O aumento do n�vel de escolaridade tem afastado os jovens brasileiros do trabalho na constru��o civil. Eles agora preferem ocupa��es menos bra�ais e mais qualificadas, o que contribui fortemente para o chamado "apag�o" de m�o de obra no setor, que responde por 63% dos investimentos totais na economia. A conclus�o � da pesquisa Trabalho, Educa��o e Juventude na Constru��o Civil, da Funda��o Get�lio Vargas (FGV), apresentada hoje em S�o Paulo.
De acordo com o estudo, o porcentual de trabalhadores na constru��o civil na faixa et�ria de 15 a 29 anos caiu de 36,49% em 1996 para 29,24% em 2009. J� o tempo de escolaridade dos trabalhadores com idade entre 20 e 24 anos passou de 4,91 anos em 1996 para 8,06 em 2009. Para os de 20 a 25 anos, o �ndice foi de 4,89 para 7,54 anos no mesmo per�odo. "A constru��o civil est� cada vez mais se tornando um setor de meia idade", disse o coordenador do estudo, Marcelo Neri, da FGV. No setor, h� predomin�ncia masculina. As mulheres n�o chegam a 3% da for�a de trabalho.
Segundo o estudo, os trabalhadores da constru��o civil ainda ganham abaixo dos demais setores: R$ 933 contra uma m�dia de R$ 1.094. "Nosso diagn�stico � de que o jovem n�o est� querendo trabalhar na constru��o civil. Logo, o setor vai ter de lhe pagar mais, qualific�-lo e atra�-lo com mais direitos trabalhistas", disse Neri. A pesquisa mostra que essa recupera��o salarial j� vem acontecendo. O crescimento anual dos rendimentos individuais dos trabalhadores entre 2003 e 2009 foi maior na constru��o (3,2%) do que nos demais setores (2,58%).
O coordenador do estudo destaca a valoriza��o do sal�rio do trabalhador com poucos anos de estudo, diferentemente, segundo ele, do que ocorre nos outros pa�ses que integram o Brics (Brasil, R�ssia, India, China e �frica do Sul). "A taxa de crescimento da renda do trabalhador com menos escolaridade no Brasil � dez vezes maior que a de um trabalhador com alta escolaridade", disse. "Obviamente, para o trabalhador mais qualificado essa n�o � uma boa not�cia, mas por outro lado mostra que a desigualdade no Pa�s est� caindo. O Brasil n�o est� repetindo a hist�ria do milagre econ�mico dos anos 70, quando cresceu muito mas a desigualdade aumentou."
Atra��o
Para atrair jovens para a constru��o civil, s�o apontados tr�s fatores. Dois s�o de longo prazo: o desenvolvimento de tecnologias que reduzam a necessidade do trabalho bra�al e o aumento dos sal�rios determinado pela demanda do mercado. Mas o terceiro - os cursos de qualifica��o - pode ser uma solu��o r�pida, necess�ria para o Pa�s se preparar para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimp�ada de 2016.
"Uma solu��o � investir em trabalhadores com menos escolaridade e capacit�-los para que possam entrar no mercado da constru��o", afirmou Rafael Gioielli, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento do Instituto Votorantim, que apoiou o estudo da FGV. "Al�m disso o governo tem visto a constru��o civil como uma possibilidade de primeiro emprego para uma s�rie de pessoas que est�o fora do mercado de trabalho."