Bras�lia – A crise que se abate sobre Europa e Estados Unidos come�a a ganhar nova forma, a de recess�o. A cada dia especialistas revisam seus cen�rios para pior e, ontem, com Fran�a registrando zero de crescimento, Jap�o reduzindo as perspectivas para o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas do pa�s) e a Gr�cia oficialmente em recess�o, os mais pessimistas acreditam que se abriu a porta para o caos que devastou economias em 2008. O medo de que pa�ses perif�ricos da Zona do Euro d�em o calote e levem bancos � fal�ncia aumentou.
Os EUA, apesar da Europa em frangalhos, tamb�m est�o no cerne da turbul�ncia. Depois de ter sua nota soberana rebaixada e espalhar p�nico pelas bolsas do mundo inteiro no in�cio da semana, agora as previs�es para a terra do Tio Sam apontam para um recuo do PIB no terceiro trimestre. Os n�meros dos primeiros tr�s meses do ano tamb�m foram revisados para baixo, de 1,9% para apenas 0,4%. Ao lado disso, a confian�a do consumidor norte-americano caiu ao menor patamar desde 1980 causando ainda mais medo de que a economia que � uma das locomotivas do planeta pare. O n�vel de confian�a recuou de 63,7 pontos em julho para 54,9, em agosto.
Para Nicola Tingas, economista-chefe da Associa��o Nacional das Institui��es de Cr�dito, Financiamento e Investimento (Acrefi), o cen�rio � inequ�voco, o mundo est� passando por “uma desacelera��o adicional”. “Principalmente EUA e Europa. Entretanto, n�o d� ainda para caracterizar se � uma queda em W ou n�o”, observou. “O mundo, agora, tenta postergar ou segurar esse ritmo de desacelra��o para que ele n�o chegue a um aprofundamento global maior.”
A ag�ncia de estat�stica da Fran�a embasa os argumentos de Tingas. Ontem, ela informou que o PIB do pa�s registrou varia��o zero entre abril e junho comparado ao primeiro trimestre, quando o resultado havia sido de 0,9%, o melhor dos �ltimos cinco anos. O desempenho foi puxado pelos gastos do consumidor que, sem confian�a, reduziu as compras em 0,7%. A produ��o industrial na Zona do Euro tamb�m decepcionou ao encolher 0,7% em junho contra o m�s imediatamente anterior.
“Isso pode sugerir que a fraqueza pode persistir tamb�m no terceiro trimestre”, avaliou Giada Giani, economista do Citigroup em Londres. Elson Teles, economista-chefe da gestora de recursos M�xima Asset Management, faz coro a Ginai. “A situa��o mais grave sem d�vida est� na Europa. Mas falta um gatilho para virar recess�o, uma morat�ria ou a quebra de um banco que transforme essa crise em algo sist�mico e reduza drasticamente a liquidez”, ponderou.
CRISE LONGA
“Temos de nos preparar para um longo per�odo de crise.” A frase foi dita ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, aos ministros de Economia dos 12 pa�ses da Uni�o de Na��es Sul-Americanas (Unasul), reunidos em Buenos Aires. “Temos tamb�m de estar prontos para uma crise mais longa nos pa�ses avan�ados, de modo a aproveitar a situa��o que existe hoje nos pa�ses da Am�rica Latina.” Os ministros dos pa�ses da Unasul aprovaram a amplia��o do Fundo Latino-Americano de Reservas (FLR), mecanismo do qual o Brasil ainda n�o participa. Para integrar o fundo, os pa�ses devem pagar cotas de US$ 125 milh�es a US$ 500 milh�es.
FUNDO GWI � FECHADO
A forte queda da bolsa j� provocou estragos no mercado de fundos de investimento. Os nove fundos da gestora de recursos GWI Asset Managemet, conhecida pela atua��o agressiva no mercado de a��es e derivativos, foram fechados para aplica��es e regastes at� o dia 26. Um �nico fundo da GWI, o Private, perdeu 273,1% s� no dia 10 e quebrou, ficando com patrim�nio negativo de R$ 25 milh�es, fato raro no mercado de fundos brasileiro. Os fundos da GWI s�o voltados apenas para investidores de alta renda, com aplica��o m�nima de R$ 250 mil.