(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Crise provoca nova corrida do ouro e aquece o mercado

Metal brilha como objeto de desejo, investimento e pesquisa


postado em 28/08/2011 06:58

Acrise reacendeu o desejo pelo ouro. Despertou o interesse das empresas que fazem pesquisas explorat�rias, das mineradoras, dos bancos centrais, das ind�strias, das joalherias, de investidores. E h� motivos para toda essa cadeia estar em polvorosa: o ouro � um ativo seguro. At� o mercado informal reflete esse movimento, no fervor do Hipercentro de Belo Horizonte, enquanto o pre�o n�o para de subir.

Come�ou o ano em US$ 1.422,60 a on�a-troy (o equivalente a 31,1 gramas) e ultrapassou a barreira de US$ 1.900 nessa semana (R$ 3.049, na cota��o de sexta-feira). A valoriza��o � maior do que de qualquer outro investimento financeiro. “Isso porque o ouro � mais uma reserva de valor que propriamente um investimento”, explica Ricardo Reis, diretor da Ondas Claros Investimentos.

A d�vida � se a trajet�ria de expans�o continuar�. Especialistas acreditam que o pre�o pode atingir US$ 2.200 e, depois disso, deve haver uma acomoda��o. A redescoberta do tesouro, entretanto, far� com que o pre�o continue nas alturas.

Independente do cen�rio, a previs�o � de que, somente com os projetos j� anunciados, a produ��o brasileira, de 62 toneladas ao ano, mais que triplique at� 2020, segundo o Departamento Nacional de Produ��o Mineral (DNPM). Ser�o aproximadamente 180 toneladas por ano para atender a demanda do Brasil e de outros pa�ses, especialmente China e �ndia.

A demanda dos bancos � grande, mas o mercado de ind�strias, como a m�dica e eletr�nica, al�m de joias, tamb�m respondem pelo aquecimento do consumo. A joalheria americana Tiffany & Co. registrou aumento de mais de 30% no lucro l�quido no 2º trimestre – foi de US$ 67,7 milh�es, no mesmo per�odo do ano passado, para US$ 90 milh�es. O principal motivo para o aumento das vendas nos EUA, mesmo com a crise, seria a for�a dos turistas estrangeiros, especialmente os chineses.

Enquanto isso, para quem consome o metal como se n�o fosse vil, as diverg�ncias entre os analistas de mercado pouco importam. � o caso da empres�ria Marta Batista Ramos, que diz que compra ouro porque “n�o sai de moda, enfeita e n�o deixa de ser um bom investimento”. Ela explica que o h�bito � tradi��o de fam�lia e que, desde crian�a, foi presenteada com pe�as que guarda at� hoje no porta-joias. “� excelente investimento porque mais tradicional � imposs�vel”.

Requerimentos de pesquisa disparam

Interessados em pesquisar ouro provocam congestionamento no Departamento Nacional de Produ��o Mineral (DNPM). Foram registrados 139 requerimentos de pesquisa para Minas Gerais no primeiro semestre deste ano, 16% do verificado no pa�s. Em 2010, foram 183 pedidos e, em 2009, 60. O n�mero poderia ser ainda maior se n�o fosse a restri��o quanto a �reas dispon�veis, diz o especialista em recursos minerais da entidade, Mathias Heider. “Temos quase 10 mil alvar�s de pesquisa ativos e cerca de 7 mil pedidos, o que mostra o potencial da produ��o no Brasil”, afirmou. Segundo ele, a alta cota��o do ouro reduz a avers�o ao risco nas etapas de pesquisa e de produ��o mineral. “Com essa cota��o, muitas minas fechadas poder�o ser reabertas ou readequadas, com novo plano de aproveitamento econ�mico”, explicou.

Produ��o pode triplicar at� 2020

Com investimentos de US$ 2,4 bilh�es entre 2011 e 2015, a produ��o brasileira de ouro sairia das atuais 61 toneladas para 94 toneladas em 2015, de acordo com o Instituto Brasileiro de Minera��o (Ibram). At� 2020, o DNPM projeta cerca de 180 mil toneladas. Minas Gerais sempre ocupou a lideran�a na produ��o de ouro no pa�s, desde o Brasil col�nia. No s�culo 19, foi o l�der no in�cio das minas subterr�neas com uso de tecnologia e capital principalmente ingl�s. Hoje, a maior mina do Brasil est� em Paracatu (Noroeste de Minas). As maiores mineradoras com atua��o no estado s�o Kinross, AngloGold e Jaguar Mining. Est�o presentes nos munic�pios de Sabar�, Itabirito, Caet� e Rio Acima (Regi�o Central), Paracatu (Noroeste) e Pitangui (Centro-Oeste).

