
Respons�vel pelo levantamento, o coordenador de An�lises Econ�micas da FGV, Salom�o Quadros, n�o descarta a possibilidade de o repasse da alta de custos com o algod�o para o produto final ser o mais intenso da d�cada. “� uma hip�tese plaus�vel”, disse. Por�m, ele comentou que isso depender� do volume de importa��es de produtos t�xteis dispon�veis no mercado, que atualmente fazem concorr�ncia acirrada com os produtos brasileiros.
Quadros lembrou que, no pr�ximo m�s, a nova cole��o outono/inverno chega �s lojas. Normalmente, os pre�os do vestu�rio sobem em abril por causa do t�rmino do per�odo das liquida��es. Por�m, o cen�rio para o produtor de t�xteis este ano � at�pico, em termos de eleva��o de custo de mat�ria-prima.
“Acho muito dif�cil n�o ocorrer um repasse (no pre�o do produto final). O aumento do pre�o do algod�o foi brutal. Mesmo que haja uma substitui��o do algod�o por fibras sint�ticas, caso a demanda por fios artificiais aumente, o pre�o desse item vai aumentar tamb�m”, afirmou, acrescentando que o grupo vestu�rio representa 5% do �ndice de Pre�os ao Consumidor - Brasil (IPC-BR), calculado pela FGV, que mede a evolu��o da infla��o varejista.
Para o presidente da Associa��o Brasileira da Ind�stria T�xtil e de Confec��o (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, a magnitude da eleva��o atual no pre�o do algod�o n�o tem compara��o com per�odos anteriores. “Posso dizer com certeza que nunca vi o pre�o do algod�o disparando dessa maneira”, afirmou.
Diniz Filho explicou que a oferta do produto nos mercados dom�stico e internacional vem diminuindo desde maio do ano passado, por causa do aumento no consumo da China, do bloqueio de exporta��es indianas de t�xteis para o mundo, o que reduziu a oferta do produto no cen�rio internacional e da quebra de safra nos Estados Unidos.
“Al�m disso, ocorre uma especula��o grande com o pre�o do algod�o nos mercados internacionais, visto que � uma commodity”, acrescentou. Esse ambiente de oferta em queda levou � disparada paulatina dos pre�os do algod�o no atacado brasileiro, cujo ritmo acelerou no in�cio deste ano.
Cole��o outono/inverno
Segundo o presidente da Abit, o Brasil consome em torno de 1,1 milh�o de toneladas do produto ao ano. Ele explicou que cada metro de tecido fabricado tem em torno de 35% a 40% de algod�o. Al�m disso, a cole��o outono/inverno, caracter�stica de tempos mais frios, � a que mais leva tecido, entre as quatro lan�adas anualmente. “Tentamos n�o repassar todos os nossos aumentos de custos para o produto final. Mas, desta vez, n�o tem como n�o repassar uma parte dessa alta”, afirmou.
O �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), �ndice oficial de infla��o do governo calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) tamb�m deve sentir os efeitos dos aumentos nos pre�os de vestu�rio. Os pre�os de roupas representam 4,5% do IPCA, segundo a gerente de pesquisa do IBGE, Irene Machado. “Os pre�os de roupas no IPCA de fevereiro mostraram queda de 0,29%”, informou a t�cnica, acrescentando que o m�s passado foi beneficiado pelo per�odo de liquida��es. Em 12 meses, a infla��o das roupas acumula alta de 7,30% at� fevereiro.
Ao mesmo tempo, o produtor brasileiro se beneficia da alta no pre�o do algod�o. A estimativa mais recente do IBGE para a safra do algod�o herb�ceo este ano � de 4,5 milh�es de toneladas, contra 2,9 milh�es de toneladas obtidas em 2010, um aumento de 53,7%. A �rea plantada do produto cresceu 43,7% este ano contra o ano passado, de acordo com o instituto, devido �s boas cota��es do algod�o nos mercados interno e externo.