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Estado de Minas

Infla��o � desafio com taxas de juros menores

�ndice de pre�os em BH e IPC-S acumulam alta de mais de 7% em 12 meses. Para especialistas, corte de 0,5 ponto na Selic n�o deve gerar press�o por reajustes agora e tend�ncia � de queda


postado em 02/09/2011 06:00 / atualizado em 02/09/2011 09:52

Quem percorre sempre as g�ndolas do supermercado e tem a reclama��o contra o aumento dos pre�os na ponta da l�ngua treme com a pergunta: Os pre�os v�o subir? O temor decorre da controversa decis�o do Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) do Banco Central, que reduziu a taxa b�sica de juros da economia brasileira, a Selic, de 12,50% para 12%. Afinal, se o argumento para manter a alta da taxa era conter a infla��o, a queda pode provocar alta de pre�os? Um dia depois do an�ncio do BC, os �ndices divulgados nessa quinta-feira mostram que o aumento de pre�os segue seu tom. A infla��o em agosto, em Belo Horizonte, subiu 0,31% e j� acumula em 12 meses alta de 7,63%, segundo o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo divulgado nessa quinta-feira pela Funda��o Instituto de Pesquisas Econ�micas, Administrativas e Cont�beis de Minas Gerais (Ipead) da UFMG.

O �ndice de Pre�os ao Consumidor Semanal (IPC-S), da FGV, apresentou varia��o de 0,40%, 0,09 ponto percentual (p.p.) acima da taxa registrada na �ltima divulga��o. Com esse resultado, o indicador acumula proje��o de alta de 4,17% no ano e 7,10% nos �ltimos 12 meses.

Como a decis�o do Copom, de reduzir tanto a taxa, foi considerada surpreendente pela maioria dos analistas, o medo � de que em pouco tempo o efeito seja danoso, impactando aumento de pre�os. “N�o vai ser o corte da taxa que vai fazer a infla��o sair do trilho”, opina o professor Wanderley Ramalho, coordenador de pesquisa e desenvolvimento do Ipead. Segundo ele, os cinco aumentos sucessivos da taxa j� t�m efeito prolongado na economia, e uma decis�o de agora s� repercutir� nos movimentos dos pre�os em no m�nimo em seis meses. Nessa quinta-feira, o Ipead divulgou tamb�m as varia��es nos pre�os da cesta b�sica, que ficou 2,82% mais cara, entre agosto e julho. Na varia��o dos �ltimos 12 meses, contudo, o aumento assusta, chegando a 18,17%. “Se n�o fossem as interven��es do Copom aumentando a taxa de juros, esse quadro poderia ser ainda pior”, avalia Ramalho, acrescentando que n�o � poss�vel, contudo, tocar a pol�tica econ�mica apenas com aumento de juros.

Sem press�o N�o havia mais justificativa para manter o aumento dos juros e nem para acreditar que a decis�o ter� impacto sobre o aumento dos pre�os, segundo o professor Frederico Gonzaga Jaime J�nior, da Faculdade de Ci�ncias Econ�micas da UFMG: “A economia brasileira j� come�ou a ter desacelera��o de crescimento significativa, acima do que se esperava, demonstrando que n�o h� raz�o para se imaginar que haver� press�o de demanda. Se a infla��o subir, n�o ser� por isso”, acredita o professor.

Ele exemplifica com os pr�prios dados do aumento de pre�os divulgados pelo Ipead. O �tem da tabela que mais puxou o �ndice para cima foram os alimentos de elabora��o prim�ria (carne, leite, arroz e feij�o). Esses elementos tiveram varia��o positiva de 1,54%, no �ltimo m�s. “Itens aliment�cios como esses n�o sofrem impacto imediato da redu��o de juros, o consumo deles n�o aumenta porque os juros caem.” diz Gonzaga.

A justificativa do Copom para a queda da taxa de juros baseou-se fundamentalmente no contexto internacional. A l�gica do BC foi de que o desaquecimento de grandes economias globais j� seria danosa ao crescimento do Brasil, n�o havendo necessidade de for�ar a dose de zelo, aumentando ainda mais os juros. Na avalia��o do professor Ramalho, o argumento � “exagerado”, porque os impactos da crise internacional n�o devem ser imediatos como em 2008.

Enquanto isso, a Casa Branca reduziu a previs�o para o crescimento da economia dos Estados Unidos para 1,7%, mostrando que o desemprego pode ficar em m�dia em 9% em 2012 e prevendo um crescimento menor do que o esperado para os pr�ximos anos. Em fevereiro, o governo Obama previa que a economia cresceria 2,7%.

 

Impacto para consumidor ser� pequeno

 

“Olha, se aumentar mais os pre�os, eu n�o sei como vai ser, porque a sensa��o que a gente tem � de que o dinheiro vale cada vez menos. Tudo fica mais alto, menos o sal�rio”, disse a atendente de telemarketing Daniela Renata Nunes, que fazia compras na tarde dessa quinta-feira, no Hipercentro de Belo Horizonte. O aumento de pre�os, especialmente de alimentos, leva o consumidor a embarcar nas estrat�gias de marketing dos supermercados: “Voc� fica igual a uma louca correndo atr�s das ofertas”, conta a empres�ria S�nia Brito.

Para quem gere o pr�prio neg�cio, as tens�es entre aumento dos juros e crescimento do consumo s�o ainda piores. A dona de lanchonete Cleonice Eliane da Silva fica numa sinuca de bico: “O movimento cai com o aumento do pre�o, mas quando chego no supermercado e vejo varia��es como a do leite e da carne, n�o tenho como n�o repassar os valores nos pre�os que cobro na lanchonete. Fica dif�cil crescer tamb�m com as dificuldades de credi�rio e financiamento”.

Embora o impacto na infla��o possa ser tardio ou minimizado, por conta do atraso habitual entre as decis�es do Copom e a realidade de varia��o de pre�os, o resultado, na ponta dos juros j� deve come�ar a ser sentido em 15 dias, de acordo com o vice-presidente Associa��o Nacional dos Executivos de Finan�as, Administra��o e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira.

De acordo com ele, contudo, o impacto deve ser pequeno, rendendo, na ponta do l�pis, poucos centavos de vantagem para o consumidor, no geral. “No caso do financiamento de autom�veis, onde o impacto deve ser maior, o desconto, a partir da redu��o da taxa, deve ficar pr�ximo de R$ 7, por exemplo. O efeito � maior em financiamentos de prazo mais longo e com produtos de maior valor”.

Ainda assim, o consumidor n�o deve, na avalia��o do Ipead, baixar a guarda para as taxas de juros cobradas na ponta do consumo final. “Ningu�m deve soltar foguete porque a taxa caiu. Se o consumidor ficar animado demais com a Selic, pode se enrascar nos juros”, diz o professor Ramalho, exemplificando com taxas como a do cart�o de cr�dito, de 12,60%, em agosto, o que d� juros anuais de 315,39%.


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