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Estado de Minas

Ind�stria mineira terceiriza produ��o na China

Cresce a fuga das empresas de Minas e do Brasil atr�s do custo menor da produ��o no gigante asi�tico. Favorecida pelo real forte, estrat�gia cortou 560 mil empregos no pa�s


postado em 18/09/2011 07:08

Fabricante de instrumentos musicais como pianos, violinos e guitarras, a mineira Michael, com sede em Contagem, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, optou por terceirizar sua produ��o na �sia. A tamb�m mineira Suggar transferiu grande parte de sua unidade fabril para ind�strias na China. Especializada em bolsas e acess�rios, a Covenant, de BH, da mesma forma, cria moda aqui e fabrica do outro lado do mundo. Ao cruzar o oceano, essas ind�strias acabaram exportando n�o s� a tecnologia e o processo produtivo, mas os empregos que poderiam gerar renda no Brasil.

Elas poderiam firmar parcerias com a ind�stria nacional, mas a mistura de c�mbio e o chamado custo Brasil deixa os investimentos asi�ticos bem mais competitivos. Em alguns segmentos como o de eletroport�teis, estima-se que 90% dos produtos vendidos por aqui sejam manufaturados na China, ou em algum vizinho do gigante asi�tico. Produtos fabricados l� fora podem custar at� metade do que se observa no mercado brasileiro, e por isso a terceiriza��o � apontada como estrat�gia de defesa, uma esp�cie de salva-vidas das empresas nacionais para ganhar competi��o e responder aos tempos de real forte.

A ideia de contratar estrangeiros para produzir cresce principalmente em setores como o t�xtil, cal�adista, m�quinas e equipamentos e tamb�m nas ind�strias de ve�culos e eletr�nicos, segundo sondagem da Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI). O levantamento aponta, ainda, que pelo menos uma a cada 10 das grandes empresas nacionais j� tem produ��o na China. Outro estudo, publicado pela Federa��o das Ind�strias de S�o Paulo (Fiesp), estima que desde a crise de 2008 at� agora, a ind�stria de transforma��o tenha exportado cerca de 560 mil empregos. O c�lculo leva em conta os empregos diretos e indiretos gerados para viabilizar as exporta��es e aqueles perdidos por meio das importa��es.

Um ferro el�trico feito no Brasil n�o sai por menos de R$ 40, quando na China o custo total para produzir o eletrodom�stico gira em torno de R$ 18. O resultado da conta � um s�. Cont�ineres chegam da China lotados da mercadoria feita na �sia com tecnologia europeia e vendida no Brasil.

O presidente da Suggar, Jos� L�cio Costa, justifica que o c�mbio, al�m de expulsar segmentos do setor exportador, tamb�m empurrou a produ��o nacional para outro continente. A empresa produz 154 itens, nove ainda fabricados no Brasil. “Penso em expandir a linha, em inovar. Sei que a �nica coisa certa na vida s�o as mudan�as, mas para o Brasil se tornar atrativo para a produ��o precisaria haver redu��o da carga tribut�ria, dos gastos p�blicos e da corrup��o”, alega o industrial.

Segundo a Associa��o do Com�rcio Exterior do Brasil (AEB), o fen�meno preocupa, mas “a decis�o � de sobreviv�ncia.” O vice-presidente da AEB, Jos� Augusto de Castro � enf�tico: “Ou as empresas fazem isso, ou fecham as portas.” Segundo ele, al�m do chamado custo Brasil, competir com o real forte se tornou desafio grande demais. Castro avalia que esta � a primeira etapa do fen�meno. A segunda fase, mais preocupante, seria a transfer�ncia dos parques fabris.

Para Aguinaldo Diniz Filho, presidente da mineira Cedro Cachoeira e tamb�m da Associa��o Brasileira da Ind�stria T�xtil (Abit), o d�fict na balan�a comercial do setor e das confec��es – estimado em US$ 5 bilh�es at� o fim do ano – � o indicador de que brasileiros est�o trocando o Brasil pela �sia. “Isso significa uma exporta��o de 180 mil empregos”, sustenta. De janeiro a junho deste ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), o n�mero de empregos criados pela ind�stria t�xtil foi inferior em 12 mil oportunidades ante o mesmo per�odo do ano passado. Cr�tico da desacelera��o do parque industrial brasileiro, Aguinaldo Diniz n�o v� futuro promissor. “ Os Estados Unidos acharam que poderiam viver de servi�os e exportaram sua manufatura para a China. Agora, n�o conseguem gerar empregos”, comparou.

Quem opta em cruzar o mar aponta a competitividade agressiva do chin�s. “Eles fazem exatamente uma r�plica do que pedimos e com bastante qualidade”, diz Luiz Carlos Moreira, diretor da Covenant, que mant�m parte de sua manufatura no gigante asi�tico. Desde que entrou no mercado da m�sica, h� 12 anos, a Michael optou por terceirizar sua produ��o nos pa�ses asi�ticos como China e Taiwan. Hoje, atingiu o recorde de uma linha com 500 produtos. O diretor Marco Aur�lio Bousas comenta que a parceria local ainda n�o foi poss�vel devido aos custos altos e � falta de dom�nio da tecnologia. Se a produ��o fosse nacional, a empresa poderia adequar mais rapidamente produtos ao padr�o de consumo dos brasileiros, como os instrumentos tem�ticos, com lan�amentos mais r�pidos. “Se houvesse incentivos, acredito que a ind�stria nacional rapidamente se interessaria pelo setor e se adaptaria. Um exemplo pode ser visto com os tablets”, lembrou. A Michael projetou crescimento de 20% este ano.


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