Quando a Peugeot apresentou o 3008 � imprensa, em novembro do ano passado, disse que tinha um pequeno problema que poderia limitar o sucesso do modelo no mercado brasileiro: a importa��o de apenas 200 unidades por m�s. Mas o presidente da marca no Brasil, Guillaume Couzy, conseguiu aumentar esse lote e alcan�ar 300 carros — e que at� abril j� estariam todos vendidos. A receita do sucesso pode ser explicada pelo fato de o novo crossover atacar pontos primordiais para quem procura por um ve�culo desse tipo: visual moderno, amplo espa�o interno para passageiros e bagagem, motor que alia desempenho e economia e uma extensa lista de equipamentos de seguran�a. Falta apenas uma suspens�o mais confort�vel.
Embora seja uma das coqueluches do momento no mercado brasileiro, o crossover n�o tem uma defini��o muito precisa, nem mesmo entre os especialistas. Muitos acham que se trata de uma mistura de caracter�sticas de perua e utilit�rio-esportivo, enquanto outros acreditam que re�ne tamb�m tra�os de hatch e van. Seja como for, trata-se de um ve�culo familiar voltado para o asfalto, mas que permite pequenas aventuras por estradas de terra. No caso do 3008, o modelo � fruto da plataforma P2 do Grupo PSA Peugeot Citro�n, usada por modelos como o hatch 308, a perua SW 308 e o monovolume 5008 (nesse caso, alongada) e vai competir no Brasil com modelos como o Chevrolet Captiva, Hyundai ix35 e Kia Sportage.
Pode-se dizer que o 3008 � uma interpreta��o francesa de um crossover. Ali�s, trata-se do primeiro do g�nero da Peugeot. E o modelo conserva todo o DNA da marca do le�o, mas com um toque de arrojo a mais. Na frente, destacam-se a grande grade dianteira cromada e quadriculada, os far�is, que de t�o espichados quase tocam a coluna A; e os de neblina, encaixados em uma moldura preta, acentuando o aspecto esportivo. De perfil, o carro segue a tend�ncia atual de cintura alta e mistura detalhes esportivos (rodas e colunas pintadas de preto) e s�brios (frisos cromados na soleira e moldura superior dos vidros). Lanternas com lentes vermelhas e em forma de bumerangue e as luzes de neblina embutidas no para-choque se destacam na traseira.
Ao entrar no novo crossover, fica f�cil perceber o amplo espa�o interno, que � melhor no banco traseiro do que na frente, onde o conforto � um pouco prejudicado pela largura exagerada do console central. O motorista fica num verdadeiro cock-pit. Atr�s, viajam tr�s adultos sem aperto, com as pernas esticadas e protegidos com cintos de tr�s pontos e apoios de cabe�a.
Al�m da boa capacidade (de 512 at� 1.604 litros, com o banco traseiro rebatido), o porta-malas tem a flexibilidade da tampa traseira, que se abre em duas partes; a praticidade da prateleira m�vel, que possibilita guardar volumes em locais mais acess�veis, e da rede para pequenos objetos; e da utilidade de uma lanterna, cuja bateria dura 45 minutos, sendo recarregada assim que o motorista gira a chave na igni��o.
O acabamento interno da vers�o avaliada (Griffe, top de linha) � de boa qualidade, com toques de esportividade e eleg�ncia, misturando couro (nos bancos, apoios de bra�os das portas, volante e partes do console central), detalhes em pl�stico imitando metal (aros dos instrumentos, base da alavanca de marchas etc.) e na cor preta (console central). N�o faltam porta-trecos, incluindo um refrigerado, no console central. O interior � bem iluminado e fica ainda mais claro com o teto panor�mico, que oferece o c�u para todos os ocupantes.
E para quem quiser mais privacidade e aconchego no banco traseiro, existem cortinas que quebram a inc�moda claridade. Mas o grande barato tecnol�gico � s� para o motorista: o sistema Head Up Display, que projeta em uma l�mina transl�cida, localizada bem na parte de baixo do campo de vis�o do motorista, informa��o sobre a velocidade m�xima e o sistema de controle de velocidade. O n�vel de ru�dos interno incomoda um pouco e n�o deveria ser assim num carro desse n�vel.
O motor 1.6 16V, de 156cv, com turbo e inje��o direta de combust�vel, � a prova inequ�voca de como os propulsores mais modernos (dentro da atual tend�ncia downsizing) s�o menores e mais eficientes em desempenho e economia do que os V6 e V8. O 3008 tem f�lego suficiente para ultrapassagens seguras, para quem quer dirigir de forma esportiva e para aquele motorista que quer apenas uma viagem com bom ritmo. E tudo isso sem gastar muito. O casamento com o c�mbio autom�tico de seis marchas sela uma uni�o bastante feliz, sem arranh�es, trancos ou decep��es. H� teclas para o modo esportivo e pisos escorregadios. Faltam apenas as borboletas no volante, para facilitar ainda mais as trocas manuais. Suspens�o proporciona boa estabilidade em qualquer situa��o, mas absorve um pouco as irregularidades do piso e deveria ser mais silenciosa.
