A China � o maior comprador de produtos brasileiros desde 2009 e, ainda este ano, deve ultrapassar os Estados Unidos tamb�m como vendedor para o mercado brasileiro, de acordo com progn�stico do economista Eduardo Costa Pinto, do Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea). Segundo ele, enquanto as rela��es comerciais oferecem oportunidades de curto e m�dio prazos, podem gerar amea�as de longo prazo.
"Foi muito bom que o com�rcio Brasil-China tenha deslanchado na �ltima d�cada, mas devemos lembrar tamb�m que o com�rcio � apenas a ponta do iceberg nas rela��es bilaterais”, disse o economista ao apresentar hoje (8) comunicado do Ipea As Rela��es Bilaterais Brasil-China: A Ascens�o da China no Sistema Mundial e os Desafios para o Brasil.
Segundo o estudo, embora a China tenha crescido 10% ao ano, em m�dia, nos �ltimos dez anos, tem como grande limita��o da expans�o a quest�o ambiental, e vai atr�s dos pa�ses que podem suprir suas necessidades, como o Brasil. Tanto que, al�m de comprar recursos naturais, os chineses tamb�m investem na aquisi��o ou na associa��o com empresas brasileiras para controlar as explora��es, principalmente de minerais.
Costa Pinto disse que s� no ano passado os chineses investiram mais de US$ 15 bilh�es em nosso pa�s, a maior parte no controle de explora��o de min�rio de ferro em duas jazidas de Minas Gerais, bem como nas �reas de petr�leo e siderurgia no Rio de Janeiro. Mas existe tamb�m uma preocupa��o adicional de setores da sociedade brasileira, que � a compra de vastas �reas de terras agricult�veis na Bahia e em Goi�s.
Ele enfatizou que a din�mica comercial e financeira entre os dois pa�ses “traz oportunidades para o Brasil no curto e m�dio prazos, mas se n�o forem bem aproveitadas poder�o representar amea�as no longo prazo”. Citou a perda de participa��o de nossas exporta��es para outros competidores, perda do controle estrat�gico sobre fontes de energia, principalmente petr�leo, e de recursos naturais, como terras e minas, que podem acarretar em “aumento da vulnerabilidade externa estrutural”.
Segundo ele, o Brasil tem que avan�ar nos instrumentos de regulamenta��o, regula��o e fiscaliza��o da compra de terras e de recursos naturais pelos chineses; precisa utilizar mais ativamente os instrumentos dispon�veis de defesa comercial no �mbito da Organiza��o Mundial do Com�rcio (OMC); e negociar com o governo chin�s condi��es ison�micas para a entrada e opera��o de empresas brasileiras em setores restritos a empresas chinesas.