
As frases s�o de ex-camel�s de Belo Horizonte, que conseguiram trocar as ruas por empresas registradas e, hoje, s�o patr�es. Ampliaram seus neg�cios, assinaram carteiras de funcion�rios e est�o em busca da profissionaliza��o, com produtos de mais qualidade e treinamentos de atendimento.
A principal escola desses empres�rios foi a rua, a mesma de Silvio Santos, o ex-camel� mais conhecido do pa�s. Silvio come�ou a vida vendendo capas de pl�stico para t�tulo de eleitor e canetas-tinteiro. Foi o pontap� para construir o seu imp�rio e se tornar um dos maiores pagadores de impostos do Brasil. Os ex-camel�s da capital ainda n�o s�o nenhum Silvio Santos. Mas alguns j� vendem com sacolas timbradas, participam de miss�es internacionais e fazem at� curso de mandarim para negociar melhor no pa�s que � o grande fornecedor de mercadorias: a China. Eles tamb�m tiveram que se familiarizar com algumas siglas, antes desconhecidas para muitos. A principal � a ICMS (Imposto Sobre Circula��o de Mercadorias e Presta��o de Servi�os).
“� como se estivessem falando em �rabe comigo no passado. Eu ainda n�o sei muito, mas conhe�o um pouco mais. Afinal, o imposto pesa no meu bolso, o que n�o acontecia quando estava na rua”, afirma Ant�nio Gl�ber, o ex-camel� Nanuque, que registrou sua primeira empresa h� dois anos, a Sea’s Tiger Com�rcio de M�dias e Eletr�nicos. Al�m de fazer parte do nome da empresa, o tigre � exibido em foto no cart�o de visitas de Nanuque, que tamb�m leva no bra�o a tatuagem do animal. � como se fosse o amuleto do empres�rio. “Hoje tenho funcion�rio fichado e chego a me assustar com o tamanho do cr�dito que me oferecem”, diz.
Nanuque faz parte do batalh�o de empres�rios que ajudou a elevar o volume de empregados com carteira assinada na Grande Belo Horizonte em 2007. No ano passado, o n�mero de trabalhadores com carteira saltou para 1,004 milh�o de pessoas, contra 924 mil em 2006, aumento de 8,7%, segundo pesquisa da Funda��o Jo�o Pinheiro (FJP). E o n�mero de assalariados sem carteira caiu em 7 mil pessoas em 2007 em rela��o ao ano anterior, passando de 192 mil para 185 mil trabalhadores. “Estamos vendo uma melhora no mercado de trabalho. O n�mero de aut�nomos tamb�m cresceu, mas s�o pessoas que est�o suprindo a demanda maior de empresas formais”, afirma Pl�nio de Campos Souza, coordenador t�cnico da pesquisa da FJP.

Ela come�ou a trabalhar com 17 anos na Rua S�o Paulo, no Centro do capital. Tinha uma vitrine na rua onde vendia sapatos e bolsas. “O maior problema era quando chovia. Os clientes sumiam, pois n�o tinha lugar para esconder da chuva. Aqui � bem melhor, tem lugar para estacionar, sentar”, diz. A empresa de Joelha, a Passo Firme, est� em fase final de formaliza��o. “Com a empresa registrada, vou ficar mais tranq�ila. At� com os funcion�rios, posso cobrar mais. O concorrente informal tem menos gastos com impostos. Mas � uma economia que pode acabar saindo mais cara. Se tiver uma batida da fiscaliza��o, enquanto alguns v�o ter que fechar as portas, eu vou poder manter a loja aberta”, diz.
Ali�s, portas abertas s�o a principal vantagem da empresa formal, segundo Gilson Lima de Sousa, o Cear�, que vende roupas indianas no Xavantes. Sua empresa, a Palma da �ndia, foi registrada em dezembro de 2007. Cear� chegou ao shopping h� tr�s anos. Antes, vendia acess�rios para celular e roupas na rua. Seu ponto era a Rua Curitiba com Carij�s. “Mas na rua, al�m de ter o desconforto, a gente perde muito dinheiro. Perdi o equivalente a R$ 3 mil em batida da fiscaliza��o. Minha barraca foi presa e tive que fazer empr�stimo para fazer a retirada. Foi a� que pensei que teria que mudar de vida. Aquilo n�o dava mais para mim”, diz.