
A divulga��o do preocupante dado acontece depois da Gr�cia ser tomada na quarta-feira por uma violenta onda de protestos, na qual nove pessoas ficaram feridas. Munidos de bombas caseiras, manifestantes atacaram o pr�dio do Minist�rio das Finan�as e foram repelidos pela pol�cia com g�s lacrimog�neo. A capital grega se transformou num campo de guerra, o que obrigou o primeiro-ministro, George Papandreou, a dissolver seu minist�rio e a anunciar a forma��o de um novo governo. Ele acredita que, assim, conseguir� um voto de confian�a no Parlamento para promover ajustes na economia e evitar um iminente calote do pa�s. A tens�o foi tanta que todas as bolsas da Europa fecharam a quarta-feira em baixa e o euro recuou 1,8% ante o d�lar. A Bolsa de Valores de S�o Paulo tamb�m cedeu, para os 61.604 (-0,97%), o menor n�vel em quase um ano. Foi o pior dia nos mercados desde o in�cio de maio.
Em 2010, a Gr�cia j� havia recebido um socorro de 110 bilh�es de euros para honrar seus compromissos. Esperava-se que, com a ajuda da Uni�o Europeia (UE) e do Fundo Monet�rio Internacional (FMI), o pa�s sa�sse do atoleiro. Mas a dificuldade do governo em p�r em pr�tica os cortes de gastos de 28 bilh�es de euros at� 2015 se mostrou maior do que o imaginado. A popula��o n�o aceita o receitu�rio: aumento de impostos, privatiza��o de estatais, redu��o de 20% no quadro de servidores e corte nas aposentadorias.
A perspectiva de derrocada da Gr�cia assusta os investidores, pois pode levar junto Portugal, Espanha, Irlanda e It�lia. Apesar dos riscos, a Europa est� dividida. Os pa�ses mais ricos se recusam a dar uma nova ajuda. Mas todos admitem que, se for � ru�na, deflagrando uma leva de calotes na regi�o, a Gr�cia levar� � destrui��o do euro. Autoridades afirmaram que o acordo entre os governos do bloco sobre um segundo pacote de resgate a Atenas pode ser adiado at� meados de julho.
Com dezenas de milhares de gregos nas ruas, o primeiro-ministro admitiu ao l�der da oposi��o, Antonis Samaras, que renunciaria caso n�o houvesse uni�o em torno de um plano para alcan�ar os termos exigidos pela UE e pelo FMI. Mas ele acabou recuando. N�o se sabe, por�m, at� quando Papandreou conseguir� se manter no cargo. Os partidos de oposi��o j� pressionam pela antecipa��o das elei��es.
Viol�ncia se espalha e atinge a Espanha
A onda de protestos que varreu a Gr�cia se espalhou pela Espanha, onde a recess�o econ�mica fez com que o �ndice de desemprego atingisse 22%, o mais elevado entre as na��es industrializadas. Sem perspectiva de recupera��o do pa�s em curto prazo, a popula��o se revoltou contra os programas de cortes de gastos pelo governo. Um dos pontos mais combatidos pelos espanh�is est� o projeto do primeiro-ministro Jos� Luis Zapateiro que reduz os sal�rios e aposentadorias dos servidores p�blicos.
Na quarta-feira, cerca de 2,5 mil manifestantes cercaram o Parlamento do pa�s, em Barcelona, e foram repelidos com vigor pela pol�cia. Pelo menos 36 pessoas ficaram feridas, entre elas 12 policiais. Com o bloqueio feito em frente aos port�es de acesso do pr�dio, diversas autoridades s� conseguiram chegar ao local usando helic�pteros. Outros membros foram atingidos por jatos de tinta enquanto passavam pelos cord�es de isolamento. A tens�o foi tamanha que acabou contaminando os parlamentares. Apenas metade deles participou dos debates envolvendo as propostas para a redu��o de despesas com sa�de e educa��o.
A maioria dos manifestantes era de jovens, insatisfeitos com os rumos do pa�s, especialmente pela falta de perspectivas de se encaixarem no mercado de trabalho. Para eles, as leis trabalhistas em vigor dificultam a abertura de vagas. Estima-se que, em determinadas regi�es do pa�s, metade dos jovens est� desempregada.
A pol�cia informou que v�rios manifestantes foram presos por “desordem p�blica, agress�o e ferimentos a policiais”, resultantes de “lan�amento de garrafas e at� de tesouras”. Os policiais ainda foram alvo de “chutes e socos”. Centenas de pessoas se reuniram em frente ao Parlamento em Madri na para condenar os projetos do governo de reformular a negocia��o salarial coletiva. Sindicatos e trabalhadores v�m discutindo h� meses a reforma do sistema, considerada vital para as mudan�as trabalhistas, banc�rias e previdenci�rias com o objetivo de retomar a economia espanhola.