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Estado de Minas

Hospitais fecham pediatrias alegando que cuidar de crian�a n�o d� lucro

Unidades dizem que atendimentos aos pequenos pacientes n�o cobre os custos, mas usu�rios de planos m�dicos infantis s� aumentam


postado em 25/09/2011 07:16 / atualizado em 25/09/2011 07:19

Linéia Amaral esperou três horas e meia pela consulta de urgência do filho Marcelo e depois ainda teve de aguardar vaga para internação (foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press. Brasil)
Lin�ia Amaral esperou tr�s horas e meia pela consulta de urg�ncia do filho Marcelo e depois ainda teve de aguardar vaga para interna��o (foto: Beto Magalhaes/EM/D.A Press. Brasil)

No pa�s, mais de 6 milh�es de usu�rios de planos de sa�de t�m at� 9 anos, mas os hospitais est�o desistindo de atender a esse pequeno grande p�blico, que exige muitos cuidados e gasta pouco. Entre 2007 e 2011, o n�mero de benefici�rios de plano m�dico infantil cresceu 18% no Brasil, mas na sala de espera dos hospitais as fam�lias n�o sentem o aumento da oferta do servi�o e muito menos a melhora da qualidade do atendimento. Na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, cerca de 260 mil crian�as j� t�m uma carteirinha do conv�nio m�dico. Os pais n�o contavam, por�m, que em cinco anos oito hospitais na capital fechariam a ala de pediatria.

Para preservar a sa�de financeira do neg�cio, nos �ltimos cinco anos foram reduzidos ou suspensos cerca de 20 servi�os m�dicos que atendiam crian�as em consult�rios rotineiros, pronto-atendimentos, unidades de interna��o e maternidades da capital. Estima-se que em Belo Horizonte 250 leitos foram fechados, sendo 60 deles exclusivos da sa�de suplementar. O resultado da conta � desfavor�vel para as crian�as, que chegam a aguardar mais de tr�s horas por atendimento m�dico nas urg�ncias, de manh� ou de madrugada. Os hospitais que continuam com o servi�o est�o sobrecarregados e trabalham sem qualquer ociosidade. Como no Servi�o �nico de Sa�de (SUS), em tempos de superlota��o, ambulat�rios privados se transformam em sala de interna��o para dezenas de crian�as doentes.

O Hospital S�o Camilo, refer�ncia no atendimento pedi�trico de Minas, � o primeiro no Brasil em n�mero/dia de atendimento infantil. “Nos �ltimos cinco anos nossa demanda cresceu 100%”, aponta o diretor e fundador do hospital, o pediatra Jos� Guerra Lages. Para ele, o n� est� no modelo de remunera��o, que fez a pediatria se tornar desinteressante, tanto para m�dicos quanto para hospitais. Em uma interna��o comum, o material m�dico representa cerca de 50% da receita, enquanto o restante � dividido entre o valor da di�ria e outras taxas.

Na pediatria, n�o h� consumo de produtos caros, como �rteses e pr�teses, assim eles n�o representam mais de 15% da receita. Como o valor da di�ria est� defasado em mais de 30%, o setor fecha no vermelho. Segundo Guerra, a remunera��o dos planos de sa�de, que hoje fica, em m�dia, em R$ 300 para a interna��o mais cara, n�o poderia custar menos de R$ 400. “Estamos cobrindo o custo da interna��o, que tem preju�zo mensal de R$ 60 mil, com o ambulat�rio, mas est� cada vez mais dif�cil. Continuamos remando para n�o afundar no mar revolto.”

Na sala de observa��o do S�o Camilo, Marcelo, de 6 anos, espera por uma vaga na interna��o desde o dia anterior. A m�e, Lin�ia Amaral, est� satisfeita com o atendimento do m�dico, mas, antes de Marcelo ser internado, ela aguardou tr�s horas e meia pela consulta de urg�ncia em um pronto-socorro pedi�trico, na Regi�o Norte da cidade. Ela, que tamb�m � m�e de Rian, de 4, reclama que os atendimentos para os planos de sa�de est�o sempre lotados e os pediatras exaustos. “D� para ver que eles est�o trabalhando al�m do limite, dobrando plant�o.”

