Com a seriedade e formalidade que o tema exige, 12 alunos do curso de economia da Faculdade Ibmec se reuniram nessa sexta-feira para decidir os rumos da pol�tica monet�ria nacional. Munidos de indicadores de desempenho em diversos setores, o colegiado de estudantes simulou o que seria uma reuni�o do Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) digna da vers�o original, que ser� realizada em Bras�lia nos dias 18 e 19.
Ao contr�rio das apostas do mercado e da sinaliza��o dada pelo pr�prio presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, a expectativa do N�cleo de Estudos de Pol�tica Monet�ria (Nepom) do Ibmec � de que a taxa Selic seja mantida em 12%, com poss�vel queda de 0,25 ponto percentual em um cen�rio de pessimismo que ronda a produ��o industrial. “A inten��o � tentar prever o que o BC far� com a taxa de juros. Aqui analisamos a conjuntura como se f�ssemos do Copom”, afirma o coordenador do Nepom, professor e pesquisador Cl�udio Shikida.
H� tr�s anos, alunos de economia de diversos per�odos se re�nem poucos dias antes da divulga��o da nova taxa de juros para apresentarem indicadores e argumenta��es que embasem a decis�o que sair� de Bras�lia. A exposi��o de dados inclui an�lise do cen�rio no setor externo e da perfomance do com�rcio exterior, atividade econ�mica, mercado de trabalho, setor p�blico, cr�dito e infla��o no Brasil e no mundo.
Em sua primeira participa��o, a estudante do terceiro per�odo Caterina D’Ippolito falou sobre a conjuntura internacional, principal argumenta��o utilizada para a reviravolta na pol�tica monet�ria iniciada na �ltima reuni�o – quando a Selic sofreu corte de 0,50 ponto percentual, sendo fixada nos atuais 12%. “Essa discuss�o nos d� uma base muito boa sobre o cen�rio”, pondera depois de evidenciar a escalada preocupante da infla��o na China e na Zona do Euro, onde j� chega a 3% este ano, al�m do poss�vel acirramento da crise nos pa�ses da Europa.
Veterano nas reuni�es, R�mulo Muzzi participa desde agosto de 2009 dos encontros e tamb�m tratou de um tema que est� no cerne das discuss�es: a infla��o. Ele destacou que nos �ltimos 12 meses o �ndice j� acumula varia��o de 7,31% – muito acima do teto da meta, de 6,5%. “Acho que a Selic n�o deveria cair por conta disso”, avalia, mesmo acreditando que o cen�rio � de queda.
Mercado
Entre analistas de mercado, h� um certo consenso de que haver� manuten��o dos cortes, com previs�o mais prov�vel de 0,50 ponto percentual. Mas para Sidnei Moura Nehme, diretor executivo da NGO Corretora de C�mbio, h� espa�o para redu��es ainda mais expressivas. “O PIB est� em franco retrocesso e esta realidade passa agora da simples percep��o para a evid�ncia, e j� h� um sentimento que prognostica o crescimento em 2011 abaixo de 3%”, afirma ao lembrar os dados do �ndice de Atividade Econ�mica do Banco Central (IBC-BR) – esp�cie de pr�via do Produto Interno Bruto (PIB) –, que registrou queda de 0,53% em agosto e de 0,19% em tr�s meses. “N�o se deve descartar que o Copom possa efetuar um corte mais incisivo na taxa Selic, algo entre 0,75 e 1 ponto percentual”, acrescenta.
Infla��o continua a assombrar
Bras�lia – A retra��o da atividade econ�mica detectada pelo Banco Central em julho, julho e agosto – somente neste �ltimo m�s, a pr�via do Produto Interno Bruto (PIB) calculada pela institui��o registrou queda de 0,53% – n�o foi suficiente para derrubar a infla��o. Pelo contr�rio. As proje��es indicam grande possibilidade de o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) fechar o ano acima dos 6,5% definidos como teto da meta referente ao custo de vida.
N�o � toa o Pal�cio do Planalto acendeu o sinal de alerta. Se o primeiro ano de governo da presidente Dilma Rousseff ser� desanimador do ponto de vista econ�mico, para 2012, o quadro n�o ser� muito diferente. H� quem diga que o IPCA ficar� pr�ximo de 6%, combinado a uma taxa de crescimento inferior a 3%. Ou seja, o Brasil pode repetir o pesadelo europeu: expans�o m�nima do PIB com infla��o alta – a chamada estagfla��o.
No Brasil, os indicadores t�m deixado as autoridades e economistas em constante sobressalto. Enquanto a infla��o acumulada at� setembro est� acima de 7%, as vendas do com�rcio varejista ampliado come�aram a dar os primeiros sinais de fraqueza, ao registrar queda de 0,4% em agosto. No mesmo m�s, a ind�stria levou um tombo de 0,2%, com retra��o em 10 das 14 regi�es pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Os segmentos mais afetadas foram os de cal�ados, eletr�nicos, pl�stico e m�veis.