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Estado de Minas

Crise grega pode ser pior que a quebra do Lehman Brothers


postado em 21/06/2011 09:00 / atualizado em 21/06/2011 09:50



A decis�o dos ministros das Finan�as europeus, de condicionar o empr�stimo emergencial de 12 bilh�es de euros � aprova��o de medidas de austeridade e privatiza��es pelo Parlamento da Gr�cia, seria racional e cr�vel sob o argumento de que a Gr�cia teria mais a perder com uma morat�ria do que a zona do euro em si.

Ou, para diz�-lo de outra forma, amea�as s� valem a pena se os que as fazem podem de fato lev�-las a cabo. Mas, caso o premi� grego, George Papandreou – sob extrema press�o da oposi��o popular e parlamentar –, n�o consiga obter apoio, nos pr�ximos dias, para seu renovado gabinete e para o programa de redu��o de d�ficit exigido por Fran�a, Alemanha e outros, ser� que os governos da zona do euro v�o simplesmente observar a Gr�cia dizer a seus credores que eles n�o receber�o seu dinheiro?

A quest�o � que essa hip�tese, se concretizada, teria consequ�ncias potencialmente catastr�ficas para credores n�o apenas dos 240 bilh�es de euros da d�vida soberana grega, mas tamb�m para credores de centenas de bilh�es de euros da d�vida comercial grega e de outras dezenas de bilh�es de euros de contratos de derivativos relacionados � d�vida grega.

Um calote tamb�m aumentaria o risco de empr�stimo para a Irlanda e Portugal, desencadeando amplas perdas adicionais de centenas de bilh�es de euros em empr�stimos a esses pa�ses e seus respectivos bancos. E, com a indefini��o quanto � sustenta��o de longo prazo das d�vidas da Espanha e da It�lia, os governos desses pa�ses talvez sejam for�ados a pagar mais para obter dinheiro emprestado.

A morat�ria grega tamb�m afetaria balan�os banc�rios por toda a Europa: bancos gregos, portugueses e irlandeses provavelmente s� sobreviveriam se fossem nacionalizados; e bancos da Fran�a, da Alemanha e at� mesmo nos EUA sofreriam perdas que deixariam seus capitais em n�veis perigosamente baixos. Al�m disso, o Banco Central Europeu (BCE), maior credor da d�vida soberana de Gr�cia, Portugal e Irlanda, precisaria de uma forte inje��o de apoio financeiro vindo de pa�ses da zona do euro. Uma humilha��o p�blica desse tipo levaria anos para abandonar a reputa��o do BCE.

Ser� que os ministros das Finan�as da Alemanha, da Fran�a, da Holanda e demais pa�ses realmente querem isso? Claro que isso tampouco seria o fim da cat�strofe em potencial. H� um crescente movimento popular na Gr�cia defendendo a sa�da do pa�s da zona do euro. Acontece que a sa�da de um pa�s-membro da zona e sua ado��o de uma moeda independente faria

com que aumentasse muito o custo de empr�stimos tomados pelos pa�ses que permanecessem com o euro (salvo Alemanha, Luxemburgo e Holanda).

Isso porque se criaria a ideia de que a perman�ncia no euro n�o � mais algo vital�cio. Ent�o, qualquer um que emprestasse para a Espanha, a It�lia ou at� mesmo a Fran�a teria que ser compensado por esse risco – o risco de que d�vidas inicialmente inseridas na zona do euro poderiam eventualmente estar ligadas mais diretamente � sa�de de uma �nica economia. No atual est�gio fr�gil de recupera��o econ�mica da regi�o, um aumento nos custos dos empr�stimos seria um grande rev�s.

E n�o percamos tempo considerando os complexos lit�gios internacionais que estariam envolvidos em uma eventual decis�o unilateral da Gr�cia de transformar d�vidas cotadas em euro em moeda local. Sendo assim, chegamos a duas conclus�es. Primeiro, que, quando as pessoas falam da Gr�cia como o “momento Lehman” da Europa (em refer�ncia ao banco americano Lehman Brothers, cujo colapso, em 2008, provocou p�nico nos mercados e perdas para credores), elas est�o erradas.

Uma morat�ria grega feita de forma desordenada provavelmente seria pior para a economia mundial do que a quebra do Lehman – ainda que, no caso dos bancos, eles estejam mais preparados para absorver perdas do que estavam em 2008. Em segundo lugar, a decis�o dos ministros das Finan�as europeus, de condicionar a entrega de uma parcela de 12 bilh�es de euros (cerca de R$ 27,4 bilh�es) de ajuda � Gr�cia � ado��o pelo pa�s de mais cortes de gastos, n�o dever� ser capaz de amansar os opositores das medidas de austeridade no pa�s. Ao mesmo tempo, se o Parlamento grego rejeitar a aprova��o dessas medidas, estaremos perto demais de um desastre financeiro ao estilo do ocorrido nos anos 1930.


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