Diante da seca da gasolina nos postos de Minas, os revendedores de combust�vel t�m reduzido o pre�o do etanol para evitar o desabastecimento completo e a consequente perda de clientes. Dias depois de as distribuidoras reajustarem em at� R$ 0,06 o valor do litro da gasolina, por causa da necessidade de se buscar combust�vel nas refinarias de S�o Paulo e do Rio de Janeiro, a rea��o dos donos de postos foi abaixar em at� R$ 0,08 o pre�o do etanol nas bombas, mesmo com as perspectivas de moagem da cana-de-a��car estarem abaixo do esperado. Com isso, se at� a semana passada o �lcool era tido como vil�o dos motoristas no estado e empres�rios da ind�stria da cana-de-a��car chegaram at� a prever o sepultamento dos carros flex, em alguns postos j� se encontra equil�brio no pre�o dos dois combust�veis. Em BH j� h� casos em que o valor do litro do etanol j� est� abaixo dos 70% do pre�o da gasolina, o que o deixa mais vantajoso.
O Estado de Minas percorreu ontem 10 postos da Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte e comparou os pre�os dos dois combust�veis com os valores encontrados na �ltima pesquisa semanal da Ag�ncia Nacional de Petr�leo, G�s Natural e Biocombust�veis (ANP), feita no dia 2 de agosto e divulgada na sexta-feira passada. No comparativo, � poss�vel constatar que cinco postos reajustaram o valor da gasolina e o aumento chega a R$ 0,147, no Posto Petromar, localizado na Rua Mato Grosso, 212, no Barro Preto. O reajuste � equivalente a 5,61% do pre�o anterior. Em todos os postos em que houve aumento, segundo funcion�rios, tamb�m registrou-se desabastecimento em pelo menos um dia desta semana. Nos outros quatro postos visitados pelo EM, o pre�o manteve-se inalterado em rela��o ao levantamento da ANP.
Como o problema de falta de combust�vel n�o afeta todos os postos – os mais prejudicados s�o os das bandeiras Ipiranga e Petrobras –, a solu��o encontrada por quem sofre com a seca � diminuir o valor do �lcool, aumentando a competitividade e possibilitando que os motoristas optem por aquele que estiver com menor pre�o. Na rota percorrida pela reportagem, a maioria dos postos reduziu o pre�o do etanol ou optou pela estabilidade.
Dono de um posto na Rua dos Goitacazes, no Barro Preto, na Regi�o Centro-Sul, e tr�s no interior do estado, o empres�rio Guilherme Proc�pio afirma que a distribuidora aumentou em R$ 0,03 o litro da gasolina e, com isso, ele foi obrigado a repassar o valor para o consumidor. Em contrapartida, para n�o perder clientes e evitar a falta di�ria de combust�vel, ele decidiu abaixar o pre�o do etanol. “A solu��o � ganhar menos no �lcool para tentar torn�-lo mais atrativo. Mas, ainda assim, o pessoal n�o abastece com �lcool”, afirma o empres�rio. A explica��o, segundo ele, � que a al�quota do ICMS cobrada sobre o produto (22%) faz com que seja invi�vel optar pelo etanol em Minas e, como os motoristas j� est�o acostumados a escolher gasolina, nem fazem o c�lculo para comparar os dois. “At� a semana passada, eu vendia entre 6 mil e 7 mil litros de gasolina por dia, agora estou vendendo at� tr�s vezes menos”, afirma Proc�pio. No posto, ontem, as bombas de gasolina aditivada amanheceram vazias e ao meio-dia a comum tamb�m acabou. Quando chegar� ele n�o sabe responder.
Pr�ximo dali, no Posto Petromar, na Rua Mato Grosso, a solu��o foi semelhante: com as distribuidoras cobrando R$ 0,025 a mais pelo litro da gasolina, o custo foi repassado para as bombas e o produto passou de R$ 2,619 para R$ 2,766 – o maior aumento entre os pesquisados pelo EM. Por consequ�ncia, os revendedores decidiram diminuir em R$ 0,07 o litro do etanol. O resultado � que passou a compensar abastecer com �lcool, que representa 68% do valor da gasolina. “Temos conv�nio com muitas empresas, por isso, temos que garantir que n�o vai faltar gasolina. A solu��o foi incentivar aos demais a encher os tanques com etanol, evitando o desabastecimento”, afirma o gerente da unidade, Jos� Romeu Soares. Com as altera��es de pre�o, os ganhos sobre o litro do �lcool ca�ram de R$ 0,14 para R$ 0,07, ou seja, perderam metade dos ganhos com o produto. “Quem vai cobrir o preju�zo eu n�o sei, mas quem vai sofrer com o problema � o dono do posto”, afirma Soares.
Em falta
Nos dois postos do empres�rio Osvaldo Lara Filho, diariamente � preciso avisar aos clientes que o combust�vel acabou. S�o encomendados 20 mil litros/dia para abastecer a unidade do Bairro Sagrada Fam�lia, mas a distribuidora repassa at� 75% menos, o que resulta na seca das bombas. “Vamos reivindicar que o pre�o do etanol seja reduzido para ser competitivo e para que quem tem carro flex possa ter duas op��es que valem a pena”, afirma.
O desabastecimento dos postos � resultado da manuten��o da Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Betim, na Grande BH. A Petrobras afirma que a parada se prolongar� at� o fim do m�s. Sem o pleno funcionamento da linha de produ��o, as distribuidoras recebem 25% menos que o total demandado e, por isso, � preciso buscar combust�vel em estados vizinhos. O transporte encarece o produto em at� R$ 0,15, segundo c�lculos do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combust�veis e Lubrificantes (Sindicom). Em nota, a Shell confirmou que aumentou o pre�o do litro do combust�vel. “Em fun��o da parada para manuten��o da Regap, [a Shell] est� abastecendo seus postos de combust�veis em Minas Gerais por meio de refinarias alternativas, como Duque de Caxias (RJ) e Paul�nia (SP). Em decorr�ncia disso, h� um aumento de custo, o que resulta em repasse para os postos revendedores”, diz o texto.
O que nos interessa
Vantagem nas bombas
A queda nos pre�os do etanol nas bombas de combust�vel pode possibilitar aos motoristas mineiros o abastecimento com o produto. Diante de uma safra de cana-de-a��car insuficiente, o pre�o do �lcool se manteve caro e, por isso, permaneceu vantajoso abastecer com gasolina no estado. Esse quadro come�a a mudar com o problema da escassez do derivado do petr�leo. Para saber qual combust�vel escolher, o consumidor deve comparar os pre�os. Especialistas apontam que, se o valor do litro do etanol representar at� 70% do pre�o da gasolina, � melhor optar por ele. Resolu��o da Ag�ncia Nacional do Petr�leo, G�s Natural e Biocombust�veis (ANP) obriga aos revendedores a afixar mensagem comparando os pre�os de ambos.