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Estado de Minas

Infla��o atinge combust�veis, peixes e travessias de balsa no Rio S�o Francisco


postado em 29/05/2011 07:04

S�o Francisco (MG), Manga (MG) e Barra (BA) – Depois de dirigir sua picape por cerca de 700 quil�metros entre Divin�polis, no Centro-Oeste de Minas, e Manga, no Norte, onde foi pescar com amigos, o aposentado Ant�nio Claret, de 60 anos, se assustou com o pre�o da balsa, que, � falta de uma prometida ponte, permite a travessia naquele trecho do Velho Chico. “A travessia custa R$ 14?”, perguntou ao cobrador da embarca��o. “Paguei R$ 12 no fim de 2010”, emendou. A diferen�a, de 16,6%, mostra que a infla��o, antigo problema do Brasil que vem tirando o sono da equipe econ�mica, tamb�m navega no Rio da Integra��o Nacional.

O percentual (16,6%) � quase tr�s vezes maior do que o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), a infla��o oficial do pa�s, que fechou 2010 em 5,91%. As dezenas de balsas que cruzam o rio cobram pre�os bem diferentes ao longo do leito. A varia��o de tarifas chega a 212%. Em Morada Nova de Minas, Regi�o Central, os carros de passeio pagam R$ 8 para navegar pela represa de Tr�s Marias. A 1.583 quil�metros dali, em Ne�polis (SE), o valor sobe para R$ 17. Logo adiante, em Pia�abu�u (AL), cidade mais pr�xima da foz, o bilhete custa R$ 25.

Na cidade alagoana, o �ltimo reajuste ocorreu em 2009, mas foi salgado: 25%. “A travessia de carro mudou de R$ 20 para R$ 25”, conta Elias Bastos, cobrador da embarca��o. Naquele ano, o IPCA fechou em 4,31%. “Temos que pagar o que pedem”, lamenta o aposentado Ant�nio Claret. H� um motivo para a resigna��o: motoristas que preferirem ignorar as balsas ter�o de percorrer longos trechos nas estradas para alcan�ar a margem oposta.

A viagem entre Matias Cardoso e Manga, que pode ser feita em mais de um percurso, ilustra bem a situa��o. O primeiro trajeto, que dura 15 minutos, � seguir pelos 10 quil�metros da MG-341 e usar a balsa. O segundo, feito somente em parte terrestre, � bem mais longo. A “aventura” entre as duas cidades ser� de quase sete horas, uma vez que o condutor ter� de viajar pelos 535 quil�metros da BR-135 e de estradas estaduais e municipais. Uma das explica��es para a diferen�a de pre�os entre as balsas � o fato de algumas embarca��es serem operadas ou subsidiadas por prefeituras. � o caso de Morada Nova. Em outros lugares o servi�o � prestado pela iniciativa privada.

Gasolina Percorrer a Bacia do S�o Francisco de carro tamb�m d�i no bolso. O encarecimento dos combust�veis, que contribuiu para a alta do �ndice oficial de infla��o nos �ltimos meses, tamb�m afetou moradores da regi�o. Em cidades de acesso mais dif�cil, como Juven�lia, no Norte de Minas, o litro da gasolina chegou a valer R$ 3,31 este ano. J� em Barra (BA), o pre�o m�dio do combust�vel variou 2,5% entre a �ltima semana de abril e a terceira de maio, mesmo com a recente tend�ncia de queda de pre�o no restante do pa�s. Ao longo da bacia, na �ltima semana de abril e na primeira de maio, o Estado de Minas constatou que a diferen�a entre o pre�o do litro da gasolina mais alto e o mais baixo foi de 15%.

Na Bacia do S�o Francisco, a varia��o de pre�os tamb�m atinge o peixe. Em Barra, onde as �guas do Velho Chico recebem as do Rio Grande, o quilo da caranha � vendido, em m�dia, a R$ 4. “Sustentei meus seis filhos com esta e outras esp�cies”, conta Evil�sio Barbosa, de 42, pescador da regi�o. O valor pedido por ele e amigos � metade do cobrado por colegas de of�cio na cidade de S�o Francisco (MG), a 660 quil�metros dali. “Cobramos R$ 8 pelo quilo”, afirma Marciano Rodrigues de Jesus, de 63 anos.

“A caranha � o peixe mais vendido na regi�o, negociamos mais de uma tonelada por m�s”, refor�a Ramiro Ferreira Lima, respons�vel pela �rea administrativa da Col�nia de Pescadores de S�o Francisco. Para se ter ideia, as vendas mensais do curumat�, a segunda esp�cie de pescado mais comercializada, chegam a 500 quilos. �rg�os do governo e ribeirinhos n�o sabem como a caranha foi introduzida no Velho Chico. Uma das hip�teses � que exemplares tenham escapado de projetos de piscicultura. O bi�logo Yoshimi Sato, da Companhia de Desenvolvimento do Vale do S�o Francisco (Codevasf), alerta que a esp�cie pode causar danos. “Ela � origin�ria da Bacia Paraguai-Paran�. Pode ocorrer a extin��o de algumas esp�cies nativas e a perda da biodiversidade devido � competi��o com as esp�cies nativas, altera��es no ambiente, introdu��o de doen�as e parasitas”, diz.

O consumidor que comprar o quilo de caranha na sede da Col�nia de Pescadores de S�o Francisco pagar� 10,25% acima do negociado diretamente com os pescadores e 150% a mais do que o cobrado pelos ribeirinhos de Barra. Ainda assim, a demanda pelo pescado � t�o grande no munic�pio do Norte de Minas que nem sempre a entidade tem a esp�cie no freezer.


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