A taxa de c�mbio no Brasil n�o deve se sustentar nos n�veis recentes depois que passar a atual mar� de turbul�ncias internacionais. Essa � a avalia��o interna na �rea econ�mica do governo, que, apesar de considerar desej�vel um real mais desvalorizado, avalia que o Brasil tem muitos elementos que o colocam como um dos destinos favoritos do capital internacional, o que se traduz em tend�ncia de valoriza��o da moeda nacional.
Apesar de achar negativo o movimento s�bito de alta da moeda, como o ocorrido em setembro, o governo considera que o n�vel recentemente alcan�ado � bem melhor do que o que vinha sendo praticado, embora n�o haja um objetivo de se defender um novo piso para o d�lar.
A taxa de c�mbio est� buscando agora um n�vel de ajuste. A volatilidade dever� continuar por causa dos desdobramentos da crise global, que trazem press�o altista ao c�mbio. Mas a avalia��o � de que o governo conseguiu acabar com a tend�ncia baixista, que indicava cota��o do d�lar abaixo de R$ 1,50.
Por enquanto, a incerteza comanda os movimentos do c�mbio, o que n�o autoriza previs�es enf�ticas de flutua��o no curto prazo. Mas, no m�dio prazo, a vis�o do governo � de que “n�o h� crise que dure indefinidamente” e o diferencial de rendimento dos t�tulos brasileiros em compara��o com o mundo, junto com investimentos previstos, deve prevalecer e trazer de volta a tend�ncia de valoriza��o da moeda nacional.
Esse racioc�nio baliza a vis�o de que deve ser mantida a medida que criou o IOF sobre capitais estrangeiros e deu superpoderes ao Conselho Monet�rio Nacional (CMN). Se n�o pretende defender um novo piso para o real, o governo tamb�m n�o quer que a tend�ncia de valoriza��o seja acentuada por movimentos especulativos, que distorcem a taxa e minam a competitividade do produto nacional.
A estrategista de c�mbio do RBS Global Flavia Cattan-Naslausky avalia que, assim que a situa��o na Europa se acalmar, a tend�ncia do real � de se valorizar. Mas ela entende que o arcabou�o de pol�tica cambial institu�do pela equipe econ�mica brasileira neste ano mostrou que, implicitamente, o governo trabalha com uma banda de flutua��o cujo piso est� em torno de R$ 1,60 (quando o Minist�rio da Fazenda come�ou a acionar medidas mais duras para conter a valoriza��o) e o teto na casa de R$ 1,90 (taxa a partir do qual o BC agiu com mais intensidade para evitar uma alta maior do d�lar).
Flavia avalia que o IOF sobre derivativos teve impacto na percep��o dos investidores que operam com o Brasil, mas n�o vai impedir que aqueles com perfil de mais longo prazo voltem a trazer recursos para o Pa�s, de olho no potencial de retorno.