Alimentada pelo reajuste nos pre�os dos combust�veis e dos alimentos, a infla��o parece n�o dar tr�gua ao bolso do consumidor. Na �ltima semana de abril, o �ndice de Pre�os ao Consumidor Semanal (IPC-S) da Funda��o Getulio Vargas (FGV) apresentou varia��o de 0,95%, 0,15 ponto percentual acima da taxa registrada no levantamento anterior. O resultado superou as expectativas do mercado, que previa varia��o entre 0,76% e 0,93% no per�odo. No acumulado do ano, o �ndice j� alcan�a alta de 3,46% e em 12 meses, de 6,05%.
Durante todo o m�s de abril, os pre�os dos combust�veis se mostraram os grandes vil�es da infla��o com altas sucessivas. No �ltimo levantamento, a gasolina subiu 5,98% e respondeu por 0,18 ponto percentual do total de 0,95%. Nos postos de combust�veis, segundo levantamento da Ag�ncia Nacional de Petr�leo, G�s Natural e Biocombust�veis (ANP) o reajuste da gasolina nos postos do pa�s no m�s passado, de 6,16%, foi o maior desde setembro de 2005. De acordo com a pesquisa feita em 35 mil postos de todo o pa�s, o pre�o m�dio do litro da gasolina passou de 2,661 em mar�o para R$ 2,825 em abril.
A pesquisa da ANP aponta que o pre�o da gasolina vem subindo desde julho do ano passado. Naquele m�s, o litro era encontrado por R$ 2,538 m�dios. Em janeiro, o pre�o chegou a R$ 2,607, atingindo R$ 2,615 no m�s seguinte e saltando, respectivamente, para R$ 2,661 e R$ 2,825 em mar�o e abril. Em Minas Gerais, o pre�o m�dio da gasolina passou de R$ 2,852 na terceira semana de abril para R$ 2,878 no �ltimo dia do m�s, com aumento de 0,9% na semana. Em rela��o ao in�cio do m�s, o reajuste � de 4,16%. Os reajustes nas bombas foram registrados tamb�m em Belo Horizonte, onde o pre�o m�dio da gasolina teve aumento de 0,49% e passou de R$ 2,821 para R$ 2,835. No m�s, a varia��o chega a 4,15%.
COMIDA CARA Os alimentos, que tinham perdido for�a ao longo do m�s com duas quedas sucessivas (veja quadro), voltaram a pesar no resultado, puxados principalmente pelo segmento de hortali�as e legumes. A alta de 0,91% na semana encerrada em 22 de abril, subiu para 1,04% no levantamento do dia 30. Somente a batata-inglesa fechou o �ltimo m�s com varia��o de 30,68%. O comportamento fez com que o item respondesse, sozinho, por 0,31 ponto percentual da taxa geral de 0,95%.
Segundo coordenador do IPC-S, Paulo Picchetti, no mesmo per�odo do ano passado, os alimentos foram respons�veis por 0,55 ponto percentual da varia��o de 0,77%, praticamente dois ter�os de todo o resultado. “Naquele momento, o impacto no �ndice era praticamente todo da alimenta��o. Quando o efeito deste item sumiu, a taxa apresentou uma queda r�pida, com os tr�s meses consecutivos de defla��o”, lembra.
Mas o cen�rio n�o deve se repetir este ano. “Hoje o IPC-S n�o s� est� maior, como se disseminou em outros itens, como transporte e servi�os”, observa. “Mesmo que os alimentos reduzam a participa��o, o �ndice com certeza n�o vai recuar na mesma velocidade e n�o vamos ter um cen�rio de defla��o t�o acentuada”, acrescenta. Dos sete itens avaliados pelo levantamento, somente educa��o, leitura e recrea��o apresentou retra��o no IPC-S, passando de 0,36% para 0,32%.
Aumento maior previsto para o ano
O comportamento fez com que o especialista da FGV revisasse as expectativas de fechamento do IPC-S no ano. “A previs�o era de 6% at� o fechamento de mar�o. Mas com o resultado surpreendente de abril, foi necess�rio fazer a revis�o para 6,4%”, avalia. Apesar do cen�rio pouco animador, Picchetti acredita que o �ndice comece a arrefecer j� neste m�s.
Segundo o analista, os combust�veis n�o devem seguir o mesmo comportamento das �ltimas semanas, influenciados pelo in�cio da safra da cana-de-a��car, que j� deve come�ar a ter impacto nas bombas. O grupo sa�de e cuidados pessoais, que fechou abril com alta de 1,10%, tamb�m n�o deve seguir o mesmo caminho de alta, uma vez que foi influenciado pelo reajuste dos pre�os dos medicamentos no �ltimo m�s.
Mesmo com um cen�rio de menor press�o inflacion�ria, Picchetti n�o acredita em resultados negativos como os alcan�ados no mesmo per�odo do ano passado. “N�o vamos ter um terreno de defla��o nos pr�ximos meses e o acumulado dos �ltimos 12 meses vai continuar crescendo. Acredito que haja uma retra��o somente entre o terceiro e quarto trimestres do ano”, prev�. A expectativa � de que o pico seja atingido em agosto, com um resultado elevado de 7,9%.