O presidente da Vale, Roger Agnelli, respons�vel por ampliar receitas, lucro e valor patrimonial da mineradora, n�o ter� o seu mandato renovado pela Assembleia Geral de Acionistas da empresa, marcada para 19 de abril. A decis�o foi sacramentada no in�cio do ano, quando a presidente Dilma Rousseff e o presidente do Conselho de Administra��o do Bradesco, L�zaro de Mello Brand�o, fecharam acordo para substituir o executivo, que completaria 10 anos � frente da maior empresa privada do pa�s em julho.
Dilma s� n�o encontrou ainda o substituto para o presidente da Vale, que deseja fazer o seu sucessor — ele defende o nome de um de seus vices, Jos� Carlos Martins. Dentro do governo, foram cogitados os nomes de Nelson Barbosa, secret�rio executivo do Minist�rio da Fazenda, e de Luciano Coutinho, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES). Mas a chefe do Executivo j� demonstrou o interesse em ter os dois economistas pr�ximos dela, � disposi��o para outras miss�es. Segundo o mercado, s�o fortes candidatos ao comando da Vale Antonio Maciel Neto, presidente da Suzano, e F�bio Barbosa, presidente do Santander.
O clima � de apreens�o entre os diretores e funcion�rios da Vale. A vis�o � de que a decis�o do governo de destituir Agnelli � um processo de interven��o branca, uma forma indireta de reestatizar a empresa. H� um processo de rebeli�o em curso, e o grupo de executivos poder� renunciar ap�s a troca na presid�ncia da mineradora. Funcion�rios est�o, inclusive, organizando protestos, como sinal de luto, e um abaixo-assinado para tentar reverter a decis�o de Dilma. Em 21 de maio, termina o mandato da diretoria da Vale, que � renovado anualmente.
Quest�es pol�ticas
Agnelli fez um voto de sil�ncio at� que toda a confus�o seja superada, mas n�o tem escondido a decep��o pela troca de comando da segunda maior mineradora do mundo estar se dando por quest�es pol�ticas. Apesar dos bons resultados apresentados pela gest�o Agnelli, pesaram contra ele desaven�as desde 2008 com o governo, que participa do bloco de acionistas majorit�rios da Vale por interm�dio do BNDES e de fundos de pens�o de estatais liderados pela Previ (dos funcion�rios do Banco do Brasil). Juntos ao Bradesco e � japonesa Mitsui, eles det�m a maior parte das a��es da Valepar, a holding que controla a mineradora.
Para o Bradesco, � vital ficar ao lado do governo. Desde que perdeu o posto de maior banco privado do pa�s para o Ita� Unibanco, a institui��o com sede na Cidade de Deus, em Osasco (SP), firmou uma s�rie de parcerias estrat�gicas com o Banco do Brasil, inclusive no continente africano. Al�m disso, o Bradesco pretende renovar a parceria com os Correios, que vence no fim do ano, para continuar administrando o Banco Postal.
O pr�prio Agnelli tem admitido a cobi�a por seu cargo. Em outubro do ano passado, ele criticou setores do PT que estariam �vidos por ganhar espa�o na companhia. “Tem muita gente procurando uma cadeira. E � geralmente gente do PT”, chegou a afirmar. Sob seu comando, entre 2001 e 2010, a Vale ampliou a suas receitas de US$ 4 bilh�es para US$ 40 bilh�es e o lucro de US$ 3 bilh�es para US$ 15 bilh�es. No entanto, a maior mudan�a ocorreu no valor patrimonial, que saltou de US$ 7 bilh�es para US$ 176 bilh�es, e na atua��o internacional.