
Enquanto diversos setores j� desistiram de exportar, os brasileiros v�o �s compras em Miami, em Buenos Aires ou Paris. Segundo dados do Banco Central, nada parece desanimar os brasileiros em viagens internacionais – nem o aumento de Impostos sobre Opera��es Financeiras (IOF) sobre gastos com cart�o de cr�dito no exterior. Os gastos dessa turma no primeiro semestre bateram novo recorde, chegando a US$ 10,18 bilh�es (R$ 15,6 bilh�es). O n�mero � 65% maior que o registrado nos primeiros seis meses de 2010. Em junho, os brasileiros deixaram l� fora US$ 1,85 bilh�o (R$ 2,8 bilh�es), segundo dados do Banco Central.
Por outro lado, o real forte abre as portas para os fabricados l� fora, mas tem efeitos no encolhimento da pauta de exporta��es. Nos �ltimos seis anos, Minas Gerais, por exemplo, incluiu 1,2 mil novos produtos para serem vendidos no mercado externo. Todos eles j� foram abandonados. Segundo a Federa��o das Ind�stria de Minas Gerais (Fiemg), a deteriora��o da moeda � t�o forte que j� atinge os mercados com grande valoriza��o. “At� mesmo as commodities j� come�am a ser afetadas”, aponta Lincoln Fernandes, presidente do Conselho de Pol�tica Monet�ria da entidade. Segundo ele, o d�lar abaixo de R$ 1,80 cria para o setor produtivo situa��o de insustentabilidade. “Medidas contundentes s�o necess�rias. A quest�o n�o � mundial, mas conjuntural do pa�s.”
Para muitos, a sa�da para fazer frente � perda de valor do d�lar tem sido o rearranjo da rota, que inclui fechar a produ��o no Brasil, importar e desistir de exportar. “Comecei a ser expulso do setor exportador quando o d�lar foi a patamares abaixo dos R$ 2,3”, diz L�cio Costa, presidente da mineira Suggar, que j� foi premiado como exportador. Segundo ele, dos 154 produtos vendidos pela Suggar, 145 s�o produzidos com tecnologia americana e europeia na China. “A carga tribut�ria chinesa deveria ser exemplo para o Brasil; n�o motivo de medo.”
Cr�ticas
L�cio Costa, que modificou o modelo de atua��o da Suggar, vendeu no ano passado 1,6 milh�o s� de lavadoras. Como importador, se beneficia do c�mbio, mas n�o poupa cr�ticas. Segundo ele, o pa�s exporta impostos, o que impede a ind�stria de agregar valor aos seus produtos. “O principal benefici�rio das importa��es � o governo, que evita inadimpl�ncia, j� que os produtos s� s�o desembara�ados com todos os impostos pagos. O recorde de arrecada��o do pa�s se deve tamb�m �s importa��es”, alfineta.
Em conta r�pida, o presidente da Associa��o Brasileira da Ind�stria T�xtil e de Confec��es (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, que tamb�m � presidente da Cedro e Cachoeira, conta que s�pelo c�mbio os produtos nacionais sofrem uma concorr�ncia superior a 60% com os chineses. “A moeda chinesa, o yuan, ao contr�rio do real, est� 30% desvalorizada em rela��o ao d�lar”. Ele aponta que em maio e junho a ind�stria t�xtil e de confec��es j� cortou 560 empregos. O peso da ind�stria de transforma��o brasileira caiu de 27% do PIB (Produto Interno Bruto), em 1985, para 16% hoje.
Quinto do ranking
O Brasil saiu da 14ª para a 5ª posi��o no ranking dos principais destinos de Investimento Estrangeiro Direto (IED) de 2009 para 2010, de acordo com World Investiment Report de 2011, da Confer�ncia das Na��es Unidas sobre Com�rcio e Desenvolvimento (Unctad), divulgado ontem no pa�s pela Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globaliza��o Econ�mica (Sobeet). “Com o avan�o mais acentuado dos ingressos de IED no Brasil do que no resto do mundo, o pa�s saltou nove posi��es entre os principais destinos de IED de 2009 para 2010”, refor�ou o presidente da Sobeet, Lu�s Afonso Lima. Segundo o documento, a desconcentra��o dos fluxos de IED ocorre n�o apenas por destino, mas tamb�m por origem. Fluxos originados em economias em desenvolvimento aumentaram 21% em 2010. Estes agora respondem por 29% dos fluxos globais, de acordo com a Unctad. Em 2010, seis economias em desenvolvimento encontravam-se entre as Top 20 investidoras. “Mantida a atual velocidade de desconcentra��o dos fluxos de IED por origem, em 2017 dever�o ultrapassar economias desenvolvidas como fontes de IED”, observou Lima.