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Estado de Minas

Presidente da CNI avalia situa��o da ind�stria


postado em 24/07/2011 08:25



Bras�lia – A ind�stria est� apreensiva. Respons�vel pela manuten��o do f�lego econ�mico durante a crise financeira, o setor enfrenta agora uma onda de desaquecimento. Quest�es problem�ticas como a pesada carga tribut�ria, juros altos e d�lar desvalorizado em rela��o ao real est�o deixando segmentos industriais � m�ngua. Para o presidente da Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI), o mineiro Robson Braga de Andrade, a queda do desemprego para patamares in�ditos e o aquecimento nos servi�os escondem a dificuldade de alguns setores produtivos de conseguir financiamento e distribuir seus produtos no mercado internacional. “Parece que est� uma maravilha, mas nos detalhes, voc� percebe problemas”, afirma. Na entrevista, o empres�rio afirma que, depois do pouco sucesso da primeira Pol�tica de Desenvolvimento Produtivo (PDP), aguarda a divulga��o da segunda vers�o do programa – prometida pelo governo para agosto – na esperan�a de ver atendidos os pedidos de mais medidas para aumentar o incentivo � inova��o e � competitividade. Andrade defende a atua��o do Banco de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) e v� poucas esperan�as na proposta de desonera��o da folha de sal�rios.

Como o senhor avalia o cen�rio brasileiro atual em meio a esc�ndalos de corrup��o no governo e turbul�ncias internacionais na economia?
Na quest�o pol�tica, como no caso recente do Minist�rio dos Transportes, o Brasil continua avan�ando. H� algum tempo, ach�vamos que corrup��o era uma quest�o end�mica. Hoje, h� puni��o e as provid�ncias s�o tomadas. Isso reflete um amadurecimento da sociedade e da pol�tica. Em rela��o � economia, h� 20 anos, os reflexos de crises como a dos EUA e da Europa demoravam para chegar, vinham de navio. Hoje, v�m por e-mail. � um pouco paradoxal porque muitos setores no mercado dom�stico est�o com a utiliza��o da capacidade das f�bricas elevada, em torno de 82%, 83% e com emprego crescendo. Parece que est� uma maravilha, mas nos detalhes, voc� percebe problemas.

Que tipo de problemas?
As margens dos produtos est�o caindo muito por conta dos juros altos e do cr�dito caro e escasso ao consumidor. Al�m disso, voc� tem um d�lar desvalorizado em rela��o ao real que atrai as importa��es. Os produtos fabricados em pa�ses desenvolvidos, onde o consumo foi reduzido, est�o sendo vendidos em mercados como o nosso, que ainda t�m potencial. A entrada dessas mercadorias contribui para reduzir as margens das empresas. Diante desse cen�rio, a ind�stria fica inquieta em rela��o ao futuro do pa�s e os investimentos n�o saem.

Ent�o n�o h�, na vis�o da ind�stria, o crescimento sustentado enxergado pelo governo?
H� crescimento em alguns setores. N�o � que ele n�o seja sustentado. Mas ele � mais sustentado em determinados segmentos, como o dos alimentos. O brasileiro est� comendo mais, est� vivendo melhor. Em servi�os e em setores da ind�stria ligados ao turismo e ao lazer h� uma relativa melhora, mas ela n�o � para toda a economia.

Mas a competi��o dos importados n�o faz bem ao consumidor, que pode ter acesso a produtos mais baratos?
Quando uma mercadoria � classificada como cara, � preciso fazer uma decomposi��o do pre�o, ver o que est� por tr�s disso. H� um grande peso da carga tribut�ria, por exemplo. Al�m do imposto, � necess�rio analisar o processo de fabrica��o. Se produz para o mercado dom�stico, h� uma sequ�ncia de tributos em toda a sua cadeia. Se est� exportando, pode desonerar a cadeia por meio do Drawback (mecanismo do governo que isenta de impostos as compras de insumos destinados � produ��o de mercadorias que ser�o exportadas).

Ent�o, a ind�stria nacional precisa de prote��o? Mesmo ap�s ter dado mostras, durante a abertura econ�mica, de que � capaz de competir?
A ind�stria n�o est� pedindo prote��o. Est� pedindo isonomia. O produto importado entra hoje no Brasil livre de impostos, oriundo de pa�ses onde a carga tribut�ria � de 20% ou 10%, enquanto o que produzimos tem uma carga de quase 37%. H� ainda os custos elevados de m�o de obra. Atualmente, v�rias empresas est�o contratando engenheiros de Portugal e da Espanha por 1.800 euros. No Brasil, um profissional desses n�o vai trabalhar por menos de R$ 15 mil, que, por causa da legisla��o, custam R$ 30 mil � empresa. E as companhias est�o fazendo isso legalmente. Trazem o funcion�rio, pedem visto de trabalho.

A desonera��o da folha de sal�rios pode ser substitu�da por uma contribui��o sobre o faturamento. Uma das propostas � aumentar a Contribui��o Social sobre o Lucro L�quido. N�o � troca ruim?
Na discuss�o com o Minist�rio da Fazenda foi proposta a desonera��o da folha e uma entidade prop�s a retomada da CPMF. Todo mundo foi contra porque � um imposto ruim, de m� qualidade e que penaliza os setores de forma diferente. Os segmentos com uma cadeia produtiva longa sofreriam mais. A CNI ficou de fazer um estudo para apresentar � Fazenda alternativas de compensa��o. Nas simula��es que fizemos, n�o conseguimos achar um tributo que tivesse impacto igual em todos os setores. A solu��o � desonerar a folha em 6%, ao longo de tr�s anos, 2% de cada vez, em um processo gradual.

N�o existe uma comodidade do setor empresarial, de s� fazer investimentos quando o governo d� garantias ou o BNDES participa?
Acho que n�o. O BNDES tem sido o ponto forte do pa�s desde o segundo mandato do Lula. Hoje ele � o grande financiador do desenvolvimento brasileiro. Ainda com taxas que n�o s�o as melhores do mundo, mas tamb�m s�o bem melhores do que as taxas dos bancos comerciais. Al�m disso, � a �nica institui��o que financia os programas de infraestrutura no Brasil. Se n�o fosse isso, estar�amos em situa��o terr�vel.

O governo anunciou programas de incentivo. Porque at� agora nada saiu? Partimos de um projeto pouco ambicioso?

A primeira Pol�tica de Desenvolvimento Produtivo (PDP) foi anunciada e muitas coisas foram feitas, mas muitas n�o. N�s estamos aguardando o PDP 2, com medidas que possam trazer para o setor produtivo o que estamos esperando, de desenvolvimento de pol�ticas voltadas para o incentivo e para a isonomia competitiva.


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