Considerando o p�blico at� 19, faixa que inclui o atendimento pedi�trico, no Brasil s�o 12,2 milh�es de usu�rios de conv�nios m�dicos. Belo Horizonte tem a quarta maior taxa de cobertura de plano de sa�de no pa�s, saindo de 45,3% da popula��o em 2008 para 54,8% em julho, mas as oportunidades de trabalho para os pediatras foram reduzidas. “A pediatria n�o usa equipamentos mais valorizados. Os hospitais optaram por especialidades com melhor retorno financeiro”, diz Margarida Constan�a Delgado, diretora da Sociedade Mineira de Pediatria (SMP). Segundo ela, apesar do vigor demonstrado pelo mercado de planos de sa�de, as fam�lias t�m se sentido desamparadas no atendimento a suas crian�as.

O presidente do Hospital Mater Dei, Jos� Salvador, confirma que a pediatria n�o cobre os custos. “Mantemos o atendimento porque � uma necessidade dos nossos clientes e da comunidade.” O Life Center desativou cerca de 15 leitos de pediatria. O diretor t�cnico do hospital, Eudes Magalh�es, explica que a remunera��o da consulta tamb�m � cr�tica, variando pouco mais de R$ 30 para os m�dicos do pronto-socorro. Ele aponta a dificuldade de encontrar pediatras dispostos a se submeter � rotina pesada dos plant�es com baixo retorno financeiro.

Castinaldo Bastos, presidente do Sindicato dos Hospitais, Cl�nicas e Casas de Sa�de de Minhas Gerais, considera que a crise � econ�mica. “A remunera��o n�o cobre os custos dos hospitais. Ou os planos remuneram melhor ou ter�o de criar servi�os pr�prios. A sociedade e o governo ter�o de discutir melhor a quest�o.” A Ag�ncia Nacional de Sa�de Suplementar (ANS), respons�vel pelo equil�brio do mercado, informou que n�o regula os prestadores de sa�de, no entanto, para incentivar o aumento do n�mero de credenciados, publicou em junho resolu��o normativa que definiu tempos m�ximos de espera para procedimentos.

Insufici�ncia � desconhecida

Os planos de sa�de, que s�o os compradores dos servi�os, dizem n�o ter conhecimento da insufici�ncia na capacidade de atendimento da pediatria.

A Unimed-BH, maior plano de sa�de da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), que responde por cerca da metade dos conv�nios da capital, informou que tem implementado estrat�gias de valoriza��o do pediatra e dos servi�os prestados �s crian�as. Segundo seu superintendente interino de Provimento da Sa�de, S�rgio Bersan, os leitos da especialidade foram fechados nos �ltimos anos porque houve uma sens�vel melhora dos �ndices de sa�de infantil, com menos press�o da demanda. Por outro lado, ele informou que a cooperativa abriu recentemente, por meio de sua rede pr�pria, 20 leitos infantis.

Bersan refor�ou que a cooperativa tem trabalhado em programas inovadores no setor de planos de sa�de com a remunera��o de R$ 75 pela consulta de puericultura e com o pagamento da consulta de retorno. Ainda implementou o servi�o de pagamento adicional para hospitais creditados pela qualidade. Segundo Bersan, a cooperativa implementou uma pol�tica de valoriza��o da di�ria na interna��o da pediatria. Sem detalhar valores ele disse que essa remunera��o deve evoluir “de forma sustent�vel” e garantiu que a rede da Unimed est� dimensionada para o tamanho da demanda de seus usu�rios.

A Federa��o Nacional de Sa�de Suplementar (FenaSa�de), que representa os 15 maiores grupos de operadoras de planos de sa�de de um total de 1.417 empresas em atividade no pa�s, informou que suas afiliadas buscam frequentemente adequar suas redes de prestadores de servi�os m�dico-hospitalares �s necessidades de atendimento dos benefici�rios e n�o tem conhecimento da insufici�ncia da capacidade de atendimento. A federa��o informou tamb�m que, “segundo pesquisa DataFolha/IESS (Instituto de Estudos sobre Sa�de Suplementar), 80% dos benefici�rios de planos de sa�de est�o muito satisfeitos ou satisfeitos com os servi�os oferecidos por seu plano de sa�de”.


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