O consumidor de Belo Horizonte est� pagando taxas de juros recordes nas compras com cart�es de cr�dito, conforme pesquisa mensal da Funda��o Ipead, vinculada � Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os encargos cobrados nas compras com o chamado dinheiro de pl�stico se mant�m h� oito meses at� maio em 12,6% ao m�s, maior percentual registrado na s�rie dos levantamentos da funda��o, desde fevereiro de 1998. Comparada � infla��o, a cobran�a representa mais de 20 vezes a varia��o do custo de vida na capital, de 0,53% no m�s passado, medida pelo �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), retrato das despesas das fam�lias com renda de um a 40 sal�rios m�nimos.
Quem deixa de pagar a fatura total do cart�o no fim do m�s n�o deve contar t�o cedo com uma revers�o de juros exorbitantes, alerta Miguel Jos� Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associa��o Nacional de Executivos de Finan�as e Administra��o (Anefac). “Nem o recente aperto monet�rio que o Banco Central adotou para conter a infla��o justifica taxas t�o altas e elas v�o continuar subindo em junho e julho”, afirma o especialista. Parte da justificativa para a cobran�a, segundo Ribeiro de Oliveira, sequer tem rela��o com os rumos atuais da economia. “O segmento das administradoras de cart�o n�o tem concorr�ncia e a� o consumidor � que sofre”, afirma.
Pesquisa realizada em maio pela Federa��o do Com�rcio de Minas Gerais (Fecom�rcio Minas) indicou que os pagamentos feitos com os cart�es de cr�dito respondem por 71% das compras a prazo. Somadas �s opera��es com cart�es pr�prios (os de loja), s�o 75% do bolo total dos neg�cios. Segundo Silv�nia de Ara�jo, coordenadora do Departamento de Economia da institui��o, 65% dos compromissos financeiros do consumidor de BH est�o pendurados nos cart�es de cr�dito. “Historicamente, as operadoras de cart�es se utilizam dos juros mais altos. N�o deveria ser assim, tanto que o governo agiu no sentido de regular as rela��es dos clientes com essas empresas”, observa a economista.
Desavisada sobre os efeitos dos juros altos, S.R. se endividou de novo depois de ter livrado de um d�bito de R$ 1,5 mil contra�do no cart�o de cr�dito que acabou se transformando em R$ 2,6 mil. Ela usou o dinheiro de pl�stico numa loja de cal�ados e est� devendo cerca de R$ 600. “Estou muito preocupada e me arrependo de ter feito a d�vida. Meu filho � adolescente e me pede coisas caras. Acabei comprando e n�o tive como pagar", reconhece. A dom�stica, que ganha um sal�rio m�nimo (R$ 545), est� tentando negociar o d�bito para limpar o nome no SPC.
Para a economista Ana Paula Bastos, da C�mara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) a estrat�gia das operadoras de cart�es de cr�dito ao manter os juros t�o altos � impedir que o cliente entre no cr�dito rotativo, mas tem surtido o efeito contr�rio e n�o d� sinais de reverter. “Quanto mais alta ficar a taxa Selic (que remunera os t�tulos do governo no mercado financeiro e serve de refer�ncia para as opera��es dos bancos e do com�rcio), mais caros ser�o os encargos cobrados pelas administradoras de cart�es “, afirma. A tend�ncia da Selic (taxa b�sica de juros), hoje de 12,25% ao ano, � chegar ao fim de 2011 entre 12% e 13%, nas estimativas da economista. (Colaborou Marinella Castro)