A varia��o do d�lar continua assustando e nessa quinta-feira n�o foi diferente. Durante o preg�o, a moeda norte-americana se valorizou quase 5% ao sair do patamar de R$ 1,86 e bater na casa de R$ 1,95 – n�vel alcan�ado pela �ltima vez em julho de 2009. Ao contr�rio do que havia dado a entender no dia anterior, o Banco Central (BC) realizou nessa quinta-feira um leil�o de venda de moeda estrangeira na tentativa de frear a forte alta. Foram 112 mil contratos de swap cambial oferecidos e, apesar de apenas 55 mil terem sido absorvidos, a medida j� foi suficiente para conter a escalada do d�lar, que fechou o dia cotado a R$ 1,90, alta de 2,26%.
No mercado paralelo em Belo Horizonte, a moeda chegou a ser vendida a R$ 2. � nessa opera��o que o d�lar � comprado por consumidores para viagens internacionais, por exemplo. Diante das incertezas e oscila��es do mercado, especialistas divergem sobre o destino da moeda americana. Mas uma coisa parece clara, os efeitos desta disparada ser�o sentidos no bolso dos consumidores e fatalmente ter�o impactos nos j� pressionados �ndices inflacion�rios. Entre os itens com peso na infla��o que at� ent�o haviam dado alento ao �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) est�o os eletroeletr�nicos, j� que grande parte dos componentes v�m de fora do pa�s.
Nos �ltimos 12 meses at� agosto, a varia��o destes produtos est� negativa em 4%, enquanto a m�dia geral do IPCA, tamb�m no acumulados dos �ltimos 12 meses, alcan�a alta de 7,23%. Mas o cen�rio come�ou a mudar em agosto quando estes aparelhos apresentaram varia��o positiva de 1,25%, tend�ncia que pode ser mantida daqui para frente. “S�o produtos claramente afetados pela eleva��o do d�lar que vinham ajudando e muito a controlar a infla��o. Agora eles podem parar de puxar o �ndice para baixo”, avalia o analista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) em Minas Gerais, Antonio Braz.
Principais respons�veis pelo atual patamar da infla��o brasileira, os alimentos tamb�m n�o devem dar a tr�gua esperada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. � verdade que diante do desaquecimento da economia mundial a demanda pelas commodities cai, assim como os pre�os. Mas a valoriza��o do real frente ao d�lar tende a suplantar esta queda, que poderia ser sentida pelo mercado, n�o fosse sua cota��o na moeda americana. Al�m do tradicional arroz, feij�o, a��car e caf�, produtos importados – que ajudam a balizar os pre�os dos nacionais – tamb�m come�am a chegar mais caros.
Natal amargo
Segundo o gerente da Royal Emporium, Jos� Maur�cio de Morais, mantido o cen�rio atual, dentro de 10 a 15 dias os pre�os mais elevados devem come�ar a chegar ao com�rcio. “Para o final do ano, frutas secas como damasco e nozes tamb�m ter�o altera��o de valores”, prev�.
Para o economista Geraldo Sant’Ana de Camargo Barroos, alguns setores sentir�o imediatamente, como os importados, e em seguida os alimentos e min�rios e derivados. “No �ltimo caso, vai ficar mais custoso para a Petrobr�s segurar os pre�os internos. A partir da�, a alta de pre�os tende a atingir os demais segmentos, seja via aumento de custos de produ��o ou de custo de vida, com o que o setor de servi�os � alcan�ado”, avalia. Por meio de nota, a Petrobras garantiu que “n�o vai acompanhar a flutua��o dos pre�os do petr�leo e da cota��o da moeda no curto prazo".
Para Sidnei Moura Nehme, economista e diretor executivo da NGO Corretora de C�mbio, o d�lar vai voltar para o patamar de R$ 1,70 e o BC“certamente, far� novos leil�es de swap cambial”. Mas para Miguel Daoud, da Global Corretora, a alta do d�lar veio para ficar. “Pode voltar um pouco, mas deve ficar entre R$ 1,85 e R$ 1,90”. Se este cen�rio se confirmar, o que j� estava cada vez mais improv�vel, segundo avalia��o do mercado, se tornar� imposs�vel: a infla��o fechar o ano dentro do teto da meta estipulada pelo governo federal de 6,5%.
Econom�s/portugu�s- Swap cambial
Quando os bancos (ou empresas) no Brasil t�m alguma desconfian�a quanto � varia��o do pre�o do d�lar no futuro, eles tentam proteger-se dessa instabilidade “trocando” d�lares por reais – se acreditarem que o d�lar ir� desvalorizar-se. Esta � a chamada opera��o de swap termo em ingl�s que significa “troca”. O acordo � que, em uma determinada data – estipulada previamente –, se o d�lar estiver mais valorizado do que o real, a parte que optou pela varia��o do real, pague a diferen�a para a parte que optou pela varia��o do d�lar. Na pr�tica, quando o Banco Central realiza um leil�o de swap cambial, como o dessa quinta-feira, quer conter a alta da moeda.