Notas (0 a 10)
Desempenho / 9
Espa�o interno / 9
Suspens�o/dire��o / 7
Conforto/ergonomia / 8
Itens de s�rie/opcionais / 8
Seguran�a / 8
Estilo / 8
Consumo / 8
Tecnologia / 9
Acabamento / 8
Custo/benef�cio / 8
AVALIA��O T�CNICA
Altura do solo
Toda a zona inferior do motopropulsor tem prote��o por chapa em a�o vazada. N�o foram observados interfer�ncias significativas com o solo quando o carro roda sobre piso irregular usual (terra, paralelep�pedo, quebra-molas e sa�das de garagem com desn�vel) .
Climatiza��o
Sistema apresentou bom funcionamento. A vaz�o de ar pelos difusores do painel, somada a dos dois instalados no final do console central, proporciona eficiente distribui��o de ar climatizado dentro do habit�culo em um tempo razo�vel (cortina do teto solar fechada). O n�vel de ru�dos de funcionamento � aceit�vel na m�xima velocidade. Existe regulagem de temperatura diferenciada para condutor e passageiro, com indica��o digital no display. N�o ocorreu entrada de gases/fuma�a vindos de fora quando o rec�rculo interno de ar � acionado.
Freios
Apresentaram bom comportamento din�mico no uso misto. O pedal de freio tem boa sensibilidade e rela��o. O conjunto est� bem dimensionado para o peso do autom�vel. O freio de estacionamento � do tipo eletr�nico e tem fun��o hill-holder muito �til.
C�mbio
Conjunto tem programa��o eletr�nica para uso esporte e sobre piso de baixo atrito, com teclas junto � base da alavanca. Quadro de instrumentos tem display informando a marcha e op��o de condu��o selecionada. As rela��es de marchas satisfazem na dirigibilidade no uso misto, favorecidas pelo turbo/intercooler do motor.
Motor
O seu rendimento no uso na cidade e em rodovias � positivo, com acelera��o e retomadas de velocidade bem satisfat�rias. A entrada do turbo � progressiva, sem trancos, e o conjunto est� bem dimensionado e calibrado para o peso (1.660kg) do ve�culo em ordem de marcha, proporcionando uma dirigibilidade prazerosa e segura, com baixo n�vel de ru�dos de funcionamento.
N�vel interno de ru�dos
Ao trafegar sobre piso de cal�amento, terra e asfalto ruim, surgem v�rios ru�dos no habit�culo. O efeito aerodin�mico � razo�vel mesmo em alta velocidade.
Suspens�o
Por se tratar de um ve�culo de perfil familiar, o conforto de marcha merecia melhor calibragem dos componentes da suspens�o, pois as transfer�ncias das imperfei��es do solo para dentro s�o facilmente sentidas. Tamb�m percebe-se pequenos ru�dos, principalmente na dianteira, quando se trafega em baixa velocidade sobre piso ruim. A estabilidade � boa e consegue contornar curvas em velocidade elevada com precis�o e pouca inclina��o da carroceria. No uso extremo, tem ajuda do sistema eletr�nico de controle de estabilidade, que atuou com efici�ncia, trazendo seguran�a e ajudando a corrigir a trajet�ria do autom�vel.
Dire��o
Coluna de dire��o tem ajuste manual em altura e dist�ncia, com �timo curso, e o volante, boa pegada. Apresentou boa precis�o na reta e em curvas, com rea��es uniformes. A sensibilidade e a calibragem das cargas do sistema assistido est�o bem definidas para o uso na cidade e em rodovias. O di�metro de giro agrada e a velocidade do efeito-retorno, satisfaz. O conjunto apresentou baixo n�vel de ru�dos, quando o carro roda sobre piso de paralelep�pedo, terra e asfalto mal-conservado.
Alarme
As quatro portas t�m sistema de abertura/fechamento dos vidros por um toque. Fun��o anti-esmagamento atuou com precis�o. O sistema de alarme � completo. A chave de igni��o � codificada e do tipo canivete. Existe prote��o perim�trica das partes m�veis e volum�trica, dentro do habit�culo. O alarme soa quando se tenta desligar os fios dos indicadores sonoros, o comando central ou a bateria.
Avalia��o do engenheiro Daniel Ribeiro Filho, da Tecnodan