Bancos centrais impulsionam compra

A demanda por ouro, impulsionada pelas compras dos bancos centrais, deve continuar aquecida no segundo semestre. De acordo com o Conselho Mundial do Ouro, com o aumento das incertezas sobre a economia, essas institui��es v�o continuar adquirindo o metal para compor as suas reservas. Ainda conforme a entidade, no segundo trimestre deste ano os bancos centrais compraram 64,9 toneladas de ouro, 4,6 vezes mais que no mesmo per�odo do ano passado (14,1 toneladas). O presidente do Ibram, Paulo Camillo Penna, avalia que, al�m da demanda dos organismos financeiros, o aumento da renda da popula��o de pa�ses emergentes sustentou o crescimento. “� cada vez maior a procura do ouro para bens, de joias � ind�stria eletr�nica”, disse. Entre abril e junho, a demanda global por ouro foi de 919,8 toneladas. A China e a �ndia responderam por 52% da procura para investimento e por 55% das vendas para produ��o de joias.

Investimentos financeiros

Em per�odo de incerteza, o ouro pode ser um porto seguro. Mas h� controv�rsias se a compra do metal, nesse momento, � ou n�o um bom neg�cio. O pr�prio presidente da AngloGold, uma das maiores mineradoras do mundo, acredita que a cota��o bater� a marca de US$ 2.200 a on�a-troy. A demanda pressiona os pre�os e os custos de produ��o tamb�m. Por essa raz�o, o presidente do Ibram acredita que o pre�o do ouro se manter� em patamar elevado.

Quem quer comprar ouro na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBovespa) deve se cadastrar em uma corretora. No mercado � vista, o cliente deve negociar um contrato de ouro, independentemente do tamanho escolhido. A bolsa oferece contrato de 250 gramas e fracion�rios de 10 e de 0,225 gramas. O resgate das barras de ouro � feito por meio de bancos credenciados. “Negociar na bolsa significa ter transpar�ncia na forma��o de pre�os e possibilidade de negociar os pre�os praticados no mercado. Al�m disso, h� o aspecto de seguran�a para o investidor, incluindo a qualidade e teor de pureza do ouro negociado”, informa a BM&FBovespa.

A eleva��o de ouro como investimento tamb�m decorre de sua populariza��o no setor financeiro. J� existem m�quinas de venda de ouro na Europa, estilo “vending machine”, e a cria��o de fundos de investimento por diversos bancos, popularizando uma aplica��o antes pouco acess�vel. A explos�o do pre�o do ouro tem todos os ind�cios de bolha, segundo Ricardo Reis, diretor da Ondas Claras Investimentos: “Comprar ouro hoje � um mau neg�cio, porque quem comprar vai pagar o dobro do pre�o que vale, usualmente”. Segundo ele, a partir do momento em que os mercados voltarem a confiar no d�lar, a tend�ncia � que o metal perca valor e volte aos patamares anteriores.

Sucata de ouro

“Sucata de ouro � o que pode ser reciclado. S�o joias com design antigo, que podem virar novas pe�as de ouro; e pe�as, a exemplo de eletr�nicas, de um equipamento que n�o funciona mais”, explica Mathias Helder, do DNPM. No mercado popular do Centro de Belo Horizonte, as mesmas lojas que compram ouro para derreter muitas vezes tamb�m vendem pe�as recicladas – at� pela metade do pre�o. Outro destino comum para as velhas pe�as do porta-joias � o penhor. Segundo a Caixa Econ�mica Federal, podem ser penhorados joias, metais nobres, diamantes lapidados, p�rolas, rel�gios e canetas de marca e de alto valor. As mulheres s�o maioria entre os clientes (74%), sendo 55% na faixa dos 35 aos 50 anos. A regi�o Sudeste concentra 49% das contrata��es efetuadas, seguida das regi�es Sul (16%), Nordeste (15%) e Centro-Oeste e Norte, cada uma com 10%. No primeiro semestre de 2011, a Caixa emprestou R$ 3,4 bilh�es com penhor, crescimento de 17,6% em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado (R$ 2,9 bilh�es).


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)