A alta nos pre�os do etanol nos �ltimos dias ser� mais um obst�culo que o governo ter� de enfrentar no combate � infla��o. Economistas ouvidos pela Ag�ncia Brasil descartam o risco imediato de descontrole dos pre�os, mas advertem que o encarecimento do combust�vel exigir� cuidados adicionais da equipe econ�mica para que a infla��o termine o ano abaixo do teto da meta, que � 6,5%.
Para o ex-presidente do Banco Central e diretor do Centro de Economia Mundial da Funda��o Getulio Vargas (FGV), Carlos Langoni, ainda � cedo para saber se a alta do etanol persistir� ou se � um fen�meno moment�neao. “Apesar de ser misturado � gasolina, o etanol n�o tem o mesmo peso que os demais combust�veis na forma��o dos pre�os”, avaliou.
Langoni, no entanto, acredita que a tr�gua nos pre�os dos alimentos, da energia e dos combust�veis, que tem contribu�do para a queda da infla��o nos �ltimos meses, n�o durar� tanto quanto as autoridades estimam. Segundo ele, o Banco Central dever� prolongar o ciclo de juros elevados. “Acho que a Selic [taxa que indica os juros b�sicos da economia] subir� ainda mais nos pr�ximos meses, at� chegar a 13% ao ano”.
A economista-chefe do Royal Bank of Scotland, Zeina Latif, tamb�m acredita que a influ�ncia do reajuste do etanol sobre a infla��o n�o ser� t�o grande. “Os fretes s�o afetados pelo diesel e o impacto sobre a gasolina pode ser contido com a redu��o de etanol na mistura”, opinou. Apesar disso, ela disse que o aumento do combust�vel dificultar� o retorno da infla��o ao intervalo da meta.
Latif tamb�m acredita que a eleva��o dos �ndices de infla��o por causa da alta do etanol pode contaminar as proje��es dos analistas financeiros e exigir mais aumentos nos juros. “Dado o aquecimento da economia, qualquer aumento pode ter repercuss�o na cadeia, dadas as expectativas inflacion�rias”, explicou. Para ela, o governo precisar� contar com a ajuda do d�lar barato e com a estabilidade nos pre�os dos alimentos para que a infla��o termine 2011 dentro da meta.
O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) Adriano Pires � menos otimista. De acordo com ele, os aumentos de pre�o do biocombust�vel em plena safra da cana-de-a��car n�o � sazonal. “A alta � provocada pelo descompasso entre a oferta e a demanda do combust�vel. Nos �ltimos dois anos, a produ��o quase n�o cresceu, enquanto as vendas de carros cresceram 10% s� no primeiro semestre [deste ano]”.
Na avalia��o de Pires, os reajustes de pre�os continuar�o at�, pelo menos, 2013. No entanto, acredita que o aumento antecipado do etanol pode ter uma vantagem. “Em vez de o consumidor ser surpreendido por um reajuste no fim do ano, o impacto sobre os pre�os deve ser um pouco mais dilu�do na pr�xima entressafra”.