Os juros altos n�o s�o a �nica raz�o para a desvaloriza��o do d�lar ante o real. A queda na percep��o de riscos macroecon�micos provocaram um aumento na demanda por ativos brasileiros, segundo o professor da Universidade de S�o Paulo (USP) e ex-presidente do Banco Central, Affonso Pastore. Ele participou nesta quarta-feira do XXIII F�rum Nacional, que acontece na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento econ�mico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro.
"A valoriza��o cambial � um sintoma de sa�de da economia brasileira, n�o � um sintoma de doen�a da economia brasileira", afirmou Pastore. "Os US$ 50 bilh�es que entraram no Pa�s no �ltimo ano � dinheiro de investimento mesmo. N�o s�o somente capitais de curto prazo buscando a diferen�a da taxa de juros. H� um fluxo enorme de capitais de longo prazo, que s�o estimulados pelos baixos riscos e pelas perspectivas de crescimento".
Pastore ressaltou que houve valoriza��o do real, mas ocorreu uma desvaloriza��o generalizada do d�lar ante outras moedas, por causa da pol�tica monet�ria do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). Segundo ele, a prova disso foi a valoriza��o do d�lar australiano em rela��o ao d�lar americano, embora a taxa de juros da Austr�lia esteja pr�xima � praticada nos Estados Unidos.
"Austr�lia e Brasil t�m em comum serem grandes exportadores de commodities. Quando as commodities se valorizam no mercado internacional, puxam a valoriza��o cambial", explicou Pastore.
Reforma tribut�ria
O governo precisa investir na reforma tribut�ria para estimular as exporta��es, segundo Pastore. Para ele, essa � a sa�da para impulsionar o crescimento do Pa�s, na aus�ncia de uma pol�tica para aumentar a poupan�a. "N�o vejo a pol�tica fiscal do governo voltada para aumentar poupan�a. N�o est� no card�pio. O que tem que fazer � no lado tribut�rio, para tentar aumentar as exporta��es", afirmou.
O ex-presidente do BC defende que o Imposto sobre Circula��o de Mercadorias e Servi�os (ICMS) passe a ser coletado pelo princ�pio do destino - e n�o na origem -, al�m de ter uniformidade de al�quotas. Outra exig�ncia seria promover desonera��es tribut�rias, como os encargos na folha de trabalho, al�m de diminuir os impostos de setores como energia el�trica e controle de capital, para gerar crescimento e competitividade. "Dessa forma, o Brasil pode ganhar muito nas exporta��es", avaliou.
Exporta��es
No mesmo evento, o presidente em exerc�cio da Associa��o de Com�rcio Exterior do Brasil (AEB), Jos� Augusto de Castro, afirmou que a valoriza��o do real frente ao d�lar n�o atrapalha as exporta��es brasileiras de commodities. Por�m, segundo ele, as exporta��es de produtos manufaturados perdem a competitividade com a valoriza��o cambial.
"No atual patamar dos pre�os das commodities, compensa qualquer taxa de c�mbio. Ent�o, na exporta��o das commodities, n�s n�o reclamamos se a taxa de c�mbio est� alta ou est� baixa", afirmou Castro. "Em contrapartida, quando falamos dos produtos manufaturados, a taxa de c�mbio � um fator de competitividade. E com essa atual taxa de c�mbio, n�s n�o temos competitividade para exportar manufaturados".
Para Castro, corre��es nos sistemas previdenci�rio e tribut�rio poderiam desonerar a produ��o e aumentar a competitividade de produtos manufaturados no exterior. "Se tiv�ssemos um sistema previdenci�rio melhor, um sistema tribut�rio melhor, ningu�m estaria discutindo a taxa de c�mbio aqui", afirmou.
O presidente em exerc�cio da AEB alertou ainda para o fato de o Brasil ser um pa�s dependente das exporta��es de commodities, mas n�o controlar a defini��o de pre�os. "Um cen�rio externo bom gera um bom pre�o para as commodities. Um cen�rio externo ruim gera problemas para o Brasil", lembrou.