
Nos bastidores, comenta-se que o gordo mercado de balas no Brasil (o pa�s � o quarto maior produtor mundial de balas, gomas de mascar, chocolates e confeitos) chegou ao ponto de satura��o. N�o tem mais para onde crescer – da� a necessidade de buscar novos produtos e de atender p�blicos diferentes. N�meros extraoficiais, fornecidos pelos pr�prios fabricantes, indicam que, nos �ltimos tr�s anos, o crescimento anual do segmento de balas teria ficado estagnado em 1%, no m�ximo 2%. Aos poucos, as apostas se voltam para o consumo de pastilhas e chicles. Os itens ganharam maior elasticidade com a chegada ao mercado das classes C e D.
“Hoje est� todo mundo buscando mais sa�de. Se fosse poss�vel aliar uma bala boa e mais saud�vel, seria perfeito”, afirma D�lcio de Almeida Filho, s�cio da distribuidora 1001 Festas, de Belo Horizonte. No seu supermercado de balas rec�m-inaugurado, por�m, ele n�o conseguiu achar uma brecha para os produtos diet�ticos. “Os clientes est�o at� procurando, mas j� tentei uma vez e n�o teve sa�da”, afirma. Ele observa que o p�blico desses produtos � mais restrito e j� est� sendo bem atendido pelas lojas especializadas e pelos supermercados estilo gourmet, que exploram o nicho light/diet.
“Se existisse uma bala mais saud�vel, eu ficaria mais tranquila e daria at� mais vezes para meu filho”, diz a pedagoga Juliana Martins dos Reis, de 31 anos, que s� libera guloseimas nos fins de semana e em festas de anivers�rio para o filho Gustavo. Com 7 anos, ele s� descobriu a exist�ncia do a��car aos 2. “N�o chego ao c�mulo de proibir refrigerantes, mas me preocupo em saber que j� existem crian�as com quadro de obesidade e at� hipertens�o”, completa.
J� a vov� Maria da Concei��o Nunes Rabelo, de 56 anos, n�o resiste em comprar pacotes de bala sabor pa�oquinha para as tr�s netinhas. Ela mesma n�o resiste ao doce, embora tenha tido um enfarto h� dois anos e esteja com o colesterol alterado. “Preciso maneirar no a��car. Abro m�o das sobremesas, mas n�o consigo passar um dia sem bala”, confessa.
Para alguns fabricantes, como a Dori Alimentos, a bala n�o tem de agradar aos pais, mas, sim, �s crian�as. O que precisa mudar nesta rela��o � o consumo, que deve ser mais consciente, segundo o gerente de marketing da empresa, Jean Paiva. “N�o se pode suprimir a parte doce e divertida da inf�ncia, da mesma forma que n�o se deve deixar de lado a pr�tica de esportes e a educa��o para o consumo”, compara. Nos �ltimos dois anos, a Dori apresentou crescimento de quase 10% em balas.
Na linha do consumo consciente, a Dori � uma das poucas empresas do ramo a s� admitir o licenciamento de personagens como super-her�is e fadas para maiores de 7 anos. N�o � uma briga f�cil. No mercado h� 42 anos, a f�brica precisou reinventar seus produtos para concorrer com os caramelos de Robots, Carros e Princesas. “A bala virou commodity, � tudo igual. � preciso evoluir para acompanhar as crian�as”, diz Paiva, que, este ano, lan�ou uma bala gigante, com oito gramas, o dobro do tamanho da comum.