Em 2007, a renda mensal da ex-catadora de papel Evaline Ferreira n�o ultrapassava os R$ 200. No entanto, ela conseguiu dar um grande salto. Trocou a informalidade pela carteira assinada e agora j� recebe cinco vezes mais como cozinheira. Na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, entre 2002 e este ano, como Evaline, 827 mil pessoas deixaram o trabalho prec�rio, que re�ne a popula��o com renda de at� meio sal�rio m�nimo (R$ 272,50). No per�odo, a queda na propor��o de ocupados de baixa renda atingiu 47,6%, maior percentual brasileiro, segundo estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea) que leva em conta seis grandes regi�es metropolitanas do pa�s.
Nessas localidades, 13 milh�es de brasileiros ainda enfrentam diariamente condi��o prec�rias de trabalho, o que significa que depois de 30 dias de labuta n�o conseguem acumular mais de R$ 272,50. Apesar de alto, o percentual nacional que em julho atingia 27%, j� foi bem maior. Em 2002, o contingente de trabalhadores na pobreza era de 39%. Na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, a redu��o da popula��o de baixa renda no mercado de trabalho passou de 2 milh�es de pessoas, em julho de 2002, para 1,2 milh�o, no mesmo m�s deste ano.
Com o percentual Belo Horizonte saiu da terceira coloca��o nacional no que diz respeito ao trabalho prec�rio ocupando o quinto lugar no ranking, atr�s de Porto Alegre, no Sul do pa�s. O assessor da presid�ncia do Ipea, Andr� Calixtre, aponta o crescimento econ�mico e do mercado de trabalho como fatores decisivos. “Houve qualidade no crescimento que foi acompanhado pela distribui��o de renda.” Ele ressalta, no entanto, que ainda h� muito a ser feito. “A desacelera��o da economia cria dificuldades para o trabalhador da baixa renda sair da linha da pobreza.” No �ltimo ano, com o menor crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) houve uma redu��o tamb�m do ritmo de sa�da do trabalho prec�rio.
Em nove anos, a taxa de pessoas ocupadas com baixa renda, no conjunto das regi�es metropolitanas mais importantes do pa�s, caiu 30,7%, o que significa que um contingente de 4,2 milh�es de pessoas migraram para a renda mensal acima do patamar de meio sal�rio m�nimo.
Edm�rcio Borges segue firme na profiss�o de catador de papel. No galp�o da Associa��o dos Catadores de Papel�o e Material Reaproveit�vel (Asmare) ele separa o material descartado pela popula��o da cidade. Em 10 anos ele conta que sua renda melhorou. Antes n�o conseguia chegar ao limiar do sal�rio m�nimo. Hoje consegue, em m�dia, a renda mensal de R$ 820. “Os catadores sofrem muito com a oscila��o do d�lar e com o jogo do mercado que derruba o pre�o do papel�o. Mesmo assim a vida melhorou.” Ele j� conseguiu at� construir a casa nova e comprar os m�veis.