Numa grande reviravolta pol�tica, o Fundo Monet�rio Internacional (FMI) endossou o uso de controles sobre os fluxos de capital estrangeiro pela primeira vez em 70 anos de hist�ria. Em meio a uma forte pol�mica dentro do FMI, os integrantes do fundo delinearam um plano pol�tico sobre como a institui��o ir� aconselhar pa�ses, como Brasil, China e Indon�sia, a melhorar o uso dos controles para conter surtos de investimentos de capital. O fundo tamb�m estabeleceu bases para o grupo das 20 maiores economias do mundo (G-20), que busca desenvolver um "c�digo de conduta" sobre o uso de controles de capital - uma prioridade definida pela Fran�a, que preside o grupo.
O FMI defendeu tradicionalmente mercados abertos aos fluxos de investimento. O apoio do fundo aos controles de capital representa uma invers�o da sua posi��o hist�rica contra tais medidas. Os controles de capital ou a utiliza��o de impostos, taxas de juros e outros instrumentos de pol�tica para controlar o fluxo de dinheiro dentro e fora dos pa�ses t�m sido a ru�na de bancos, fundos de hedge e administradores de carteira, que querem a livre circula��o do dinheiro de seus clientes.
Agora, o diretor-gerente do Fundo Monet�rio Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, afirma que o fundo est� adotando uma vis�o "muito pragm�tica" dos controles de capital.
Sobre o novo plano, os controles de capital podem ser endossados pelo FMI em alguns casos. Al�m disso, as autoridades dever�o tentar aprofundar seus mercados de capital para ajudar a absorver os fluxos de capital e evitar que o aumento desses fluxos provoque distor��es prejudiciais nas suas economias.
Mas, tendo em vista o tempo que essas medidas levar�o para serem tomadas, os governos devem ajustar suas pol�ticas monet�ria e fiscal como a primeira linha de defesa, incluindo a aprecia��o das moedas, a compra de reservas cambiais, o ajuste das taxas de juro e o aperto dos or�amentos. Se a moeda de um pa�s � subvalorizada, como � o caso da China, os membros do FMI afirmaram que controles de capital n�o poder�o ser endossados. Al�m disso, se os controles forem necess�rios, o fundo destacou que prefere que eles n�o discriminem o capital estrangeiro.
As autoridades do FMI admitem que a quest�o tem sido um tabu desde que os membros do conselho da institui��o tentaram sem sucesso no final de 1990 institucionalizar uma pol�tica de mercado aberto dentro do regimento interno do fundo. Mas depois da crise financeira em 2008, que se espalhou para os pa�ses desenvolvidos e atingiu duramente as economias emergentes, apesar de seu crescimento saud�vel, o t�pico foi ressuscitado pelas na��es em desenvolvimento.
O capital inundou as economias em desenvolvimento, enquanto o crescimento dos mercados emergentes floresceu e o dos mercados avan�ados estagnou-se. Esses surtos aumentaram durante a crise financeira, quando as economias avan�adas contra�ram, as taxas de juros ca�ram e as na��es emergentes foram afetadas pelos movimentos maci�os de dinheiro dentro e fora de seus pa�ses. Taxas de juros baixas no Ocidente e rendimentos elevados em pa�ses como China, Coreia do Sul, Tail�ndia e Brasil significaram centenas de bilh�es de d�lares, euros, ienes e outras moedas injetados em infraestrutura, derivativos de c�mbio e outros investimentos potencialmente lucrativos.
Embora o dinheiro tenha sido certamente uma necessidade bem-vinda para impulsionar o crescimento, o "capital especulativo" tamb�m amea�a sobrecarregar algumas economias, que correm o risco de superaquecimento e bolhas de ativos. Como resultado, uma s�rie de na��es emergentes instituiu impostos mais altos para estrangeiros que compram t�tulos do governo, restri��es ao investimento de capital estrangeiro no setor imobili�rio e limites de opera��es cambiais.