Indicado pela presidente Dilma Rousseff para comandar a Ag�ncia Brasileira de Exporta��es e Investimentos (Apex-Brasil) nos pr�ximos quatro anos, o mineiro de Patos de Minas Maur�cio Borges considera que o real forte n�o vai impedir o crescimento das vendas do pa�s ao mercado externo. “O c�mbio cria uma dificuldade, mas n�o pode ser a nossa discuss�o. Se for pensar o c�mbio como um problema, a Inglaterra n�o exportaria porque ela tem a libra, uma moeda extremamente valorizada”, compara. Para enfrentar o d�lar barato, a sa�da tra�ada pela Apex � o investimento em produtos com alto valor agregado, al�m de novos mercados, com prioridade para os pa�ses emergentes que crescem acima da m�dia mundial.
Entrar na China tamb�m faz parte do plano, oferecendo aos asi�ticos de cal�ados a softwares. A expectativa � que o com�rcio exterior cres�a 15% este ano, a despeito da valoriza��o do real. No ano passado, as empresas apoiadas pela ag�ncia exportaram US$ 32,5 bilh�es, o equivalente a 16% das vendas brasileiras para outros pa�ses. Em Minas Gerais, Borges destaca o potencial das ind�strias de eletroeletr�nicos, cal�ados, m�veis e alimentos. No mercado americano, a Apex mant�m firme a divulga��o do etanol. Para Borges, o governo Barack Obama tem dado bons sinais ao combust�vel renov�vel. “A barreira n�o se sustenta a longo prazo.”
Qual a estrat�gia da Apex para alavancar as exporta��es?
Estamos mapeando pa�ses que t�m potencial para importar produtos brasileiros, mas que compram de outros mercados. Com intelig�ncia, vamos trabalhar esse banco de dados, mostrando para o exportador brasileiro que mercados como o africano ou o angolano t�m potencial para comprar produtos de alto valor agregado, com �nfase em tecnologia, sustentabilidade, design. Temos v�rias pequenas e m�dias empresas com este perfil inovador e o momento � bom para o Brasil. Estamos na vitrine com as Olimp�adas, Copa do Mundo. Mercados como Argentina e Estados Unidos, apesar da crise, tamb�m t�m potencial para expans�o.
Qual a proje��o de crescimento das vendas para fora do pa�s neste ano?
A ideia � chegar a 15% acima do que exportamos no ano passado. Vemos uma rea��o do mercado mundial, que acaba de sair da crise de 2008 e 2009, e uma resposta mais forte dos emergentes, que crescem acima da m�dia mundial. Alguns mercados ainda est�o com dificuldades, mas vemos outros destinos. O Panam� cresceu mais de 10%, em ritmo chin�s. Os emergentes mostram uma classe m�dia crescente, querendo comprar uma coisa diferente, saindo do tradicional, e o Brasil tem condi��es de oferecer produtos que combinam com este estilo de vida. N�o � uma marca, mas � algo sustent�vel com artigos nas �reas de sa�de, tecnologia, atributos que podemos usar para refor�ar a presen�a do pa�s nestes mercados. Este ano, devemos crescer menos nos Estados Unidos e na Europa e mais nos mercados emergentes.
O real forte pode congelar projetos?
O real forte favorece empresas com valor agregado, competitividade, focadas em atributos espec�ficos. N�o vamos concorrer com um cal�ado ou m�vel chin�s de baixa qualidade. O Brasil, hoje, n�o consegue produzir um m�vel ou uma camisa barata, mas eu consigo fazer um produto diferenciado, respeitando o meio ambiente, com criatividade, com nanotecnologia e biotecnologia. Temos demonstrado isso em v�rios setores: moveleiro, cal�adista, aeron�utico, aeroespacial, de softwares.

Mesmo para esses itens diferenciados, o c�mbio n�o cria uma dificuldade?
O c�mbio cria uma dificuldade, mas n�o pode ser a nossa discuss�o. Se for pensar o c�mbio como um problema, a Inglaterra n�o exportaria porque ela tem a libra, que � uma moeda extremamente valorizada; a Alemanha, com a m�o de obra cara e o euro, tamb�m n�o conseguiria vender para fora. No entanto, o pa�s est� entre os maiores exportadores do mundo. Temos que desenvolver produto com valor agregado, que ultrapasse a valoriza��o do real.
Existem cr�ticas quanto �s a��es para estimular as exporta��es para os Estados Unidos. O Brasil, de certa forma, abandonou esse grande mercado?
N�o concordo que os EUA tenham sido deixado de lado. Pelo contr�rio, continuamos fazendo eventos nos Estados Unidos. S�o diversas feiras, quase 50 eventos dos mais diversos setores, fora as 12 etapas da F�rmula Indy. O que houve foi uma desacelera��o da economia l�. Para se ter ideia, a cada corrida s�o 80 empresas participando, com 200 compradores em cada etapa. Desenvolvemos o Brasil como um player neste mercado.
E a China, pode ser melhor trabalhada?
Sim. Teremos a visita da presidente Dilma �quele pa�s nos dias 11, 12 e 13. Ela ser� acompanhada por uma miss�o de 300 empresas brasileiras. A China tem uma classe m�dia consumidora de 200 milh�es, maior que a popula��o brasileira. Existe grande potencial nos setores de cal�ados, cosm�ticos, artefatos de couro, sa�de, tecnologia e softwares. Um grupo brasileiro, formado por v�rias empresas, vai estabelecer na China uma loja multimarcas, oferecendo cal�ados entre US$ 150 e US$ 200 para uma classe m�dia disposta a consumir produtos diferenciados.
� preocupante o fato de as commodities serem as grandes estrelas da balan�a comercial?
Temos voca��o e continuamos exportando commodities, mas estamos crescendo muito na exporta��o de manufaturados e semifaturados de alto valor agregado. Exportamos software embarcado, segmentos de tecnologia e design t�m crescido. N�o podemos negligenciar o potencial brasileiro para vender commodities, mas temos tamb�m o crescimento de produtos de alto valor agregado. Quando se trabalha uma barra de ferro ou de a�o, � agregado valor ao min�rio com propriedades nanotecnol�gicas. Alimentos tamb�m podem agregar biotecnologia. Os que s�o processados viram outro produtos. A Embraer � um exemplo. Foi uma das maiores exportadoras brasileiras nos �ltimos anos.
Quais as perspectivas para o etanol brasileiro no mercado norte-americano?
O etanol � uma fonte de energia renov�vel que os Estados Unidos e o mundo reconhecem. � poss�vel gerar energia el�trica a partir do etanol e podem ser desenvolvidos carros h�bridos (movidos a energia e etanol) em vez do modelo gasolina/el�trico, ou mesmo o triflex, com gasolina, etanol e el�trico, tem potencial. Os Estados Unidos est�o percebendo isso. E a barreira tarif�ria ao produto brasileiro n�o se sustenta num longo prazo. O governo Obama d� uma �nfase muito grande para a gera��o de novas fontes de energia que n�o sejam petr�leo e g�s. O etanol est� na pole position para ser o carro-chefe do mercado americano.
Quanto aos produtos de maior valor agregado, quais s�o as perspectivas para Minas?
Minas cresce no com�rcio mundial, mas as exporta��es podem ser mais bem estruturadas em setores como eletroeletr�nicos, m�veis e cal�ados, que hoje det�m tecnologia e est�o em alta no mercado mundial. Existe uma janela de oportunidades para produtos mineiros crescerem na pauta e no com�rcio mundial.