
O sucesso alcan�ado por sites de redes sociais e, mais recentemente, de compras coletivas vem mexendo com os investidores, que enxergam na onda de abertura de capital uma excelente oportunidades de gerar ganhos. A primeira a fazer um IPO (oferta inicial de a��es, na sigla em ingl�s) foi a LinkedIn. Criada em 2004 com a inten��o de reunir pessoas numa rede de contatos profissionais, a companhia teve o valor inicial de mercado avaliado em US$ 4 bilh�es, quase 16 vezes o seu faturamento anual. No primeiro dia de negocia��es, as a��es tiveram uma valoriza��o de 106%, fazendo com que a empresa dobrasse de valor e ultrapassasse US$ 8 bilh�es.
Previsto para at� o fim do ano, o IPO do Facebook j� fez com que o valor do site criado por Mark Zuckerberg saltasse de US$ 14 bilh�es para US$ 80 bilh�es nos �ltimos dois anos. O microblog Twitter, que faturou US$ 45 milh�es no ano passado, foi avaliado, recentemente, em US$ 3,7 bilh�es. J� o Groupon, maior site de compras coletivas do mundo, recusou uma proposta de aquisi��o no valor de US$ 6 bilh�es feita pelo Google por considerar que a empresa pode valer at� US$ 15 bilh�es quando abrir o capital.
No entanto, o alvo dos investidores n�o se resume aos grandes sites. Com apenas quatro anos de exist�ncia, o desconhecido The Naturally Curly Network, uma rede social que se prop�e a reunir pessoas que t�m cabelo encaracolado, foi avaliado em US$ 2 milh�es e, recentemente, recebeu um aporte de US$ 1,2 milh�o de um fundo de capital de risco norte-americano.
VOLTA AO PASSADO A sensa��o de dej� v�, com estimativas distorcidas e valoriza��es extremamente r�pidas, levanta questionamentos sobre o ressurgimento de um movimento especulativo. “Se a hist�ria servir como algum indicador, podemos ver que a maioria dos elementos que formaram a bolha de 2000 est� presente no cen�rio atual, incluindo a r�pida valoriza��o de marcas, um mercado confiante, com muita especula��o e excesso de liquidez (recursos dispon�veis)”, escreveu a analista financeira Dian Chu ao site Daily Markets.
Segundo Greg Sushinsky, investidor norte-americano que h� 20 anos atua no Vale do Sil�cio, a euforia com as marcas eletr�nicas est� de volta. “A valoriza��o dos IPOs das companhias de internet realmente est� acima do normal”, disse. “� comum vermos euforia, mas vale lembrar que toda aposta em inova��o representa um risco. Por isso, � importante aprendermos com as li��es do passado para que elas n�o se repetam”, ponderou o coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da Funda��o Getulio Vargas (FGV), Carlos Affonso Souza.
MEM�RIA
O primeiro estouro
Com o in�cio da populariza��o da internet, entre 1995 e 1999, o mundo viu nascer centenas de empresas na web que estavam dispostas a oferecer os mais diversos servi�os, de reservas de hot�is � entrega on-line de frutas e verduras. Entre 1995 e 2000, aproximadamente 400 companhias pontocom abriram capital na Nasdaq. Do dia para a noite, marcas que mal tinham uma sede fixa levantaram milh�es de d�lares. Embalados pelo otimismo e desconsiderando o pouco conhecimento que cercava o ambiente web, investidores apostaram muito dinheiro nessas firmas. As especula��es dominaram o mercado, fazendo com que o �ndice Nasdaq atingisse a marca recorde de 5.132 pontos, quase o dobro de um ano antes. Em 10 de mar�o de 2000, no entanto, a bolha n�o aguentou. Ap�s a divulga��o de maus resultados financeiros de muitas dessas empresas, os investidores desencadearam uma rea��o de vendas de pap�is. O �ndice despencou quase 500 pontos em cinco dias. Grande parte das chamadas empresas pontocom criadas no fim da d�cada de 1990 foi vendida por pre�os irris�rios ou desapareceu, criando um enorme preju�zo para investidores e causando um certo descr�dito do mercado em rela��o � viabilidade das companhias da internet. Hoje, passados 11 anos da crise, a Nasdaq opera em torno de 2.700 pontos.