A desacelera��o da China do patamar atual de crescimento ao redor de 9% para 3% a partir de 2013, novo n�vel que deve durar pelo menos cinco anos, vai afetar o Brasil de forma significativa, pois as exporta��es de alimentos n�o conseguir�o compensar a redu��o de embarques de outras commodities, como min�rio de ferro e petr�leo, disse o professor da Guanghuan School of Management, que � vinculada � universidade de Pequim, Michael Pettis. De janeiro a julho deste ano, o Brasil exportou para todo o mundo US$ 22,1 bilh�es em min�rio de ferro, 15,72% do total embarcado de US$ 140,5 bilh�es no per�odo, enquanto as vendas de petr�leo para o exterior atingiram US$ 12 bilh�es nos sete meses. As exporta��es nacionais de soja em gr�o (US$ 10,6 bilh�es), caf� em gr�o (US$ 4,1 bilh�es) e carne de frango (US$ 4 bilh�es) totalizaram US$ 18,7 bilh�es, 13,30% da soma de todas as exporta��es no mesmos sete meses, segundo o Minist�rio do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior.
"A expans�o do Brasil nos anos 1970 foi muito baseada na exporta��o de produtos b�sicos, mas depois houve um avan�o das vendas de manufaturados. Contudo, agora as vendas externas est�o novamente bastante baseadas em commodities, o que foi causado em boa parcela pela demanda da China", destacou � Ag�ncia Estado, depois de realizar palestra no Quinto Congresso Internacional de Mercados Financeiros e de Capitais, que est� sendo promovido pela BM&FBovespa, em Campos do Jord�o.
Para Pettis, esse modelo de crescimento baseado em exporta��es e fortes super�vits comerciais � um dos principais problemas estruturais que v�o reduzir com for�a o vigor do PIB da China em dois anos. Segundo ele, o consumo no pa�s deve ter respondido por apenas 34% do PIB em 2010 e cair para 33% neste ano, patamar bem mais baixo do que o registrado em outros pa�ses, pois atinge 60% no Brasil e 66% nos EUA. "A China tem desequil�brios profundos, que para corrigi-los, precisar� valorizar os sal�rios apreciar o c�mbio e elevar as taxas de juros", opinou. "E para harmonizar a economia do pa�s, ser� fundamental diminuir o tamanho do Estado no PIB e repassar uma parte expressiva ao incremento da renda das fam�lias. Mas esse n�o ser� um processo f�cil para ser implementado", destacou. Para outros especialistas internacionais, tal redu��o do papel do governo na economia da China vai requerer privatiza��es, o que � um assunto hoje proibido pelas autoridades de Pequim.
De acordo com Pettis, outra falha registrada no modelo de expans�o da China � que "o governo s� sabe gerar crescimento do pa�s com investimentos", mas nos �ltimos anos a forte expans�o da Forma��o Bruta de Capital Fixo foi adotada pelo uso ineficiente de recursos p�blicos. "A China tem uma renda per capita igual da Jamaica e Equador e possui a rede de trens de alta velocidade mais moderna do mundo. Voc� j� imaginou esses dois pa�ses investindo recursos para ter a rede de trens de alta velocidade?", comentou.
"Al�m disso, o pa�s vai inaugurar 45 novos aeroportos nos pr�ximos tr�s anos. A demanda do p�blico por aeroportos se confunde com a procura de passageiros pelo uso de trens velozes", disse. O investimento na China est� pr�ximo a 45% do PIB, mas ocorre em tais propor��es elevadas, entre outros motivos, porque o pa�s n�o disp�e aos seus cidad�os uma rede de prote��o social, como a Previd�ncia.
Juros
Segundo o professor norte-americano, al�m da necessidade de elevar os sal�rios dos trabalhadores e de apreciar o c�mbio para diminuir o super�vit comercial com o resto do mundo, a China tem um problema s�rio com as taxas de juros negativas concedidas para as empresas. "O governo usa os spreads elevados de opera��es comerciais especialmente aos cidad�os para viabilizar a transfer�ncia de renda das fam�lias para os bancos e companhias", comentou. Tal mecanismo � utilizado pelas autoridades de Pequim basicamente para manter vigorosa a m�quina de investimentos no pa�s. "Os bancos tem uma situa��o estrutural muito prec�ria e precisar�o ser sanados. N�o � porque o governo separou volumes enormes de d�vidas dos bancos em sociedades de prop�sitos espec�ficos que ocorreu a solu��o do problema", afirmou.
Pettis, contudo, reconhece que a estrat�gia adotada por Pequim para viabilizar a expans�o forte da China n�o deve mudar no curt�ssimo prazo, apesar de ponderar que � um modelo fadado ao fracasso em alguns anos. Segundo ele, as exporta��es dever�o perdurar como o principal agente que puxa o crescimento, calcada no c�mbio depreciado, com sal�rios baixos. Os vencimentos em patamares m�dicos, aliados a investimentos altos em infraestrutura, s�o elementos muito importantes para viabilizar produtividade altas no Pa�s, ponderou. "A quest�o � que a China precisar� reduzir o forte super�vit comercial que est� registrando h� muito tempo e que gera desequil�brios nos pa�ses desenvolvidos", disse. "No entanto, com um mundo em crise que vai se demorar uns cinco anos para ser solucionada, n�o � nada favor�vel a perspectiva das exporta��es de produtos industrializados daquele pa�s para os pa�ses desenvolvidos", disse.