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Estado de Minas

Fisioterapeutas suspendem atendimento em protesto contra planos de sa�de

Profissionais da �rea de reabilita��o seguem exemplo de m�dicos conveniados aos planos e interrompem atividade. Protesto contra a baixa remunera��o deixa 3,5 mil sem atendimento


postado em 23/08/2011 06:00 / atualizado em 23/08/2011 09:35

João Batista de Castro sofre de dores na coluna: além de encontrar barreiras ao tratamento, ontem ele foi surpreendido com a faixa que informava sobre o movimento(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Jo�o Batista de Castro sofre de dores na coluna: al�m de encontrar barreiras ao tratamento, ontem ele foi surpreendido com a faixa que informava sobre o movimento (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

A paralisa��o do atendimento m�dico aos planos de sa�de realizada pelos m�dicos em abril agora se repete com os profissionais da reabilita��o. Cerca de 3,5 mil usu�rios de planos de sa�de n�o conseguiram atendimento nessa segunda-feira em cl�nicas de Belo Horizonte e nesta ter�a-feira , mais uma vez, os estabelecimentos estar�o fechados para os conv�nios m�dicos. O protesto faz parte de um movimento dos fisioterapeutas contra os valores pagos pelos planos e esquenta a tens�o na sa�de suplementar. Os usu�rios dos servi�os acabam se tornando alvo e s�o os que mais sofrem com o problema.

Segundo o Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais (Sinfito-MG) o valor da consulta, que varia de R$ 4,20 a R$ 12, n�o tem sido suficiente para cobrir os custos. “Tentamos negociar com os planos o valor m�nimo de R$ 19 pela sess�o, mas n�o tivemos retorno. Atualmente, retirados os custos, sobra, em m�dia, R$ 0,80 para o profissional. � imposs�vel trabalhar com esses valores”, aponta Bruno Fukino, presidente do sindicato. Nessa segunda-feira, cerca de 25 cl�nicas de Belo Horizonte fecharam as portas. Segundo empres�rios do setor, o preju�zo m�dio � de R$ 15 mil ao dia.

O dano aos pacientes n�o foi maior porque as cl�nicas fizeram um aviso pr�vio. Ainda assim, houve caso de usu�rio de plano que optou pelo atendimento particular. Mais de 90% dos pacientes atendidos pela fisioterapia s�o usu�rios de planos de sa�de e a lista de queixas dos usu�rios do servi�o � enorme.

A psic�loga Nelita Freitas � usu�ria de plano de sa�de e conseguiu atendimento em pleno dia de protesto porque banca o tratamento preventivo com recursos pr�prios. Nelita conta que tinha restri��es ao uso de cortic�ides e s� curou uma inflama��o depois de fazer 40 sess�es de fisioterapia. Para n�o sofrer reca�das e manter a sa�de, ela faz um trabalho de manuten��o. Paga R$ 220 por m�s, por duas sess�es. “Acho que os planos deveriam investir tamb�m na preven��o. Se eu n�o fizesse o refor�o muscular, poderia sofrer novamente com o problema que j� consegui superar.”

Apesar de entidades de defesa do consumidor apontarem a necessidade de haver uma media��o dos conflitos, a Ag�ncia Nacional de Sa�de Suplementar (ANS) n�o interfere na rela��o entre os prestadores de servi�os e as operadoras. A ANS informa, no entanto, que n�o pode haver preju�zos aos usu�rios. “A operadora deve garantir o atendimento. Se isso n�o acontecer, o usu�rio pode entrar em contato com o disque ANS e fazer uma den�ncia”, refor�a a ag�ncia, por meio de sua assessoria.

A fisioterapia est� inclu�da no rol de procedimentos obrigat�rios, mas o atendimento hoje se tornou um desafio. Segundo Isidro Alvarez, que administra quatro unidades da Cl�nica Fisior em Belo Horizonte, s�o cerca de 200 pacientes por dia sem atendimento. Ele aponta que n�o s�o poucos os neg�cios que j� fecharam as portas ou mudaram o ramo de atividade. O Sinfito tamb�m informa que as operadoras dificultam o atendimento aos usu�rios, n�o investem no tratamento preventivo, o que pode agravar o quadro dos pacientes e tornar o servi�o ainda mais caro.


