O corte surpresa na taxa de juros b�sica no Brasil poder� desencadear um efeito domin� sobre os bancos centrais latino-americanos. Essa � a aposta dos investidores nos mercados de juros do Chile e do M�xico, que passaram a projetar desde sexta-feira uma maior probabilidade de os bancos centrais daqueles pa�ses tamb�m reduzirem os juros, seguindo os passos do BC brasileiro.
O mercado de taxas de juros no Chile embutia, na ter�a-feira, dia 30, nos pre�os dos contratos de seis meses um corte de 46 pontos-base na taxa b�sica de juros chilena. Depois da redu��o surpreendente de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic pelo Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom), esses contratos passaram a refletir uma redu��o nos juros chilenos de 61 pontos-base. Para os contratos de 12 meses, os investidores no Chile est�o embutindo nos pre�os um corte de 135 pontos-base, ante 113 pontos antes da decis�o do Copom no Brasil.
No M�xico, os contratos de seis meses de swap de juros elevaram a probabilidade de queda da taxa de juros mexicana de 18 pontos-base na ter�a-feira para 21 pontos-base na sexta-feira. "O corte dos juros no Brasil est� tendo um efeito sobre as curvas de juros no Chile e no M�xico, porque os investidores come�am a achar que os seus bancos centrais podem imitar o Brasil", afirmou o economista-chefe do banco HSBC para Am�rica Latina, Andr� Loes.
"Todo pa�s que tem um banco central importante, e o Brasil � um deles, que toma uma medida diferente do que a esperada, faz os investidores pensarem: pode ser que tal pa�s, que tem uma situa��o mais ou menos parecida com o Brasil, se animasse a cortar tamb�m."
O BC chileno j� elevou ao longo deste ano a taxa b�sica de juro em 2 pontos porcentuais, para 5,25% ao ano. Na sua �ltima reuni�o, dia 18 de agosto, a autoridade monet�ria do Chile retirou o vi�s de alta da taxa de juros. J� o BC mexicano vem mantendo os juros inalterados em 4,5% neste ano.
"Pode essa decis�o ousada do corte da Selic ter repercuss�es pela regi�o da Am�rica Latina, provocando os outros bancos centrais a imit�-la? Acreditamos que esse risco existe", disseram os economistas do Barclays Capital, Guilherme Loureiro e Marcelo Salomon, em nota a clientes. Eles observaram que os investidores na Col�mbia foram os �nicos que n�o se deixaram influenciar pelo afrouxamento monet�rio no Brasil, projetando alta na taxa b�sica de juros colombiana.
'Melhor que o Brasil'
Os economistas do Barclays Capital ressaltaram que as autoridades monet�rias dos outros pa�ses latinos que t�m regime de metas de infla��o est�o fazendo um trabalho melhor do que o BC brasileiro em comunicar suas preocupa��es, fazendo uma pausa entre os ciclos ou sinalizando que est�o prontos para agir se as condi��es da economia mundial assim demandarem.
Para o estrategista-chefe de mercados emergentes do RBC Capital Markets, Nick Chamie, � "inteiramente poss�vel" que outros bancos centrais possam seguir o exemplo do Copom, que se adiantou em baixar os juros b�sicos. "Muitos bancos centrais v�o acompanhar como ser� o impacto desse corte de juros no Brasil", afirmou Chamie, por telefone, de Toronto.
"Contudo, � importante lembrar que o pr�mio de risco sobre a infla��o, refletido nos t�tulos do Tesouro atrelados ao IPCA (NTN-B), aumentou desde que o BC cortou os juros em 0,50 ponto, ent�o os investidores consideram que essa a��o prejudicou a capacidade de o BC em manter a infla��o sobre controle."