Conhecida a taxa de c�mbio que ser� base para os balan�os no terceiro trimestre, as empresas come�am a fazer as contas e ver o efeito da alta do d�lar em seus resultados do per�odo. A expectativa � que os n�meros sejam impactados negativamente pela varia��o brusca do c�mbio no fim do trimestre.
O maior reflexo ser� no endividamento das empresas, que cresceu 20% na parcela de d�vida em moeda estrangeira desde o fechamento dos balan�os do segundo trimestre, em junho, segundo estudo da Econom�tica com 241 companhias listadas na Bovespa. Essa d�vida atingiu o equivalente a R$ 182,3 bilh�es em setembro, tendo como base o d�lar fechado ontem a R$ 1,8455, com base na Ptax, a cota��o do Banco Central (o d�lar balc�o, usado nas negocia��es do dia a dia, fechou ontem em R$ 1,88).
Ter d�vidas maiores em seus balan�os pode representar tamb�m alta de custo. Com a alavancagem maior (rela��o da d�vida l�quida sobre o Ebitda), muitas empresas podem descumprir cl�usulas de compromissos financeiros, conhecidas como covenants e ter de pagar mais para renegociar a d�vida.
Algumas empresas at� j� anteciparam o resgate de deb�ntures esta semana. A Provid�ncia, fabricante de n�o tecidos, fez o movimento exatamente para n�o ver seus covenants descumpridos.
Fibria e Suzano, fabricantes de papel e celulose, s�o dois exemplos de companhias que devem ver suas alavancagens subirem. A rela��o d�vida l�quida/Ebitda da Fibria dever� se aproximar de 4 vezes. J� o indicador na Suzano pode se aproximar de 3,5 vezes n�meros considerados elevados para duas companhias cujas metas s�o manter essa rela��o abaixo de 3,5 vezes. No caso da Fibria, a companhia tem cl�usulas contratuais vinculadas a opera��es de financiamento que determinam que a alavancagem n�o poder� superar 4,25 vezes ao final do terceiro trimestre de 2011 e 4 vezes entre dezembro de 2011 e setembro de 2012. A Suzano n�o divulga as condi��es de cl�usulas semelhantes feitas com as institui��es financeiras.
Benef�cios
Se o impacto da alta do d�lar mostra efeitos negativos na d�vida empresas exportadoras, como as pr�prias Fibria e Suzano, podem se beneficiar com o aumento da receita. O setor de a��car e �lcool mostra bem isso. O impacto da valoriza��o do d�lar � minimizado pelo fato de que as d�vidas em moeda estrangeira s�o vinculadas aos contratos de exporta��o.
“As d�vidas s�o feitas em Adiantamento de Contrato de C�mbio (ACC) ou pr�-pagamentos de exporta��o, o que transforma a exporta��o em um hedge natural, n�o impactando o setor”, explicou Alexandre Figliolino, diretor do Ita� BBA. Na Cosan, por exemplo, a valoriza��o do d�lar deve gerar saldo l�quido positivo de R$ 758 milh�es, segundo a analista do Ita� BBA Giovana Araujo.
L�gica parecida vale para a ind�stria de alimentos e bebida, que tem entre os seus representantes diversas companhias com grande peso nas exporta��es brasileiras. Luiz Fernando Furlan, membro do conselho de administra��o da BRF Brasil Foods, lembra que as exporta��es representam 40% das vendas do grupo. Isso proporciona um hedge natural da ordem de US$ 500 milh�es por m�s.
O risco cambial recai mesmo � sobre empresas que t�m descasamento entre despesas e receitas, por faturarem em reais e se endividarem e terem despesas em moeda estrangeira, como nos setores de saneamento e de avia��o civil. Enquanto o primeiro setor tem como caracter�stica utilizar recursos de organismos multilaterais para financiar os seus projetos de expans�o, o segundo tem parte de seus custos operacionais e financeiros em d�lar.
Gol e TAM ter�o impacto negativo do c�mbio nos resultados do terceiro trimestre, j� que algo entre 50% e 60% dos custos est�o direta ou indiretamente atrelados ao d�lar. O que salva as empresas, segundo analistas ouvidos pela Ag�ncia Estado, � a queda do pre�o internacional do petr�leo e o movimento, j� iniciado, de aumento das passagens. Com isso, a expectativa � de melhora nos resultados no segundo semestre, apesar do c�mbio.
Para a Sabesp, da �rea de saneamento, a alta do d�lar tem impacto relevante, tendo em vista que a estatal recorre aos bancos multilaterais para financiar seus projetos. Hoje, 30% da d�vida s�o denominadas em moeda estrangeira. “ Como o d�lar n�o recuou para o patamar antigo na virada do trimestre, � inevit�vel o impacto da varia��o cambial”, afirma o superintendente de Capta��o de Recursos e Rela��es com Investidores da Sabesp, Mario Sampaio.(Colaboraram Andr� Magnabosco, Eduardo Magossi e Silvana Mautone)