Com dores

Nelita Freitas prefere bancar tratamento: gastos de R$ 220 (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Nelita Freitas prefere bancar tratamento: gastos de R$ 220 (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Esta � tamb�m a reclama��o do aposentado Jo�o Batista de Castro. Ele sente dores na coluna e precisa come�ar a fisioterapia. Como n�o sabia da paralisa��o, foi surpreendido pela faixa informando o protesto na porta de uma cl�nica. “Tive um imprevisto e atrasei para come�ar o tratamento. Avisei ao plano de sa�de e mesmo assim eles interromperam minha autoriza��o com alega��o de que demorei sete dias corridos para iniciar as sess�es.” O aposentado agora ter� que come�ar novamente do zero e marcar um m�dico para autoriz�-lo ao tratamento. “Preciso da fisioterapia e n�o sei quantos dias vou demorar para conseguir nova autoriza��o.”

H� 25 anos no mercado, Elo�sa Miranda � fisioterapeuta e dona do Instituto de Ortopedia e Fisioterapia (IOF), que funciona no Centro de BH. Segundo ela, cerca de 160 pacientes deixaram de ser atendidos por causa da paralisa��o. “Tentamos v�rios contatos com os planos, mas n�o tivemos retorno. Ao longo de 20 anos tivemos reajustes de alguns centavos, o que levou a situa��o a um limite.”

Procurada pela reportagem, a Unimed-BH informou que mant�m uma pol�tica de remunera��o diferenciada para os servi�os de reabilita��o frente ao mercado local. A cooperativa destacou que segue rigorosamente os contratos firmados. Ressaltou, ainda, que seus clientes podem procurar a operadora para esclarecer d�vidas, mas n�o comentou sobre seus usu�rios que nessa segunda-feira voltaram para casa sem atendimento. A Associa��o Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) informou que n�o faz parte de suas atribui��es discutir remunera��o a prestadores de servi�os. J� a Federa��o Nacional de Sa�de Suplementar (Fenasa�de), colocou que vem participando ativamente dos f�runs de debates sobre remunera��o m�dica, liderados pela ANS, e tamb�m das c�maras t�cnicas da Associa��o M�dica Brasileira (AMB).

Daqui para o futuro
Um novo modelo

Amanh� fisioterapeutas de Minas v�o se reunir para votar o que chamam de fim do tratamento parcial aos usu�rios de planos de sa�de. Segundo Isidro Alvarez, administrador em Belo Horizonte de quatro cl�nicas especializadas, a decis�o vai marcar um novo modelo no atendimento da reabilita��o. Segundo ele, hoje os conv�nios pagam para que o paciente trate uma parte do corpo. Por exemplo um ombro. No entanto, os fisioterapeutas defendem a reabilita��o global. “O que significa por exemplo, o refor�o do outro ombro que ser� sobrecarregado no processo de tratamento. N�o vamos mais aceitar a segmenta��o autorizada pelos planos.”

SAIBA MAIS
A mesma Justificativa

Em abril m�dicos promoveram um dia de protestos contra o valor pago pelas consultas m�dicas. Reclamaram tamb�m da interfer�ncia dos planos na conduta m�dica, como a limita��o no pedido de exames. O minist�rio da Justi�a impediu os m�dicos de coordenar movimentos como o ocorrido em abril. Em maio, fisioterapeutas de Minas distribu�ram carta aberta � popula��o. No texto denunciaram o pagamento de R$ 4,20 por sess�o de 50 minutos. Nessa segunda-feira cl�nicas especializadas interromperam atendimento aos conv�nios. Nesta ter�a-feira, o atendimento ser� novamente suspenso. Fisioterapeutas prometem promover protesto �s 11h na Pra�a da Liberdade.


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