
Luiz Cl�udio Caffagni, gerente de Servi�os em Commodities da BM&FBovespa, destaca que a bolsa tem dois produtos: a��es, para quem quer investir; e derivativos, para prote��o. “O mercado futuro d� a seguran�a do pre�o fixo de mercadorias que sofrem impactos de fatores externos, como clima e pragas”, disse. Ele exemplifica que o produtor de caf� ainda est� colhendo a safra 2011, mas j� sabe que a cota��o para a venda da saca em setembro de 2012 � de US$ 301,85 (fechamento em 16 de agosto) e com uma taxa de c�mbio de R$ 1,59. Assim, pode negociar hoje 5% da safra, ou quanto quiser, para garantir esses valores no futuro.
Na pr�tica, a venda da produ��o � feita por meio de uma corretora de valores, cadastrada para operar no mercado futuro. “Ele d� a ordem de venda para a corretora, que negocia o contrato, e a bolsa garante que esse contrato ser� liquidado”, explica Caffagni. A entrega n�o �, necessariamente, f�sica. O comprador pode ser uma pe�a da cadeia produtiva da commodity, ou um investidor, ou at� mesmo um especulador. “Tem gente que ganha na diferen�a de pre�o entre os contratos”, afirmou.
Os principais produtos negociados na BM&F s�o boi gordo, caf�, milho, soja e etanol. De janeiro a julho, foram registrados 1.331.539 contratos futuros e de op��es, uma alta de 3,6% em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado (1.285.039). Nos sete primeiro meses do ano, o volume financeiro foi de R$ 39,9 bilh�es, um crescimento de 47,3% ante igual intervalo em 2010 (R$ 27,11 bilh�es).
Uma opera��o pode ter, pondera Caffagni, quatro objetivos. Um dele � o hedge, uma esp�cie de seguro de pre�o que protege o participante do mercado f�sico contra varia��es adversas de taxas, moedas ou pre�os. O outro � a alavancagem, j� que a negocia��o com esses instrumentos exige menos capital do que a compra do ativo � vista. Um terceiro objetivo � a especula��o diante da possibilidade de operar a tend�ncia de pre�os do mercado. E, por �ltimo, a arbitragem, onde se tira proveito da diferen�a de pre�os de um mesmo produto negociado em mercados variados.
Pertinho do agricultor
A BM&FBovespa informou que o programa “Bolsa Vai ao Campo”, de populariza��o da entidade, estar� em Paracatu, no Noroeste de Minas, em 9 de setembro. Durante o evento s�o ministradas palestras com temas diversos, que v�o desde administra��o de finan�as pessoais at� t�cnicas para operar no mercado futuro.
Mist�rio no campo
“A Bolsa de Mercadorias e Futuros ainda � mist�rio para a grande maioria”, diz Pierre Vilela, coordenador da assessoria t�cnica da Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado de Minas Gerais (Faemg). “Primeiro, pela compreens�o. Segundo, pelo n�vel de gest�o que a propriedade precisa ter. Poucos agricultores utilizam os mecanismos oferecidos, fazendo op��o pelo mercado f�sico. As facilidades da bolsa ficam restritas a grandes empresas, ind�strias e trades”, avalia.

J� L�cio Dias, superintendente de Opera��es e Mercado Interno da Cooxup�, maior cooperativa de caf� do pa�s, opera no mercado futuro h� quase 30 anos. O caf� � a commodity mais “madura” da BM&FBovespa, sendo negociada desde 1978. “O momento do vendedor � diferente do momento do comprador. O primeiro gosta de vender na alta, e o segundo, de comprar na baixa. Ent�o, a �nica forma de ter liquidez � operar no mercado futuro”, justifica.
A Cooxup� recebe o caf� dos cooperados e, se n�o tem ningu�m para comprar o estoque, ele � comercializado na bolsa. “Os maiores benef�cios para n�s, al�m da liquidez, s�o o tempo de resposta ao produtor e a seguran�a. Tenho uma prote��o que garante uma margem preestabelecida”, destaca Dias. Para quem quer usar os mecanismos, mas n�o tem condi��es de operar, vale procurar uma cooperativa ou outra entidade de apoio ao produtor rural.