Na condi��o de 12º maior exportador de petr�leo do mundo, a L�bia tem potencial de desestabilizar a economia global, se os protestos antigoverno que terminaram em viol�ncia interromperem o fornecimento do produto. Desde que a suspens�o das san��es impostas pela ONU e pelos EUA puseram fim ao status
Mas a BP, por exemplo, est� t�o preocupada com a crise atual que est� planejando retirar funcion�rios do pa�s. A empresa, que emprega 40 estrangeiros na L�bia, pretende retirar familiares de empregados e funcion�rios considerados n�o essenciais ao longo dos dois pr�ximos dias.
A BP assinou um contrato com a Corpora��o de Investimento da L�bia, em 2007, para explorar duas �reas, uma envolvendo perfura��o em �guas profundas na Bacia de Sirte, no Mar Mediterr�neo, e outra no deserto no oeste do pa�s.
Um porta-voz da BP disse � BBC que a perfura��o na Bacia de Sirte continuaria, mas que equipes na regi�o des�rtica de Ghadames foram retiradas e a atividade suspensa no local. Apesar de as opera��es da BP ainda n�o terem levado � produ��o real de petr�leo no local, a Bacia de Sirte � respons�vel pela maior parte da produ��o no pa�s. O local contem cerca de 80% das reservas comprovadas de petr�leo l�bias, que chegam a 44 bilh�es de barris - as maiores da �frica.
A L�bia tamb�m se beneficia por ter o tipo de petr�leo cru leve que negociadores internacionais gostam, com pouco enxofre e uma gravidade espec�fica que torna o produto ideal para transforma��o em gasolina e diesel. E como apenas um quarto do vasto e pouco populoso territ�rio do pa�s foi explorado, h� muito para animar a ind�stria.
Crescimento para poucos
Mais da metade do PIB da L�bia vem dos setores de petr�leo e g�s natural, que respondem por mais de 95% das exporta��es do pa�s, de acordo com o Banco Mundial. Antes de a crise come�ar, a economia do pa�s passava por um boom. O Fundo Monet�rio Internacional (FMI) acredita que a L�bia tenha crescido 10,6% ano passado, e que venha a crescer cerca de 6,2% em 2011.
Mas uma das principais raz�es por tr�s dos protestos � que essa enorme riqueza n�o est� passando para as m�os da popula��o. De acordo com algumas estimativas, cerca de um ter�o dos l�bios vive na pobreza. N�o � incomum no pa�s que as pessoas tenham dois empregos - devido aos baixos sal�rios - apesar de cidad�os terem direito a sistema de sa�de e outros benef�cios de forma gratuita.
Desde que a L�bia retornou ao cen�rio dos neg�cios internacionais - ap�s pagar indeniza��o para as v�timas do atentado contra um avi�o que caiu em Lockerbie, em 1988 - as expectativas cresceram entre a popula��o. Muitos pensavam que o fim do isolamento significaria aumento da qualidade de vida. At� agora, a espera foi em v�o.
Mudan�a demogr�fica
Curiosamente, manifesteantes em Benghazi teriam retirado a bandeira l�bia do topo do principal tribunal de justi�a da cidade, substituindo-a pela bandeira da antiga monarquia - deposta em setembro de 1969 pelo golpe que levou Muamar Khadafi ao poder.
A maioria dos manifestantes n�o tem sequer mem�rias do rei Idris, primeiro e �nico monarca do pa�s - j� que ele foi destronado h� mais de 40 anos, e mais da metade da popula��o do pa�s est� abaixo dos 25.
Durante seu reinado, que come�ou em 1951 com a independ�ncia da L�bia, o rei manteve la�os pr�ximos com o Reino Unido e os EUA. Quando ele estava no poder, Washington deu um enorme incentivo � economia l�bia, ao construir a maior instala��o da For�a A�rea dos EUA no exterior - a Base A�rea Wheelus - perto da capital do pa�s, Tr�poli.
Mas a import�ncia da L�bia como aliado dos EUA durante o come�o da Guerra Fria n�o era vista com bons olhos pelo povo l�bio. Na verdade, houve manifesta��es para denunciar a proximidade do rei com o Ocidente ap�s a derrota de pa�ses �rabes para Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967 - da qual a L�bia n�o participou.
Essas manifesta��es abriram caminho para o golpe de 1969. Hoje, com uma nova gera��o, o pa�s parece ter voltado a um ponto semelhante, com uma popula��o jovem pedindo a prosperidade que o err�tico regime de Khadafi n�o conseguiu lhes dar.