O Brasil precisa deixar de ser apenas um montador de aparelhos e come�ar a investir no desenvolvimento de tecnologia de telecomunica��es, segundo Alan Fischler, gerente de Tecnologia da Informa��o e Comunica��o do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES). Fischler acredita que os incentivos que integram o novo pacote do governo para a pol�tica industrial denominado Brasil Maior, podem ser uma boa oportunidade para o desenvolvimento da ind�stria nacional de infraestrutura e equipamentos para telecomunica��es. "Precisamos romper o ciclo de ser apenas importadores. Temos que identificar as principais rotas tecnol�gicas que importam para o Pa�s. N�o adianta tentar competir com tecnologias maduras, porque elas j� t�m custo reduzido. Isso significa que temos que estar sempre olhando para o futuro, quais as rotas que est�o surgindo e investir em capacita��o e inova��o", disse Fischler, durante o semin�rio "O futuro das telecomunica��es no Brasil", no Clube de Engenharia, no Rio de Janeiro.
Dados da Associa��o Brasileira da Ind�stria Eletroeletr�nica mostram que o d�ficit comercial do setor de telecomunica��es ser� de US$ 33 bilh�es em 2011. Em 2010, o d�ficit foi de US$ 27 bilh�es.
Segundo o gerente do BNDES, as principais ind�strias de telecomunica��es do mundo sempre estiveram presentes no Brasil. Al�m das multinacionais, ainda h� algumas nacionais, mas que n�o desenvolvem tecnologia de produtos. "Essa ind�stria � de baixa agrega��o tecnol�gica, mesmo a que n�o � de telefones celulares, a de infraestrutura mesmo. O Brasil sempre foi basicamente um montador de equipamentos. N�o tem jeito, os componentes sempre foram importados", disse Fischler. "Ent�o, paradoxalmente, quanto maior o setor telecomunica��es no Brasil, maior ser� o d�ficit comercial do setor."
Para ele, as ind�strias genuinamente brasileiras s�o sobreviventes, "apenas 10 ou 11", gra�as a uma "sele��o natural". Fischler diz que essas empresas hoje t�m portf�lio limitado de produtos, n�o t�o completo quanto das multinacionais mas s�o competentes em seus nichos de atua��o, enfrentando a concorr�ncia com importados tanto tecnologicamente quanto em pre�o.
Fischler ressalta que um dos problemas de contar com multinacionais para fornecimento de equipamentos � que a estrutura de montagem � muito ef�mera. "Quando a condi��o externa � mais ou menos inconveniente, elas v�o embora para produzir em outro lugar do mundo. H� press�o forte da matriz", acrescentou.
Na avalia��o do gerente do banco de fomento, os incentivos do Brasil Maior podem ajudar a ind�stria nacional do setor. "Temos de aproveitar agora essa bola da vez que � o Brasil, com esse conjunto de incentivos fiscais e de outros tipos, para trazer o desenvolvimento de fato de produtos e equipamentos. V�rias dessas empresas multinacionais est�o montando centros de desenvolvimento no Brasil. Parte da solu��o � trazer para o Pa�s o desenvolvimento de produtos que possam alavancar a cadeia de valor. Voc� projeta os componentes, o chip", afirmou Fischler.