipe de atendimento de sa�de em postos 24h e �gua pot�vel para a aldeia ind�gena.
Uma ind�gena da comunidade, que pediu para n�o ser identificada, falou ao Correio , por�m, que n�o houve comunica��o com o povo Xokleng, al�m de ter ocorrido o descumprimento, por parte do governo estadual, dos acordos que j� haviam sido estabelecidos com o cacique local.
"J� estava acordado que a Comunidade Xokleng n�o iria se opor �s decis�es tomadas para abrir ou para fechar as comportas, mas as decis�es deveriam ser comunicadas. O fechamento [das comportas] foi realizado de maneira arbitr�ria, sem ter o nosso consentimento."
Crise humanit�ria e sanit�ria
A ind�gena afirmou, ainda, que, em 8 de outubro, no dia em que a Barragem Norte foi fechada, a Pol�cia Militar do estado entrou na TI para intimidar a comunidade, al�m de ter tido uma abordagem truculenta e violenta. Segundo ela, a pol�cia fez uso de spray de pimenta, g�s lacrimog�neo, bala de borracha, e at� disparo de arma de fogo, que atingiu o ombro de um ind�gena, onde ainda encontra-se o proj�til, denunciou.
Al�m disso, contou, o governo de Santa Catarina tampouco cumpriu com a decis�o da Justi�a Federal, ao n�o prover a assist�ncia necess�ria frente �s fortes chuvas e ao alagamento das aldeias. "Estamos vivendo uma crise humanit�ria e sanit�ria. N�o temos �gua pot�vel, nem qualquer assist�ncia m�dica, ou meios para o acesso aos m�dicos. Fomos abandonados pelo Estado, temos fam�lias desabrigadas e ilhadas."
"Alguns ind�genas deixaram suas terras, com receio de suas casas ficarem submersas, indo para regi�es da comunidade que est�o em uma �rea de menor risco, n�o apenas para a prote��o, mas como resist�ncia contra o governo", acrescentou a fonte.
Entre os dias 13 e 14 de outubro, pela primeira vez na hist�ria da Barragem Norte, o reservat�rio atingiu a sua capacidade e come�ou a verter, que � o acontece quando a �gua passa por cima da estrutura chamada de vertedouro.
Em raz�o disso, no dia 15, um domingo, foi iniciada a abertura das comportas do reservat�rio, mas apenas uma delas conseguiu ser aberta em sua totalidade, enquanto a segunda apresentou uma dificuldade t�cnica, postergando a opera��o.
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Perguntada sobre o Minist�rio dos Povos Ind�genas, ela comentou que est�o "prestando assist�ncia, com a doa��o de alimentos e medicamentos, al�m de estarem dialogando para que acordos sejam estabelecidos e cumpridos". Entramos em contato com a pasta, e foram enviados apenas documentos e not�cias sobre os refor�os enviados para Santa Catarina para a ajuda humanit�ria emergencial �s v�timas das inunda��es.
Foram realizadas, tamb�m, diversas tentativas de contato tanto com o governo de Santa Catarina quanto com a Defesa Civil, mas, at� a publica��o desta nota, o Correio n�o obteve resposta em rela��o �s medidas adotadas pelo estado para o cuidado e prote��o dos povos ind�genas, acometidos pelos alagamentos frente ao fechamento da Barragem Norte.