Dia das Crian�as levou fam�lias a buscar alternativas como compartilhar a despesa na loja

A tarde de compras de �ltima hora revelou como as hist�rias de vida movem o consumo. No Dia das Crian�as, houve pai que deixou o filho escolhendo o brinquedo e foi esperar do lado de fora da loja. E a m�e que quase chorou com a filha presenteada por uma boneca modesta e que desabou em l�grimas ao ver o modelo que abria olhos, mexia os bra�os e – a embalagem jurava – fazia at� coc�. Outros casos n�o passaram despercebidos, como a da irm� que entrou na vaquinha para comprar a boneca da ca�ula da fam�lia – e a m�e que levou filhos e sobrinha para pular na cama el�stica, para marcar a data de outra forma que n�o fosse um presente convencional.

O movimento surpreendeu a gerente da RiHappy, do Boulevard Shopping, Juliana Teixeira. “Como as vendas estiveram fracas em setembro, chegamos a duvidar de que em outubro houvesse recupera��o. Mas nos �ltimos dias, elas foram 50% mais altas”, explicou, enquanto ajudava os atendentes a empacotar as caixas com presentes. No �ltimo ano, o com�rcio em Belo Horizonte registrou crescimento de 8,8% na data, o que correspondeu a R$ 2,01 bilh�es, de acordo com a C�mara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH). Agora, a institui��o prev� que as lojas da cidade faturem de R$ 2,07 bilh�es a R$ 2,11 bilh�es, o que representaria, ante o mesmo per�odo de 2010, uma varia��o entre 3% e 5%.

A Associa��o Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) estima, este ano, incremento de 9% nas vendas. Na loja de brinquedos do centro de compras da Zona Leste de BH, o quadro de funcion�rios foi duplicado, com a contrata��o de 18 funcion�rios por tempo determinado, que trabalharam at� ontem, para dar conta do que a gerente define como “segundo Natal”.

Quem deixou para a �ltima hora teve de aprender a se contentar com o que havia sobrado no estoque. Os brinquedos mais badalados, como a Escola de Princesas da Barbie (tipo de casa medieval da boneca cinquentona, que custa R$ 399) e o Beyblade (esp�cie de pe�o turbinado, por R$ 49,90) j� estavam esgotados.

Para quem vive de um or�amento espremido, a alternativa foi vencer esse empecilho ao consumo, sem deixar de satisfazer um gosto das crian�as. Foi o caso da desempregada Gilcleide Borges, que p�s os dois filhos e uma sobrinha para pular no Icejump, uma esp�cie de cama el�stica montada na pra�a central do centro de compras. Cada crian�a pagou R$ 10 por cinco minutos nos ares. “Vale mais a pena que um brinquedo, porque � muito mais divertido”, disse Marcos Gabriel Borges, de 10 anos. E completou: “No come�o, d� um frio na barriga, mas depois � s� alegria”.

Pais prometem ensinar a gastar

Li��es de educa��o financeira n�o faltaram. A discuss�o entre a advogada Helen Bassalo e a filha, J�lia Bassalo, de 8 anos, beirava a filosofia. “Hoje em dia tudo � cole��o, ent�o a crian�a fica com o consumismo estimulado”, dizia a m�e, enquanto a garota contava que este ano ganhou carteira, sand�lia, roupas para boneca, al�m de bichinhos colecion�veis e mais uma boneca, al�m de uma bolsa. Nas contas da crian�a, os presentes somaram mais de R$ 1 mil. Nas da m�e, R$ 300. “N�o pode ser um presente s�, porque todo ano eu ganho um monte. A�, j� acostumei”, dispara a menina, que, deve, agora, passar a ganhar mesada para aprender a controlar melhor os gastos.

Diante da prateleira de Barbies, a garota Vict�ria Souza, de 6 anos, tentava convencer a irm� Ver�nica de que merecia “um present�o”. A irm� mais velha ponderava: “As crian�as hoje querem os brinquedos mais inovadores, ent�o � dif�cil achar uma coisa bacana, que agrade, e que tenha pre�o mais em conta. Mesmo com sua cole��o de mais de 15 Barbies, a garota, que preferia a casa da boneca (10 vezes mais cara) teve de levar mais uma unidade da loira de pl�stico.

Bra�os escorados na prateleira, olhar resignado, a empres�ria Miriam Cerutti aguardava o filhos Daniel e o amigo dele Tiago Henrique, de 10 anos, escolherem, dentre os modelos de arminhas de espuma ou �gua, qual seria o brinquedo da vez. A decis�o teve de ser tomada, enquanto os meninos eram espremidos nos corredores lotados e barulhentos. As arminhas Narf custam entre R$ 119 e R$ 300.