PIB rural � o melhor da hist�ria

Terras f�rteis, clima favor�vel e os bons pre�os dos produtos agropecu�rios no mercado internacional conspiraram, no ano passado, a favor do melhor resultado da hist�ria do agroneg�cio em Minas Gerais. A renda do setor alcan�ou R$ 105,4 bilh�es. A cifra � medida pelo Produto Interno Bruto (PIB), a soma da produ��o de bens combinada � evolu��o das cota��es das mercadorias agr�colas e das carnes. Pela primeira vez, o rendimento anual da agropecu�ria mineira ultrapassou a casa dos R$ 100 bilh�es, representando 16,2% de aumento, na compara��o com 2009, e 77,4% de crescimento, no per�odo de uma d�cada.

Al�m do alto valor financeiro que a produ��o do agroneg�cio mineiro apurou, considerada “espetacular” pelo presidente da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria de Minas Gerais (Faemg), Roberto Sim�es, 2010 consagrou a diversifica��o t�o almejada pelo estado. O ciclo positivo do caf�, que registrou aumento da produ��o de 25,9% frente a 2009, n�o ficou sozinho. Pelo contr�rio, dividiu aten��es com o desempenho excepcional de outras culturas, como a cana-de-a��car, soja, algod�o e a cria��o de animais. At� mesmo o milho, que enfrentou queda de 6,83% da produ��o de 6,089 milh�es de toneladas no ano passado, pesou no balan�o do agroneg�cio, com pre�os 44,6% mais altos em 2010.

“Foi uma recupera��o fant�stica depois da queda de 2009. Alcan�amos n�meros praticamente chineses”, compara Roberto Sim�es. O PIB do agroneg�cio mineiro havia encolhido 4,26% em 2009, como reflexo da crise financeira mundial. No ano passado, tomou propuls�o comparada �s do pa�s asi�tico, tendo em vista a evolu��o de 10,3% do PIB da China. Descontada a infla��o, a taxa de crescimento da agropecu�ria em 2010 ultrapassa os 10%, portanto, reais.

A diversifica��o do setor em Minas, algo de destaque no Brasil, segundo a Faemg, saiu ganhando com a ascens�o dos pre�os, observa o secret�rio de Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento, Elmiro Nascimento. Depois de um ciclo longo de baixa, as cota��es do caf� subiram 42,7%, em m�dia, no ano passado. A saca de 60 quilos do gr�o foi comercializada a R$ 382,30, na m�dia, em dezembro, ante R$ 267,96 no in�cio de 2010.

Comiss�o de frente

Entre meia d�zia de itens que comp�em a comiss�o de frente da agropecu�ria em Minas – caf�, milho, soja, frango, su�nos e boi gordo – foram observadas fartas corre��es de pre�os, a maior delas para o frango vivo, de 58,5% entre janeiro e dezembro do ano passado. O pre�o do quilo passou de R$ 2,24 para R$ 3,55. “A produ��o mineira diversificada se mostrou como a grande virtude do setor em Minas e alavancou os resultados de 2010”, afirmou Elmiro Nascimento, agora preocupado com as possibilidades que o estado tem de repetir os n�meros de 2010 neste ano.

“O agroneg�cio do caf� n�o tem d�vidas de que a performance deste ano ser� tamb�m positiva”, diz Almir Jos� da Silva Filho, presidente da Associa��o Brasileira da Ind�stria do Caf� (Abic) e do Sindicato das Ind�strias de Caf� de Minas Gerais. “Vamos continuar crescendo de 3% a 5% em volume e temos condi��es de ultrapassar 30% de aumento de receita”, afirma. Mantida a alta de pre�os – a saca de caf� chegou a ser vendida por R$ 550 no fim do ano passado –, a expectativa � de que a valoriza��o do gr�o compense a quebra de safra esperada para 2011, ano de menor produtividade do ciclo bianual caracter�stico da cultura.

Alimir Filho lembra, ainda, que houve melhoria gen�tica nas planta��es e uma integra��o com bons frutos entre produtores e pesquisadores em 2010. A soja, cujos pre�os subiram 12,7% em 2010, tamb�m dever� enfrentar redu��o da safra neste ano, estimada em 2,4 milh�es de toneladas, no entanto, permanece a expectativa de compensa��o do resultado menor na produ��o com os pre�os mais altos.

Na avalia��o de Elmiro Nascimento, o setor tende a apresentar novamente um bom resultado, sob impulso do aumento do consumo de alimentos e da renda da popula��o. H� desafios e, n�o s�o poucos, relacionados � oferta de cr�dito e seguro agr�cola. Os pre�os, contudo, v�o pesar mais neste ano, tendo em vista que o veranico extenso do in�cio de 2010, seguido de chuvas excessivas nas regi�es produtoras, prejudicou o plantio de culturas como a soja.

Mataboi em crise

O frigor�fico Mataboi, em Araguari, no Tri�ngulo Mineiro, que enfrenta dificuldades financeiras e entrou com pedido de recupera��o judicial, j� demitiu mais de 1 mil funcion�rios em suas filiais no pa�s. Na sede, que fica no estado, foram dispensados 250 dos 1,5 mil empregados, segundo o Sindicato Rural do munic�pio. Em Tr�s Lagoas (MS) e em Rondon�polis (MT), a situa��o � mais preocupante, uma vez que todos os 800 colaboradores das duas unidades foram demitidos. Os pecuaristas que vendem animais para o frigor�fico est�o preocupados e temem n�o receber pelos bovinos entregues para abate no �ltimo m�s. O Mataboi foi fundado em 1949 e � um dos frigor�ficos brasileiros habilitados a exportar para a Uni�o Europeia. Atualmente, sua capacidade de abate � de cerca de 4,1 mil animais por dia.