Em Nova Serrana e munic�pios vizinhos que formam um polo de 850 ind�strias de cal�ados, 100 milh�es de pares fabricados em 2010 e 20 mil empregos, qualidade, estilo, moda, inova��o e tecnologia passaram a fazer parte do dia-a-dia do ch�o de f�brica, ao lado de uma nova pr�tica de controlar de perto os indicadores da produ��o e da produtividade. Uma encomenda que levava mais de tr�s meses para ser entregue, hoje sai das linhas de produ��o em cerca de 30 dias. Na pr�tica, representa quase um ter�o do tempo necess�rio para o cal�ado chin�s desembarcar nas prateleiras do varejo, estima Leonardo M�l, t�cnico do Sebrae Minas, que tem apoiado 60 empresas em programas para aumentar a efici�ncia e a capacidade de competir.
“Elas se viam pressionadas para oferecer produtos novos rapidamente e com inova��o. N�o h� como parar mais”, afirma M�l. H� 18 anos no ramo, o industrial J�nior C�sar Silva foi um dos primeiros a decretar vida nova na f�brica da Cromic. Especializada em t�nis esportivo masculino, a empresa adotou o sistema de produ��o de ciclos r�pidos da marca, ou seja, absorveu e p�s em pr�tica o conceito de moda. A mudan�a foi radical, conta J�nior C�sar, frente aos anos 1990, quando um �nico modelo era produzido durante dois anos e a realidade da f�brica em 2008, em que foram feitos tr�s lan�amentos.
Agora, ancorada sobre a estrat�gia da moda r�pida, a f�brica desenvolve produtos e os entrega ao varejo num per�odo ao redor de tr�s meses. A produ��o de 40 mil pares di�rios cresceu 50% comparada ao in�cio da d�cada e dever� aumentar mais 20% este ano. Com 160 empregados, a marca alcan�a oito estados do Sudeste, Sul e Norte do pa�s, al�m de exportar 8% da produ��o para Argentina. “Temos condi��es, hoje, de desenvolver todo o produto, contratamos um gerente comercial e passamos a trabalhar no p�s-venda que antes nem existia”, afirma o industrial. De acordo com levantamento do Sebrae Minas, que trabalha desde 2008 com a implanta��o do sistema de produ��o de moda r�pida nas f�bricas de Nova Serrana, mais de 90% das empresas do polo adotaram o novo modelo produtivo.
� o caso da f�brica de S�nia Maria Ferreira e da irm� Sinaide Elizeth Ferreira, ex-empregadas do setor que 12 anos atr�s investiram as economias e criaram a marca de cal�ados femininos Caroline. As mudan�as come�aram em 2008, sob press�o dos clientes aos quais S�nia Ferreira chegava a prometer prazos de entrega e volumes que n�o conseguia cumprir. Profissionalizar a gest�o e organizar a produ��o foram medidas fundamentais para adquirir controle sobre o processo e a qualidade dos cal�ados. “Agora, temos modelista pr�pria, uma equipe que cuida do design e controlamos do modelo � entrega. Com agilidade, os chineses n�o conseguem nos alcan�ar”, afirma S�nia Ferreira.
Mais chiques
A marca Caroline diversificou dos modelos concentrados nas vendas de ver�o para os cal�ados fechados, al�m de mirar no conceito de moda e no poder aquisitivo da classe C. A produ��o saltou de 2,4 mil pares por dia a 3,6 mil di�rios, o n�mero atual de 240 funcion�rias � 20% maior que quatro anos atr�s e a empresa passou a atender cidades do Nordeste, al�m de Bras�lia, Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte. Diversificar representou avan�os para a Winipeg, fabricante de cal�ados esportivos com 10 anos de atua��o. A linha feminina foi lan�ada h� cerca de quatro anos e se tornou uma grande aposta, segundo o industrial Alexandre Ara�jo. “Agora, tentamos sair na frente, com qualidade e pre�o compat�vel e conseguimos competir bem com os chineses”, afirma. A empresa produz 900 pares por dia, cresceu 15% no ano passado, e alcan�a quase todo os estados.
Outro sinal t�pico do novo cen�rio em que as f�bricas de Nova Serrana est�o trabalhando � a crescente procura pelo aperfei�oamento de m�o de obra na escola do Servi�o Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-MG) abrigada no Sindicato local da ind�stria, o Sindinova. O Senai-MG investiu R$ 10 milh�es na constru��o do Centro Tecnol�gico, que est� em fase final de montagem para atender 600 alunos por ano, o dobro da capacidade atual. A unidade est� sendo equipada com tecnologia de �ltima gera��o em cal�ados. O Sindinova coordena um projeto envolvendo 30 empresas, com pedido de financiamento de R$ 3 milh�es j� encaminhado ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para novos investimentos na cria��o de produtos, gest�o, log�stica, tecnologia e inova��o.
* A rep�rter viajou a convite do Sebrae Minas