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Estado de Minas

Desemprego potencializa efeitos da seca em munic�pio mineiro com baixo IDH


postado em 15/11/2008 10:51 / atualizado em 08/01/2010 04:04

O munic�pio de Pai Pedro, no Norte de Minas Gerais, a 487 quil�metros de Belo Horizonte, � um exemplar t�pico dos efeitos perversos na regi�o da combina��o entre estiagem prolongada, pobreza e falta de alternativas de gera��o de renda.

Enquanto recebem �gua pot�vel unicamente de caminh�es pipa do Ex�rcito brasileiro desde abril deste ano, moradores da zona rural – que representam 72,7% dos cerca de 6 mil habitantes - revelam como � dura a vida em um dos munic�pios do estado com mais baixo �ndice de Desenvolvimento Humano - 0,575, segundo o Atlas Pnud (2000) .

“As �guas passadas j� produziram pouco e a cada ano menos. A gente planta, mas n�o colhe de acordo, porque a chuva n�o d� para vingar tudo”, afirmou � Ag�ncia Brasil Tito Borges, 43 anos, dono de uma pequena propriedade ao longo da estrada de terra de 26 quil�metros que liga Pai Pedro � rodovia MGT 122.

“Planto milho e feij�o, mas uns 50% foi embora”, diz Tito Borges sobre os efeitos da estiagem que chegou ao fim nesta semana.

Ciente da necessidade de armazenar �gua para a pr�xima seca, Borges montou uma cisterna e caixas de capta��o com apoio do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas (Idene). Mas essa �gua s� serve para cozinhar e lavar. Os caminh�es pipa passam uma vez por semana e deixam em m�dia 20 litros de �gua tratada por morador.

“Quando a �gua vai ficando pouca, em vez de beber um copo cheio, a gente bebe s� metade”, conta. Mas a maior mazela local, segundo ele, � mesmo o desemprego. “Falta emprego e os agricultores n�o t�m condi��es de preparar uma ro�a, comprar sementes. Fica dif�cil”.

Borges n�o revela a renda mensal, completada como “ trabalhinhos l� fora”, mas garante que “tira pouco”. “Numa crise dessas, quase ningu�m tem condi��o de pagar um dia de servi�o. Trabalha quando d�. Um m�s trabalha, depois passa dois ou tr�s sem servi�o”.

Alguns quil�metros a frente, Fernando Ribeiro 41 anos, acabava de receber a visita do caminh�o pipa. Na conversa, logo de cara, o lamento de que nos �ltimos 15 anos se tornaram comuns secas anuais de oito a dez meses. “Todo ano � uma calamidade. Se fizer um d�vida no banco para plantar ro�a, depois n�o tem como pagar”. Na seca, segundo ele, vive com R$ 150 por m�s porque “n�o aparece na ro�a um que pague por cinco dias de servi�o de algu�m”.

A pr�xima parada do caminh�o pipa � na casa de Bernaldina Costa, 49 anos. O banho, segundo ela, � com �gua de po�o que resseca a pele. A cren�a em dias melhores vem da esperan�a de que “Deus mande muita chuva para n�s”. Os quatro filhos foram embora para o interior de S�o Paulo para tentar sobreviver. “O sonho deles � voltar para aqui. Minha filha ligou e me falou: m�e, arruma um emprego a� para mim. Eu respondi: do qu�? Se eu achasse um eu tava dentro”, lamentou.

Ela acusa a administra��o municipal de s� beneficiar os aliados pol�ticos do prefeito: “As coisas s� chegam para quem � amigo do prefeito. N�o tive Bolsa-Fam�lia nem aux�lio de safra perdida”.

O prefeito Jos� Geraldo Rodrigues estava em viagem para Jana�ba. Em entrevista por telefone, ele reconheceu que o �nico gerador de emprego na cidade � a Prefeitura. “Quem n�o � empregado da Prefeitura, fica mesmo sem op��o”.

A atra��o de pequenas ind�strias, uma poss�vel solu��o, s� ser� vi�vel, segundo o prefeito, quando for conclu�da a liga��o asf�ltica da cidade com a rodovia MGT 122 - obra com recursos j� previsto pelo governo de Minas – e quando houver melhora no sistema de abastecimento e tratamento de �gua.

Pai Pedro foi emancipada de Porteirinha em 1995. Rodrigues justifica o baixo IDH com a exist�ncia de comunidades quilombolas a 60 quil�metros da sede do munic�pio, onde pessoas vivem em barrac�es de madeira e barro. O prefeito garante entretanto, que ser�o constru�das no pr�ximo ano 43 moradias populares para essas pessoas, com recursos do Programa de Acelera��o do Crescimento.

Rodrigues recha�a a acusa��o de favorecer aliados pol�ticos nos programas assistenciais. “N�o perco meu tem com essas coisinhas pequenas”, comenta e informa que 600 fam�lias do munic�pio s�o benefici�rias do Bolsa Fam�lia.

A agente municipal de sa�de Augusta Regiane Gomes, 26 anos, conta que se depara diariamente com situa��es cr�ticas de pobreza na zona rural. “A gente chega nas casas e tem pessoas que nos falam n�o ter comida nem para dar aos filhos. Crian�as de 12 a 15 anos j� s�o m�es”.

O sonho de Augusta, que faz faculdade em uma cidade vizinha, � ter condi��es financeiras para ir embora do munic�pio e levar os pais. Mas o pai dela, Augusto Pinto, 70 anos, h� 28 em Pai Pedro, dono de uma pens�o no local e com mais sete filhos, nem admite pensar na hip�tese. “T� sossegado e n�o vou largar o pouco que tenho para arriscar fora”.


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