
Hoje, os 5% mais bem remunerados dessa categoria t�m renda m�dia de R$ 1.265. � nessa faixa que entram tanto os profissionais que ganham R$ 900 quanto os remunerados com R$ 3.800, caso das enfermeiras com jornada de 24 horas especializadas nos cuidados com rec�m-nascidos.
Para as mulheres que s�o m�es de filhos pequenos, � dif�cil equilibrar a necessidade de trabalhar com os novos sal�rios dos empregados dom�sticos. Diante do aumento da remunera��o da categoria, regulado pela oferta menor do que a demanda, h� quem escolha trabalhar para se manter no mercado, mesmo que o sal�rio n�o compense o pagamento da empregada dom�stica. E tamb�m quem opte por pedir demiss�o para cuidar dos filhos at� que eles cres�am para, s� depois disso, retornar ao mundo do trabalho.
M�nica Beatriz Marques Pinto, gerente financeira, est� no grupo das que temem abandonar o emprego e preferem bancar o sal�rio da empregada dom�stica, ainda que ele consuma 20% da renda familiar. Com uma filha de 4 anos e um filho de 2 anos, ela trabalha das 8h �s 18h e n�o almo�a em casa. Gasta o sal�rio que recebe quase todo para pagar a empregada, que, al�m de tomar conta da casa, cuida das crian�as. “N�o d� para pagar bab� e empregada. Tem que ser uma s�. Digo a ela que a prioridade s�o os meus filhos. Na casa ela faz o que d�”, explica.
Com duas filhas pequenas – uma de 5 anos e outra de 9 meses –, a desenhista industrial Shirley Santana conta com os servi�os de uma empregada dom�stica e foi obrigada a contratar uma bab�. “Antes uma pessoa s� acumulava as duas fun��es, mas com duas crian�as fica imposs�vel. Hoje minha empregada cuida da casa e a bab� fica com as crian�as.” Ao todo ela gasta cerca de R$ 1.400 por m�s com o pagamento das duas profissionais, isso sem contar INSS, �nibus, f�rias e 13º sal�rio. Mesmo assim porque decidiu fugir das ag�ncias especializadas. A bab� veio do interior da Bahia e cobra R$ 800 porque � o seu primeiro emprego com carteira assinada. J� a empregada ganha um sal�rio m�nimo, mas n�o trabalha aos s�bados e vai embora �s 16h. “Tive muita dificuldade para conseguir as duas profissionais. O mercado est� aquecido e os sal�rios pesam muito no or�amento.”
A secret�ria Nicole Patr�cia de Oliveira saiu do �ltimo emprego, onde ficou por tr�s anos, porque os gastos que teria com a filha de 2 anos n�o compensavam o esfor�o de trabalhar oito horas por dia e ficar longe dela. Agora, colocou a menina na escolinha e voltou a procurar emprego. “Financeiramente n�o valia a pena”, justifica.
Mudan�as
Para M�rcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisas Econ�micas e Aplicadas (Ipea), a trajet�ria do emprego dom�stico no Brasil est� mudando. At� aqui mais associada ao trabalho servil, com uso de jornada de trabalho abundante e n�o regulada, come�a a tomar o mesmo rumo dos pa�ses que j� se desenvolveram. “As fam�lias j� s�o formadas por um n�mero menor de pessoas, a mecaniza��o das atividades dom�sticas come�ou. A mensalista come�a a ser substitu�da pela diarista. Existe uma nova perspectiva de contrata��o, no formato empresarial. A tend�ncia � as pessoas contratarem os servi�os de uma empresa que presta servi�o nas casas”, observa. “� a lei do mercado: com os altos pre�os das dom�sticas, vamos ser obrigados a partir para alternativas que j� s�o realidade nos pa�ses centrais, como escolas integrais, creches p�blicas e equipamentos como lavanderias comunit�rias”, afirma M�rio Rodarte, professor da UFMG e consultor do Dieese.
A eleva��o dos sal�rios dos empregados dom�sticos � sentida com mais intensidade nas capitais do pa�s do que no interior, onde � comum a contrata��o de profissionais por um valor menor do que o sal�rio m�nimo (R$ 545) e sem carteira assinada. Por isso, nas estat�sticas, a mordida da categoria na renda dos brasileiros � pequena. Segundo a Pesquisa de Or�amentos Familiares (Pof), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), a participa��o das despesas com servi�os dom�sticos no or�amento das fam�lias, incluindo o pagamento do INSS, � de 2% no Brasil e de 2,3% em Minas.