A renda dos brasileiros e dos mineiros est� cada vez mais comprometida com o pagamento de despesas financeiras. Cheque especial, cart�o de cr�dito, empr�stimos, cart�es de lojas e carn�s abocanharam parte dos ganhos de 64,8% das fam�lias em mar�o. No mesmo m�s do ano passado, este percentual era de 63%, informa a Confedera��o Nacional do Com�rcio (CNC). Em Belo Horizonte, a situa��o n�o � diferente. Pesquisa da Federa��o do Com�rcio do Estado de Minas Gerais (Fecom�rcio Minas) aponta que nos dois primeiros meses deste ano 71,3% das fam�lias t�m at� 30% da renda futura comprometida com d�vidas. No primeiro bimestre de 2010, eram 56,4%. A eleva��o do endividamento em 14,9 pontos percentuais entre os dois per�odos mostra que a cultura das d�vidas j� faz parte do dia a dia da popula��o da capital mineira.
A alta � facilmente explicada pelo crescimento econ�mico do pa�s – que elevou a renda da popula��o –, otimismo dos brasileiros com a sua situa��o no trabalho, e expans�o da classe C. Com emprego e cr�dito farto, a nova classe m�dia arrega�ou as mangas e foi �s compras. “O otimismo em rela��o ao futuro alimenta o comprometimento da renda com quest�es financeiras”, diz Silv�nia de Ara�jo, economista da Fecom�rcio.
Processo cruel
A cabeleireira D�bora Lemos � v�tima desse processo. Mensalmente, gasta pelo menos 35% dos seus rendimentos com o pagamento do cart�o de cr�dito e cheque especial. “A gente perde o controle”, reconhece. O pedreiro Valdeir Jos� dos Santos vive um problema ainda maior. Nada menos do que 66% do seu sal�rio mensal est� comprometido com d�vidas. “Fiz um empr�stimo e comprei um carro parcelado em 36 vezes. O cr�dito muito f�cil faz a gente se descontrolar um pouco”.
Segundo a Pesquisa de Endividamento da Fecom�rcio, 46,5% dos consumidores n�o planejam os gastos, o que leva ao descontrole financeiro. O segundo maior motivo causador de d�vidas � a redu��o da renda familiar, com 15,4%. “Isso deixa o descontrole no primeiro lugar disparado como causa do endividamento”, diz a economista da Fecom�rcio. De acordo com Silv�nia, o cart�o de cr�dito, com 36,3% da prefer�ncia dos consumidores, � o l�der das prioridades dos pagamentos. Da mesma forma, para liquidar os compromissos em atrasos, a a��o mais comentada foi economizar no uso do cr�dito, com 49,5% das respostas.
Classe C turbinada
Cerca de 19 milh�es de brasileiros migraram para a classe C em 2010, que chegou a 101,65 milh�es de pessoas e j� representa 53% da popula��o total do pa�s (191,79 milh�es). Os dados, da pesquisa Observador 2011, encomendada pela Cetelem BGN � Ipsos Public, mostram que a nova classe m�dia � a maior do pa�s, mais ampla que as classes AB e DE juntas. Segundo o levantamento, 25% da popula��o estava nas classes DE (47,94 milh�es) em 2010 e outros 21% nas classes AB (42,19 milh�es), que recebeu no ano passado um acr�scimo de 12 milh�es de brasileiros. Em 2009, a classe C reunia 92,85 milh�es de brasileiros. J� as classes DE tinham 66,88 milh�es e as AB, 30,21 milh�es.